Candidato ao Senado pelo PT, ex-desembargador Lédio Rosa avalia cenário político
Ele esteve em Brusque na semana passada, quando conversou com a reportagem
Ele esteve em Brusque na semana passada, quando conversou com a reportagem
O desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC), Lédio Rosa, chegou a ser cotado para disputar a eleição para o governo de Santa Catarina pelo PT. Depois, seu nome aparecia em sondagens para ser vice na chapa encabeçada por Décio Lima. Por fim, acabou por se candidatar ao Senado, formando dupla com Ideli Salvatti.
Ele esteve em Brusque na semana passada, quando conversou com a reportagem sobre o atual momento político estadual e nacional, o papel do Judiciário e as chances do PT na disputa eleitoral.
Sobre o projeto que o PT irá defender nessas eleições, o candidato afirma que o foco será a promoção do bem-estar social em Santa Catarina. “Temos que fortalecer o Estado, nada de Estado mínimo. Fortalecer o Estado no que diz respeito à saúde, no que diz respeito à educação, à segurança e enfim, em tudo aquilo que importa ao bem-estar da população”.
Ele afirma que para fazer isso é preciso ter recursos, e afirma que o governo do estado conseguirá melhorar sua situação financeira se evitar a “evasão de recursos com benefícios de renúncia para determinados tipos de empresários”.
O ex-desembargador considera que o principal problema de Santa Catarina, a ser atacado imediatamente após o início do novo governo, é o que classifica como “o direcionamento das políticas públicas para interesse dos outros que não os interesses do povo catarinense”.
“A população tem uma demanda imensa por saúde, o estado está ausente, a população tem uma demanda forte por educação, o estado está ausente. Estado ausente por que? Porque a administração do estado não é uma administração direcionada a atender aos interesses da população”, discursa.
“E aí as consequências são uma falência do atendimento público e que chegou ao ponto em Santa Catarina de uma falência financeira”.
O candidato ao Senado do PT acredita na possibilidade de vitória do partido na eleição ao governo do estado, e afirma que a liderança nas primeiras pesquisas vem de “falar a verdade”.
“E o que é falar a verdade? Primeiro é demonstrar que nos últimos quatro mandatos em Santa Catarina, feitos pela tríplice aliança, que são partidos que ora fingem que estão separados, mas que são iguais, foi um fracasso em termos de política social”.
Também afirma que a comparação entre governos, a nível nacional, é outro ponto a ser considerado. “Você pode pegar o histórico dos dois mandatos do Lula e o mandato e meio da Dilma e você não vai encontrar uma fila de pessoas atrás de emprego”.
Para Rosa, a falta de alianças do partido com outros da esquerda, tanto na eleição presidencial quanto a do governo do estado não se deu por falta de portas abertas.
“A esquerda, nem toda, mas uma boa parte, tem ideologia prática. E faz ou não faz as suas alianças. Da mesma forma a esquerda mais radical, é uma esquerda que não está aberta ao diálogo. Então é impossível fazer um acordo, uma coligação”.
O candidato a senador considera acertada a decisão do PT nacional de manter a candidatura do ex-presidente Lula, ainda que este não possa fazer campanha, em virtude do cumprimento da pena.
“Você pode ser contra o Lula, pode odiar o Lula, mas você não pode alterar uma verdade que é que grande parte da população brasileira quer o Lula não só candidato, quer o Lula presidente. Isso é um ponto importante, o partido está seguindo esse anseio”, afirma.
“Em segundo lugar, nesta fase eleitoral, qualquer pessoa pode se candidatar. Quando o tribunal analisar, vai analisar todos. Pode indeferir a do Lula, pode indeferir qualquer outro. Se isso ocorrer, para qualquer um deles, nós vamos seguir o que a lei diz que é substituir por um outro nome no prazo legal”.
Rosa foi desembargador no Tribunal de Justiça e, por isso, foi questionado sobre o papel do poder Judiciário na atualidade. Órgãos judiciais, como o Supremo Tribunal Federal (STF), por exemplo, tem sido chamados a decidir questões importantes no país, como o financiamento de campanhas eleitorais.
Para o candidato, isso faz parte de uma ideia, principalmente em países da América Latina, de que é ruim que a política seja feita no parlamento, nas ruas, pelos movimentos sociais. “E querem empurrar as questões políticas para o poder Judiciário”, afirma.
No Brasil, entretanto, ele classifica que está havendo um exagero nesta atuação do poder Judiciário. “E exagero em que sentido? Houve uma parte do Judiciário, do Ministério Público e da polícia, eles assumiram uma posição ideológica partidária em nome, por exemplo, do combate à corrupção, destruir a classe política”, avalia.
“E no Brasil houve uma espécie de avalanche de abuso de autoridade que atropela todo mundo. Então o poder Judiciário está legislando, estão agindo como torturadores, agindo como carcereiros, agindo como violadores de direitos”.