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Candidato Ciro Roza (Podemos) fala sobre propostas para governar Brusque

Confira o resumo da entrevista com o candidato a prefeito da cidade

Idade: 74 anos
Naturalidade: Blumenau
Profissão: Empresário
Grau de instrução: Ensino Médio completo
Número na urna: 19

Ciro Roza (Podemos) já foi três vezes prefeito de Brusque – entre 1989 e 1992 e depois em dois mandatos entre 2001 e 2008, além de ter sido deputado estadual em três legislaturas. Ele ainda disputou a Prefeitura de Brusque em outras duas oportunidades, em 1996 e 2012.

Se preferir, ouça a entrevista no podcast do jornal O Município no player abaixo:

Na entrevista, Roza relembrou feitos de suas últimas administrações e projetou o que pode ser feito em áreas como saúde e educação.

Assista a entrevista na íntegra

Confira os principais trechos da entrevista.

O senhor já foi prefeito de Brusque em três mandatos, ou seja, por 12 anos, e agora volta para mais uma disputa pela prefeitura. O que o senhor acredita que pode acrescentar em mais uma administração?

Quando fui convidado pela primeira vez, nunca tive essa pretensão de concorrer. Sou profissional da área têxtil. Quando cheguei em Brusque, fui gerenciar o laboratório Lafite, comecei a dar assistência às empresas até introduzir a malharia. Começamos a preparar a terceirização, depois a integração, como faz a agroindústria. Tínhamos que qualificar a mão de obra para atrair o capital.

Na época, me envolvi no futebol também. Sempre pessoas me procuravam para participar de um cargo eletivo, mas não queria de jeito nenhum. Mas acabaram me convencendo. Sabia que era muito difícil chegar, já que nunca havia participado de uma eleição ou de um partido, mas sabiam que o que fazia na iniciativa privada poderia ser útil na parte pública. Acabamos conseguindo ser eleitos em 1988.

Eu dizia que iríamos preparar a cidade para a virada do século e fizemos com propriedade. Fiz um levantamento estatístico para saber o que era prioritário, com projeção para 50 anos. Viemos com a política de descentralização, para levar o benefício para onde mora o cidadão, aos bairros.

Durante esses 30 anos, percebi que Brusque teve uma mudança expressiva em todos os sentidos. Volto a ser candidato muito mais bem preparado. Consegui um relacionamento no meio político, que me proporcionaram conhecer essas estruturas. Brusque vive uma outra realidade e precisa de uma atenção especial.

Brusque tem que ter um projeto e cumprir à risca em benefício à coletividade. Na última eleição, me indeferiram quase no último dia. Jamais perderia a última eleição. Meu objetivo era colocar em prática o projeto (por isso não recorri). Estou indo para a eleição numa forma de fiador que fui dos que estão lá. 


O Dr. Jonas, atual prefeito, lhe substituiu após a impugnação da sua candidatura na última eleição. No primeiro ano do mandato você chegou a trabalhar com ele. Por que se afastaram e são adversários nesta eleição?

Nas eleições passadas, coloquei o Dr. Jonas como candidato a prefeito, porque na outra tinha sido meu vice, como forma de gratidão. Poderia colocar qualquer outro que ganharia eleição, mas busquei ele porque aceitou ser meu vice. Ele era candidato a vereador, discutimos o projeto. Ele disse que só aceitaria se garantisse que eu fosse lá para dentro com eles. Eu disse que ficaria disponível como voluntário, mas eles bateram o pé. Falei, se o preço é esse, aceitei. Na campanha, disse que estaria com eles. Se não tivesse falado, claro que não iria. Não queria causar constrangimento.

Meu objetivo era ser o chefe de gabinete, cuidar só disso. Fiquei até meados de fevereiro, mas percebi que a coisa, né… A prefeitura é a casa do povo. Somos empregados do povo. Comecei a sentir que havia toda uma preocupação. “Mas e esse povo todo aí? Eles querem falar com o Ciro”. Era meio constrangedor, mas tudo que fazia conduzia para o prefeito. Hoje, se tivessem colocado o plano em prática, estaria trabalhando para que fossem reeleitos, mas nada se cumpriu.


Você responde a 32 ações na Justiça por improbidade administrativa, danos ao erário, irregularidades em licitações, entre outros, com condenações em primeira e segunda instância. Como você explica esse volume de processos? [Candidato não permitiu que a pergunta fosse feita na íntegra]

Queria perguntar onde que leu isso, que dei dano ao erário. Não tenho nenhuma ação de improbidade, tem negócio de prestação de contas. Me abriram, só na Beira Rio, nove processos. Se não fosse enfrentar, não tínhamos. Quero que provem onde tem essa possibilidade de dano ao erário. Não existe isso.


Na área da saúde, você pretende buscar viabilizar o tratamento de quimioterapia para a cidade. De que forma iria funcionar e quais são as outras prioridades para saúde? 

Se pegar a história, o Hospital Azambuja tinha somente o raio-x. Quando fui prefeito a primeira oportunidade, fizemos convênios para fazer investimentos, trouxemos tomógrafo, hemodiálise, banco de sangue, que não está mais ali. Não tínhamos UTI, a prefeitura através de convênio passou a bancar. O hospital avançou neste sentido. Nós, que moramos aqui, temos que ter acesso. Lá atrás, as cirurgias eletivas tinham que ser procuradas em outras cidades.

Temos que ter (a hemodiálise) à disposição e, para ter isso, basta ter vontade política. Não podemos ficar “ah lei diz isso e aquilo”. Temos que buscar o caminho.


O seu nome está na lista de gestores com contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União, o TCU. Baseado nisso, o Ministério Público pediu que sua candidatura seja impugnada. Caso a Justiça Eleitoral decida assim, você pretende trocar o candidato na sua chapa?

Não, jamais seria candidato se não pudesse ser. Tem um corpo jurídico onde a gente consulta e a resposta é que a lei está comigo. Vejo tanta mentira, bobagem, especialmente de um candidato. Disse no Facebook que meu voto não valeria, que entraria o segundo. A lei de 2015 diz que, se o candidato que ganhar e for impugnado a candidatura ou diplomação, há uma nova eleição. É uma mentira que o segundo colocado assuma. Sou candidato. Espero que consiga em primeira instância, e tem segunda. 


Seu plano de governo prevê todas as crianças em creches e escolas. As últimas administrações não conseguiram atender 100% da demanda. Como viabilizar essa proposta?

Educação é responsabilidade do poder público, desde os professores. Sempre promovemos cursos de férias, onde ele tem ganho real no salário e agrega saber. Quando fui prefeito a primeira vez, nos bairros, só se estudava até o ensino fundamental. Transformei as escolas, nenhum desses aí fizeram, até a oitava série. Criei o colégio de segundo grau no Guarani, e o governo estadual não tinha dinheiro para fazer. Esses que estão aí fecharam.

Nunca olhei se é responsabilidade do estado ou da união, sempre tive ao lado do povo. Quando voltei, em 2000, tinha criança estudando em salas improvisadas em igrejas e centros comunitários. Fizemos um trabalho de uma atenção especial, derrubamos todos os déficits. Mas a cidade cresce e você tem que se adaptar. Essa falta de vagas em creche, é lamentável, não fizeram nenhum investimento nesse sentido.


Outra proposta sua é buscar parcerias com estado e união para a construção de um estádio e um teatro municipal. É possível viabilizar duas obras de custo tão elevado?

O custo você não olha, tem que pensar grande. Se pensar pequeno, vai ser sempre pequeno. Penso grande, na grandeza de fazer bem feito, que serve para sempre. Governar o município é ir atrás do que se faz necessário.

Tínhamos o terreno durante a minha administração, ali era para ter 1,5 mil vagas de garagem, estava cavado, para licitar para iniciativa privada. Na João Bauer, você entrava no segundo piso, as vagas ficavam no subsolo. Onde seria o teatro, era compromisso da iniciativa privada, de construir essa parte, o estaqueamento. Quando aflorasse, cabia ao município. Tínhamos um projeto encaminhado para o Ministério da Cultura, existe recurso para fazer as captações, como existe o esporte. Quem me sucedeu, a primeira coisa que fez foi aterrar o terreno e fazer uma praça. Teria, na parte superior, um teatro, com conservatório de música, biblioteca, sala para artes cênicas. Teria vida diariamente ali dentro e um espaço dos mais importantes. Fiz o projeto do estádio do Brusque lá atrás, o que me sucedeu descaracterizou o terreno.


Ciro Roza responde por 32 ações na Justiça?

Sim, incluindo cinco por danos ao erário – em um deles, Roza foi condenado em 2018 por não honrar um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta com o Ministério Público do Trabalho. Os outros estão em segunda instância, em movimento ou suspenso. Informações podem ser checadas no sistema do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) e da Justiça Federal.

O que acontece se o prefeito for eleito e depois cassado?

A partir da apresentação dos pedidos de registro de candidatura, o TSE publica um edital com todos os nomes e abre um prazo de cinco dias para que o Ministério Público, adversários e cidadão apresentem impugnações. Para analisar os pedidos de impugnação são consideradas várias hipóteses previstas em lei. Se não der tempo de um processo de impugnação ser julgado até as eleições, o nome do candidato pode aparecer na urna.

A decisão da Justiça que importe o indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados. Uma eleição indireta só acontece se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato.


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