Isso quer dizer, primeiro, ver o máximo de filmes indicados. Pelo menos os nove concorrentes a melhor filme: A Forma da Água, Três Anúncios para um Crime, The Post, Lady Bird, Corra!, O Destino de uma Nação, Me chame pelo seu nome, Dunkirk e Trama Fantasma, este último é a surpresa nesta categoria, já que não tinha sido indicado em nenhuma das  premiações que antecedem ao Oscar.

Surpresas são sempre interessantes, elas chacoalham a rotina. Ainda mais em um ano com favoritos tão marcados: dificilmente Frances McDormand deixará de levar a estatueta de melhor atriz, assim como dificilmente Gary Oldman sairá sem o prêmio de melhor ator.

E o que dizer dos filmes de animação? Algum outro tem chances contra Viva: A vida é uma festa? Aliás, Brasil, melhore: apagar o nome original do filme só porque ele pode ser lido com a tônica na sílaba errada… não era necessário. Somos melhores do que isso!

Entre os filmes e diretores, o favoritismo não é tão óbvio. Existe aquela lógica que diz que obra que não teve diretor entre os indicados dificilmente ganha como melhor filme. Talvez Três Anúncios para um Crime, dirigido por Martin McDonagh, quebre a regra.

 

Esqueceram de mim

Em todo caso, para garantir a emoção, boa parte da repercussão depois do anúncio dos indicados ficou focada nas entrelinhas. Nos “esnobados” pela premiação. Além dos grandes nomes esquecidos, como Steven Spielberg na categoria diretor e Tom Hanks na de ator, ambos por The Post.

Outro ator chamou mais a atenção, por sua ausência: James Franco não foi indicado por Artista do Desastre, mesmo tendo sido o ganhador do Golden Globe – lembrando que nos Globes dois atores ganham, um na categoria comédia e outro em drama. Gary Oldman foi o ganhador por filme dramático. Franco, logo depois de ser premiado nos Globes, começou a ser acusado por assédio.

Não há como ter certeza de que este tenha sido o motivo de sua exclusão no Oscar, já que a janela entre as notícias e o encerramento de votações da Academia era de poucos dias… mas não dá, também, para ser ingênuo nessas horas. Tanto que, quebrando a tradição da cerimônia, o ganhador da mesma categoria, ano passado, nem vai subir ao palco para entregar a estatueta de melhor atriz. Também acusado de assédio, Casey Affleck é a prova da mudança dos ventos: já tinha sido acusado antes do Oscar do ano passado… e mesmo assim foi premiado pela Academia. A pressão é muito maior hoje.

O Fator Netflix

E por falar em pressão… não existe nenhuma força maior do que a realidade. A Academia já pensa em modificar suas regras para permitir que filmes lançados diretamente em streaming possam concorrer a melhor filme. Hoje, uma das exigências é que a obra tenha estreado em uma quantidade mínima de salas de cinema no ano anterior à premiação. Mas, em tempos de Netflix… o cinema pode ser sua telinha doméstica.