Conta-se que, lá pelos idos de 2016, um grupo de entidades e munícipes interessados na preservação do patrimônio histórico da cidade procurou o Prefeito com o seguinte pleito: que o Município requeresse, junto à massa falida da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux S/A, para que o patrimônio de interesse histórico fosse revertido ao Município como dação em pagamento pelo IPTU atrasado. O Prefeito acatou o pedido do povo e requereu os imóveis pleiteados pela sociedade. O Administrador Judicial se pronunciou, o Ministério Público emitiu seu parecer e o Juiz da Massa Falida fez acontecer.

Lateral fábrica (2)E foi assim que nasceu o Complexo Turístico Berço da Fiação Catarinense, localizado à Avenida 1º de Maio, em Brusque, na Bela e Santa Catarina.

O espaço agora é referência internacional e recebe milhares de visitantes. Jardim maravilhosoNos finais de semana e fins de tarde, é ponto de encontro de amigos e famílias. O capricho e a beleza do lugar chamam a atenção e as construções são história viva. Os teares – alguns ainda operantes, retratam a trajetória econômica de um tempo.

Sob a sombra da árvore centenária que abriga os visitantes, lê-se os seguintes dizeres encravados em pedra no Memorial ao Tecelão:

“ Alguns poloneses de origem alemã, vindos de Lodz, tecelões, pensaram em estabelecer uma pequena indústria de tecelagem em Brusque. Necessitavam, todavia, de uma pessoa que desfrutasse de conceito na pequena comunidade e que fosse homem de capacidade dinâmica, capaz de tomar sobre si a responsabilidade do empreendimento. Interessaram, assim, Carlos Renaux, um moço que, tendo vindo da Alemanha em 1882, havia servido como gerente de uma casa de negócios, depois de haver estado algum tempo em Blumenau, e que conquistara reputação de trabalhador eficiente e honesto.

Renaux, até então não conhecia o ramo de negócio a que iria, depois, dedicar toda a sua existência. Mas tomou a ideia e a desenvolveu. E, em 1892, instalou a primeira fábrica de tecidos em sociedade com Paulo Hoepcke e Augusto Klapoth, que mais tarde se retirariam da firma. Para ampliar a empresa e adquirir máquinas, Renaux tomou dinheiro emprestado de uma firma de Hamburgo e com esse aporte de recursos as indústrias se desenvolveram e marcaram um novo episódio na vida da cidade. Brusque não poderia mais manter-se como célula exclusivamente agrícola. E estaria condenada à decadência se não fosse sua transformação em parque industrial. (Adaptado do livro: Brusque, Subsídios para a História de uma Colônia nos Tempos do Império, 1958. Oswaldo R. Cabral) ”.Casa e fábrica

 

É 2020. Restauração concluída.

fábrica (2)

O Museu da Indústria Têxtil abriga máquinas e equipamentos de empresas centenárias e o imóvel que serviu de cenário para o contido no livro Tragédia e Mistério na Villa Renaux, empresta sua beleza e glamour como um retrato dos casarões e palacetes dos empreendedores pioneiros.

Casa e escadaria

As escadarias e os imensos jardins, renovados, mostram o colorido das flores e o verde da grama mesclados com a “barba de velho” das árvores centenárias. São jardins que, de tão lindos e bem cuidados, se equiparam aos mais belos jardins europeus.

Jardim 2

A história pode ser contemplada e compreendida. O galpão que já foi tecelagem –  e faz frente para a Avenida 1º de Maio – abriga um magnífico centro de eventos multifuncional – onde são promovidos desfiles, feiras e eventos empresariais e culturais.

Desfile (2)

 

O Complexo Turístico Berço da Fiação Catarinense atrai munícipes e turistas, gera emprego e renda, mas, acima de tudo, é motivo de orgulho de um povo que sempre soube lutar – inclusive pela preservação do seu patrimônio!

 

Teares (2)

– Ops…Alguém me chama. Acordo. Então, era apenas um sonho?

https://youtu.be/Rwgvm4gRW88

 

– Talvez seja um sonho. Mas um sonho que se sonha sozinho, é um sonho….um sonho que se sonha junto, é um PROJETO!