Carta do Papa ao Grupo G20
O Papa Francisco escreveu uma carta para o Grupo G20, reunido na cidade do Rio de Janeiro nos dias 18 e 19/11 de 2024. Nela, fala a respeito das injustiças socioeconômicas aos Chefes de Estados e de Governo e Delegações Internacionais. Carta lida, no dia 18/11/24, no Plenário da Assembleia pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin.
Ele leu a mensagem do papa Francisco aos líderes do G20, durante o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Ele representa o Papa Francisco na reunião, nesta cúpula dos Chefes de Estado e de Governo das maiores economias do mundo e Delegações Internacionais.
No início da mensagem, o papa pede que “as discussões e os resultados” da reunião do G20 no Rio de Janeiro “contribuam para o avanço de um mundo melhor e de um futuro próspero para as gerações vindouras”.
“É importante ter em mente que a questão da fome não é apenas uma questão de insuficiência alimentar, mas sim uma consequência de injustiças socioeconômicas mais amplas. A pobreza, em particular, é um fator que contribui de forma significativa para a fome, perpetuando um ciclo de desigualdades econômicas e sociais que são generalizadas na nossa sociedade global. A relação entre a fome e a pobreza é indissociável”, disse Francisco.
O papa também ressaltou que é “evidente que devem ser tomadas medidas imediatas e decisivas para erradicar o flagelo da fome e da pobreza” e “esta ação deve ser empreendida de forma conjunta e colaborativa, com a participação de toda a comunidade internacional”.
“A aplicação de medidas eficazes exige um compromisso concreto dos governos, das organizações internacionais e da sociedade no seu conjunto. A centralidade da dignidade humana, dada por Deus a cada indivíduo, o acesso aos bens básicos e a distribuição justa dos recursos devem ser prioritários em todas as agendas políticas e sociais”, destacou o papa pedindo que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza comece “por implementar a proposta da Santa Sé – já de longa data – que apela à reorientação dos fundos atualmente atribuídos a armas e outras despesas militares para um fundo global destinado a combater a fome e a promover o desenvolvimento nos países mais pobres”.
“Esta abordagem ajudaria a evitar que os cidadãos destes países tivessem de recorrer a soluções violentas ou ilusórias, ou que abandonassem as suas pátrias em busca de uma vida mais digna”, frisou Francisco lembrando que “a Santa Sé continuará a promover a dignidade humana e a dar o seu contributo específico para o bem comum, oferecendo a experiência e o empenho das instituições católicas espalhadas por todo o globo, para que nenhum ser humano deste nosso mundo, enquanto pessoa amada por Deus, seja privado do pão quotidiano”.
“Que Deus Todo-Poderoso abençoe abundantemente as vossas obras e esforços para o verdadeiro progresso de toda a família humana”, finalizou o papa.
O representante do papa, o Cardeal Pietro Parolin, disse à Rede Vida de Televisão que “a Santa Sé, como em todas as conferências e atividades internacionais, tem um papel como voz moral para manter vivos os princípios éticos que deveriam estar na base de todas as relações internacionais”. Ele também ressaltou que a função da Igreja é “defender o homem e sua dignidade e direitos mais básicos” e por isso, “a questão da luta contra a pobreza é a questão da paz, especialmente hoje neste mundo”.