Cia do Amor visita hospitais e entidades de Brusque para levar alegria e esperança

Além do Hospital Azambuja, eles também visitam a Maternidade e Hospital de Brusque , a Casa de Assistência de Brusque, o Lar Menino Deus e o Lar dos Idosos Lions Clube

Cia do Amor visita hospitais e entidades de Brusque para levar alegria e esperança

Além do Hospital Azambuja, eles também visitam a Maternidade e Hospital de Brusque , a Casa de Assistência de Brusque, o Lar Menino Deus e o Lar dos Idosos Lions Clube

Eles não são profissionais, tampouco têm muito tempo livre para se dedicar à arte. Porém, quando chegam nos locais causam um efeito arrasador – impossível não rir com suas palhaçadas e com a peculiaridade de suas brincadeiras, que amolecem até mesmo o mais duro dos corações.

Trajados com roupas de palhaços, cerca de 15 amigos de várias idades, de várias profissões e de vários bairros de Brusque se unem para levar alegria ao próximo. Mesmo antes de adentrar os hospitais, o Cia do Amor chama a atenção dos pacientes que aguardam para serem atendidos.

Mensalmente, desde 2011, o grupo doa o seu tempo para tocar a vida dos semelhantes que, na maioria das vezes, estão passando por momentos de sofrimento e dificuldade. O analista de sistemas Marcos César dos Santos, de 47 anos, juntamente com mais dois amigos, foi o idealizador do Cia do Amor, que surgiu com o objetivo de oferecer alegria às pessoas.

Além do hospital Azambuja, eles também visitam a Maternidade e Hospital de Brusque (HEM), a Casa de Assistência de Brusque (Cagere), o Lar Menino Deus e o Lar dos Idosos Lions Clube.

“Eu já estive no lugar do paciente e sei a importância de receber uma palavra de carinho. Aqui ninguém é profissional, vamos nos locais e deixamos uma mensagem simples”, conta Santos.

Ver a felicidade no rosto dos pacientes é o que motiva a analista de Recursos Humanos (RH), Maristani Ribeiro de Lima, de 34 anos, moradora do bairro São Pedro, a ser uma das palhaças. Há um ano e meio, ela é voluntária no Cia do Amor e diz que sua vida tem sido transformada desde que ingressou no grupo. “Somos capazes de fazer algo pelo outro, basta querer. Eu faço com o maior amor do mundo”, diz.

O amor também foi um dos motivos que levaram a coordenadora de RH e moradora do Thomaz Coelho, Leunice Maria Pfleger, de 38 anos, a entrar no grupo. “O amor que se dá é o mesmo que se recebe”, afirma. Ela conta que mesmo quando bate o cansaço e pensa em arrumar desculpas para não fazer o voluntariado, uma força maior a impulsiona a visitar as entidades. “Me sinto renovada, cheia de energia e de amor”.

A vontade de ajudar o próximo inquietava a diretora escolar Jerusa Olinger, de 32 anos e moradora do Poço Fundo. Ela, que também esteve junto ao grupo desde a fundação, conta que desde o primeiro dia se sente gratificada em poder proporcionar momentos de alegria aos semelhantes. “A gente recebe muito mais do que dá em troca. Levar alegria e sentimentos bons para as pessoas que muitas vezes não têm nada, não têm expectativa na sua vida, seja por doença ou pelo próprio desânimo, me inspira”, diz.

Ping pong do amor

O Cia do Amor é um grupo de voluntariado que compreendeu a frase “somos um e somos corresponsáveis pelos outros”. É dessa forma que o morador do Santa Rita, Douglas Leoni, define o trabalho realizado por ele e pelos amigos. Leoni é arte terapeuta e o único ator entre todos.

Ele conta que o projeto desperta as pessoas a terem atitudes mais humanas e que por meio dele a vida passa a ter outro sentido. “Não ganhamos nada, mas quando saímos de um quarto e o pai de uma criança nos diz que fazia três semanas que o filho não sorria e voltou a rir por causa desta visita, tudo faz sentido. Voltamos para casa com ensinamentos que levaremos para sempre”, ressalta.

Leoni afirma que o palhaço faz um jogo com as pessoas, em que algumas gostam e querem jogar e outras não. Por isso, o ator explica que é preciso ter sensibilidade com cada paciente e com cada situação. Além disso, ser palhaço requer exposição das fragilidades e dos fracassos humanos. “O palhaço é tua fraqueza, é teu ridículo, é preciso aceitar esse medos para fazer o outro rir. Nossa função é levar alegria, somos os doutores da besteirologia”, explica.

O dia que o palhaço chorou

O falecimento de um jovem de 20 anos marcou o voluntariado de Leoni. Durante um ano e meio, ele visitava mensalmente o homem, que ora estava na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ora no quarto e ora na ala de neurologia. Porém, em uma visita específica, Leoni foi até o quarto em que estaria o jovem e não o encontrou. Ao perguntar para a enfermeira o local em que o paciente estava, ela respondeu: “Ele morreu”. Naquele dia, as lágrimas tomaram conta do rosto do palhaço.

“Eu criei uma sintonia com aquela pessoa. Sabia o nome, pensava no que levar para ele quando eu ia ao hospital”, afirma. “Eu não estava acostumado a visitar a morte, nem como palhaço, nem como pessoa. Então eu fui numa varanda que havia próximo do quarto, tirei o meu nariz, e chorei”, completa.

O amor é a cura

A técnica em enfermagem, Marlise Popper, esquece as dores da rotina estressante da sua profissão com a visita do Cia do Amor. Ela conta que o grupo traz alegria para os pacientes e também para a rede médica do Hospital Azambuja. “Eles diminuem a dor e trazem alegria. É um momento em que o pensamento fica leve e o amor toma conta de todos nós”.

Diagnosticada com anemia, a talhadora Denise Rudolfo, de 49 anos, passou alguns dias internada. A alegria dos palhacinhos foi fundamental para a sua recuperação. “Adorei. É muito gratificante receber esse carinho. Deveriam ficar mais tempo”.
Já a doméstica Iolanda Bosio, de 53 anos, voltou a ser criança após receber a vista do Cia do Amor. “É muito legal. Fiquei muito feliz. Realmente quebra a rotina do hospital”, diz.

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