Comerciantes do Águas Claras realizam manifesto contra a criminalidade no bairro
Ação foi feita por meio de banners fixado nas vitrines
Ação foi feita por meio de banners fixado nas vitrines
Preocupados com a segurança do comércio do bairro Águas Claras, os empresários do bairro se reuniram e fixaram baneres com a frase: “Luto contra a violência no comércio. Queremos segurança pública”. O movimento começou há aproximadamente dois meses, quando foi criado um grupo de WhatsApp, com objetivo de manter a comunicação mais rápida entre o comércio. Até o momento, 120 empresários fazem parte do grupo.
O empresário Vander Knihs conta que foram mandados também ofícios para a prefeitura, Câmara de Vereadores, Polícia Militar e Polícia Civil, pedindo apoio. Na semana passada, alguns comerciantes e o presidente da associação de moradores foram até a prefeitura, onde conversaram com o prefeito. Porém, a conversa não agradou os participantes, que saíram ainda mais revoltados.
Há um mês, o comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiro, se reuniu com os comerciantes no bairro, e apresentou as estatísticas de criminalidade e o número do efetivo atual.
“Bem no fim, nada foi acertado, nenhuma solução concreta nos foi apresentada e continuamos nessa insegurança. É difícil trabalhar dessa maneira”, lamenta Knihs, que já teve a loja roubada duas vezes no mesmo dia. Ele ressalta que, quando houve o crime, foi atrás das imagens de câmeras de monitoramento, conseguiu a localização de onde vieram e para onde foram os criminosos e até mesmo para onde levavam as mercadorias para vender. Tudo foi repassado para a polícia, que até o momento não deu um retorno.
“Por isso também criamos o grupo, porque por ali a gente se ajuda, tenta repassar informações para que evitamos esses crimes”, diz. Segundo Knihs, sempre que um comerciante percebe uma atitude suspeita, coloca no grupo, para deixar todos em alerta. Além de avisar quando está circulando notas falsas pelo bairro.
A comerciante Priscila Voitina Giosele afirma que todo dia é uma nova insegurança e que chega para trabalhar já com medo do que o dia reserva. “A gente chega e já vai saber qual foi a loja arrombada na madrugada. Ou já fica atento para saber qual será a assaltada no dia”.
A loja dela foi uma das que aderiu ao manifesto e fixou o banner na vitrine. Para Priscila, essa é uma forma de protestar contra a violência no comércio, especialmente no bairro Águas Claras. E também tentar um apoio das autoridades.
Para a empresária Dirce Jahnel, o trabalho da Polícia Militar não está sendo o suficiente para combater os furtos e roubos no bairro. Ela também já teve a loja arrombada e afirma que as ocorrências na região aumentaram consideravelmente neste último ano. “O nosso luto é por conta disso. Precisamos de mais efetivo policial, precisamos de rondas mais constantes, precisamos de mais atenção”.
Knihs lembra que antigamente os crimes ocorriam com menos frequência e também, somente a noite. Agora não tem horário. “Já vimos pessoas passando com portão de alumínio nas costas, botijão de gás em casa não se pode ter mais, porque some. A gente tem até medo de parar na faixa de pedestre para as pessoas”.
Segundo o empresário, como não receberam nenhuma resposta convincente das autoridades, a intenção é fazer protestos com paralisação do trânsito da rua Augusto Klapoth, pelo menos uma vez por semana, nos horários de pico, para chamar a atenção.
Problema não é somente da Polícia Militar
O comandante da PM, tenente-coronel Moacir Gomes Ribeiro, afirma que este tipo de manifesto não ajuda muito, pois não ecoa nas autoridades. A dica do oficial seria o comércio se juntar às entidades empresariais e políticos para solicitar junto ao comando geral que, com a formatura dos soldados, em dezembro, alguns sejam destinados para Brusque.
“Estive na reunião com os empresários e ainda falei que Águas Claras é um bairro privilegiado, pois é o único da cidade que possui uma viatura 24 horas por dia no local”, diz. O tenente-coronel ressalta que apesar de ter o baixo efetivo, o maior problema está na legislação, que é fraca e bastante branda.
Para ajudar a comunidade, Gomes ainda colocou a Polícia Militar à disposição para que se crie um conselho comunitário no bairro, assim como o programa Vizinhança Solidária. “Estamos tentando buscar parcerias, pois não adianta reclamar do efetivo atual. Os policiais fazem a sua parte e se esforçam para fazer o melhor. Com as críticas, acabam até se desestimulando. A culpa não é de nenhuma entidade, mas sim da legislação”.
Gomes salienta que muitas vezes, a Polícia Militar acaba “enxugando gelo” com as prisões. Pois, muitos dos que prendem são liberados ainda no mesmo dia, por conta das leis e ainda pela falta de estrutura para comportar os delinquentes.