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Ciclista brusquense de alto rendimento terá apoio das Forças Armadas

André Gohr receberá recursos da Aeronáutica e planeja participação nas Olimpíadas 2020

O ciclista brusquense André Gohr deu um passo importante para a consolidação de sua já vitoriosa carreira. Observado pela Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA), ele foi convidado a integrar o projeto das Forças Armadas que dá suporte financeiro a atletas de alto rendimento – a modalidade de ciclismo é de responsabilidade da Força Aérea Brasileira.

Após um treinamento intensivo de três meses em Campo dos Afonsos, bairro do Rio de Janeiro onde é localizada a base da Força Aérea Brasileira, Gohr foi condecorado como terceiro-sargento. Embora o interesse da Aeronáutica com o brusquense seja exclusivamente em seu desempenho como atleta, a preparação foi como a de um recruta comum: ele aprendeu técnicas de resgate, sobrevivência, camuflagem e uso de armas.

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Com esta patente, Gohr está apto a receber o apoio financeiro, representando o Brasil em competições militares. Agora terceiro-sargento, o brusquense precisará se apresentar imediatamente sempre que for convocado, mas não tem a obrigação de manter uma rotina militar. Seus principais compromissos como atleta é encaminhar para o CDA mensalmente uma planilha de rendimento, com suas conquistas, e manter a documentação em dia.

Satisfeito com a nova empreitada, Gohr, atleta de alto rendimento frequentemente convocado para representar o país em competições pela Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), acredita que agora está mais seguro para alcançar objetivos maiores. “Nós que somos atletas de modalidades não muito prestigiadas no Brasil temos sempre o receio de não termos como nos manter nos treinamentos e competições. Mesmo eu que estou em uma equipe de ponta, sempre fico na insegurança no fim do ano se o projeto continuará ou não. Agora tenho a certeza de que o dinheiro estará lá na conta todo mês”.

Embora seja uma missão mais complicada, Gohr não descarta a possibilidade de representar o Brasil nas Olimpíadas de 2020, em Tóquio, no Japão. Até para isso, segundo ele, os recursos da Aeronáutica serão fundamentais. “Eu consigo focar com muito mais segurança neste objetivo. É difícil porque ainda estarei com 24 anos, e no ciclismo se atinge um ápice mais próximo dos 30, mas não é nada impossível”.

O que pode atrapalhar, contudo, é o baixíssimo índice do Brasil no ranking olímpico. Com desempenho ruim nas últimas edições, o país pode contar com apenas uma vaga para o ciclismo de estrada, o que dificultaria muito a entrada de Gohr nas Olimpíadas.

Apoio militar no esporte

Ciclista passou por três semanas intensivas de treinamento militar. Foto: Acervo Pessoal

Em 2016, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, 68% das medalhas conquistadas pelo Brasil foram obtidas por militares como Gohr. O projeto de investir nos atletas de alto rendimento por parte das Forças Armadas começou em 2011 e apenas evoluiu desde então. Os números foram superiores a Londres, em 2012, sendo que a soma chegou a 145 militares integrantes do Time Brasil que alcançaram 13 medalhas.

“As Forças Armadas estão salvando o esporte de rendimento alternativo ao futebol, que é uma modalidade de grande visibilidade. Agora nossa concentração maior, além das nossas competições como civil, é nos Jogos Mundiais Militares, que pode ser considerada a Olimpíada Militar”.

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Em 2019, a edição dos Jogos Mundiais Militares será na China, e Gohr já se prepara para a primeira participação no evento. Sobre a continência que foi batida por muitos dos atletas militares medalhistas durante as Olimpíadas, o atleta explica que não há uma cobrança por isso. “Nas palestras foi esclarecido que não é uma exigência em competições civis bater a continência no pódio, foi uma atitude espontânea em forma de gratidão pelo apoio das Forças Armadas”.

Próximos compromissos
Por enquanto sem competições militares, Gohr disputa pela sua equipe de São José dos Campos o Campeonato Brasileiro de Ciclismo, realizado em Maringá. Neste ano ele já conquistou o título na Volta do Uruguai Sub-23. Em seguida ele corre a Volta Internacional de Guarulhos.

Devido a um escândalo de doping por parte de companheiros de sua equipe, o brusquense acabou sendo prejudicado e sua escalação para representar o Brasil nos campeonatos Pan-Americano e Sul-Americano de ciclismo foi cancelada. Nada menos do que seis casos foram detectados no clube, e com isso a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) emitiu nota explicando porque cancelou a escalação de todos os atletas da Funvic / São José dos Campos.

Isto, contudo, não abalou Gohr, que agora se diz revigorado com o apoio da Aeronáutica. “Estou muito feliz. Era um objetivo da minha carreira nos últimos anos, e depois de uma longa espera tudo deu certo. Espero representar a pátria da melhor forma possível”.