Como analistas de Brusque avaliam o alto percentual de brancos e nulos nas pesquisas
Eles consideram que população está indignada e atribuem culpa ao Judiciário
Eles consideram que população está indignada e atribuem culpa ao Judiciário
Dois a cada dez eleitores declaram que votarão nulo ou em branco nas eleições deste ano. Esse é o resultado que as últimas pesquisas para a presidência apontam. Para analistas de Brusque, os números indicam indignação do eleitorado, junto com o descrédito dos poderes.
As pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas nas últimas semanas mostram percentuais de brancos e nulos na casa dos 20% quando o assunto é a escolha do próximo presidente. Quando o assunto é eleição para senador ou deputado federal e estadual, o percentual permanece alto.
O Município entrou em contato com dois conhecedores do comportamento do eleitor local para saber as suas avaliações sobre esse panorama. Rolf Kaestner, ex-vice-prefeito de Brusque e filiado ao PP, é conhecido por suas análises da conjuntura política.
Para Kaestner, “existe uma desilusão da população em função do noticiário que, nos últimos dois ou três anos, tem mostrado corrupção diariamente”. O sentimento de revolta é aumentado porque, na visão dele, existe um “prende e solta”.
“Tudo isso fez a população ficar indignada, desacreditada, em função do poder Judiciário não aplicar com rigor a lei. De que adianta investigar, condenar e o outro soltar?”, avalia Kaestner.
Ivo Barni, ex-funcionário público, integrante do MDB e reconhecido por suas análises, avalia que o descrédito no Legislativo e no Executivo são grandes, mas também na Justiça.
“Há insegurança jurídica em tudo, a prisão vale para um, para outro não; a condenação vale para um, para outro, não. Há omissão da Justiça em relação às fraudes, aos roubos e à corrupção. Esse conjunto deixa o eleitor desacreditado, porque ele não vê em ninguém a mudança”, diz Barni.
Falta de opções
A escassez de bons candidatos – para todos os cargos – também leva ao grande número de pessoas que pretendem não escolher ninguém, avaliam os dois.
“Agora está na hora de mudarmos o país, entretanto, os nomes apresentados não são os que o povo gostaria. São nomes absolutamente irrelevantes para podermos mudar a situação do país”, comenta Rolf Kaestner.
Barni avalia que, embora haja indignação e um desejo por ares novos, não haverá grandes mudanças na política nacional. “Não há uma perspectiva de mudança do conjunto do sistema. Vai mudar o parlamento em 25% ou 30%, o Executivo vai mudar, mas as composições permanecem as mesmas.”
Os dois analistas consideram que o grande número de partidos – mais de 30 – fazem com que o sistema fique engessado. Não há como um presidente conseguir fazer o que deseja sem ter de negociar com os figurões do Congresso Nacional.