Pais antecipam compra de materiais escolares para fugir da correria
Procon sugere pesquisas de preços e reaproveitamento de itens para evitar gastos desnecessários
Procon sugere pesquisas de preços e reaproveitamento de itens para evitar gastos desnecessários
A menos de um mês para o início das aulas na maioria das escolas de Brusque e região, o movimento é grande nas lojas que oferecerem materiais escolares. No entanto, as vendas começaram muito antes: desde dezembro, lojistas ofertam produtos para aproveitar as compras de Natal.
A medida é adotada todos os anos por Letícia Silveira, 37. A moradora do bairro São Luiz tem boa parte dos materiais da filha Júlia, 4, já comprados desde o fim do ano passado. A procura começou logo após o término no último ano letivo. Ela aproveitou as férias para levar a pequena às compras.
Letícia destaca a comodidade do período, quando as lojas estão menos cheias e há mais tempo para estudar os itens. Neste ano, a mochila está fora das pesquisas, já que foi recebida de presente. Mesmo com a redução de um dos itens de maior valor da lista, ela estima que as compras para o início do ano letivo cheguem a R$ 300. Boa parte atribuída à necessidade de livros escolares.
Para controlar os gastos com os itens, mãe e filha mantêm um acordo. Júlia tem liberdade para escolher o caderno de sua preferência, enquanto Letícia aproveita para estudar preços de acessórios. De acordo com ela, com pouca variação de qualidade, é possível buscar alternativas com um custo-benefício melhor em alguns itens.
Antecipação
De acordo com Tânia Bartelt, da livraria Graf, desde agosto já começam as procuras por agendas escolares. O pico de vendas do item, em dezembro, coincide com o início das vendas de materiais escolares.
As listas de escolas particulares são as primeiras a chegarem aos balcões da livraria. Em fevereiro, com a proximidade do início das aulas, é a vez das compras voltadas às escolas públicas.
Para ela, apesar de não ter variação de preços em relação ao início do ano, a procura antecipada em está relacionada às férias dos pais. Pesquisas de preços e busca por mais informações sobre os produtos menos habituais das listas também são comuns no período.
Preços parecidos
Uma boa notícia para os estudantes que ainda precisam comprar os materiais está nos preços. Apesar de não ter havido baixa, alguns dos itens comuns das listas não sofreram reajustes por parte de distribuidores.
Com os preços mais próximos aos praticados em 2017 e negociações com fornecedores, lojistas tentam aproveitar o momento da economia e projetam aumento nas vendas no período. Segundo o comprador Mário Amorim Júnior, da Havan, o ano tem sido positivo para o setor e, portanto, foi possível manter parte dos preços em alguns itens.
A preparação da loja, com a disposição de alguns itens já no fim de dezembro, também colaborou com a maior circulação nas lojas da rede.
A constatação é semelhante a do gerente de Marketing da Milium, Willian Monteiro. Segundo ele, houve uma antecipação nas vendas de materiais escolares, em relação ao ano passado. Um reflexo da antecipação na data de início do ano letivo.
Os preferidos das listas
De acordo com Monteiro, mesmo com o valor mais alto em relação aos não licenciados, muitos consumidores optam por produtos com os personagens preferidos. Para facilitar a identificação do cliente com o produto, ressalta a necessidade de se manter uma diversidade na oferta de itens. “Se não se tem um produto licenciado, se perde um possível cliente.”
Neste ano, personagens de séries em alta, como Masha e o Urso e Patrulha Canina, dividem a popularidade com os clássicos como Barbie e o Homem-Aranha. Outros super-heróis e integrantes de animações de sucesso também têm adesões entre os estudantes.
Vendedor, Edson Batschauer percebe esta preferência nos corredores da Livraria Mosimann. Com o valor agregado maior, destaca, muitos dos produtos acabam sendo encarados como alternativa para o período natalino. Para agradar sobrinhos, filhos, netos ou irmãos, consumidores optam por parcelar as compras, sem abrir mão dos licenciados.
Mesmo com a antecipação de boa parte das compras, ele não descarta um aumento no movimento das lojas mais próximo do início do ano letivo. O motivo, segundo ele, são as necessidades de complemento e o hábito de deixar as compras para os últimos dias.
Diversidade de produtos
A variedade de alternativas de itens e a alta concorrência exige adaptação do setor. Com a chegada de novos produtos a cada ano, como acabamentos em 3D, lojistas precisam oferecer uma diversidade cada vez maior de itens.
Proprietária da Dokassa, Susana Cassaniga apostou na variedade de itens para atrair uma clientela maior. “As pessoas não têm mais um comportamento que se possa planejar o que vai sair mais, estamos apostando mais na diversidade de itens do que em quantidade”.
Para este ano, estima que as vendas do estabelecimento subam cerca de 10%. Aproveitando a antecipação das compras de materiais, o período natalino tem recebido atenção especial dos comerciantes.
Na loja de Susana, desde o fim da primeira quinzena de dezembro já havia procura por itens escolares. Segundo ela, é comum os clientes aproveitarem o período para procurar presentes que tenham utilidade para crianças e as mochilas costumam ser as mais vendidas em dezembro.
Dicas para economizar
Segundo o Procon, a pesquisa de preços é uma das principais ferramentas para evitar gastar mais que o necessário. A possibilidade de pais se reunirem para fazer compras coletivas também é outra ferramenta útil para quem quer barganhar um preço menor na hora de encher as mochilas.
Quem opta por comprar itens com os personagens ou marcas, normalmente paga mais. Uma mochila chega a custar R$ 300 a mais, se comparado com versões sem licenciamentos.
Uma receita já conhecida, porém eficiente, é reaproveitar materiais em bom estado de uso do ano anterior. Com isso, se elimina a necessidade de compra de alguns dos itens da lista e reduz o valor global da compra. Grupos de trocas de livros e apostilas são uma boa alternativa para quem precisa de atualização.
Orientações do Procon
O Procon estadual fez uma lista respondendo as principais dúvidas dos consumidores catarinenses. A publicação especifica que alguns itens não podem ser incluídos na lista de material escolar tanto para rede pública, quanto para escolas privadas e segue como referência a lei federal 12886, de 2013.
De acordo com a legislação, a exigência de itens de uso coletivo, como materiais de escritório ou produtos de limpeza é proibida, por ser de responsabilidade das escolas. Itens como papel ofício, papel higiênico, álcool, flanela, entre outros produtos administrativos, de consumo, de limpeza e higiene pessoal não podem ser exigidos em grandes quantidades. O mesmo vale para fita adesiva, cartolina, estêncil, grampeador e grampos, papel para impressora, talheres e copos descartáveis e esponja para louça.
Para o órgão, as exceções são alguns itens destinados para crianças com idades acima dos dois anos. Neste caso, deve-se respeitar um limite de quantidade. Uma resma de papel ofício ou em formato A4 são consideradas suficientes. Envelopes, na educação pré-escolar, devem ser fornecidos até 10 unidades, enquanto bastões de cola quente, até um saco com 50.
Quando são exigidas colas em geral, são aceitáveis no máximo uma unidade de até um litro e somente a partir do maternal. Na mesma faixa etária, argilas e massinhas de modelar devem ser limitadas a um quilo. Caso seja exigido pendrive, CD ou DVD, é sugerida a entrega de uma unidade, que deve retornar aos pais após o período de uso.