Conselho Tutelar de Brusque registra anualmente centenas de casos de jovens que abandonam a sala de aula
Levantamento mostra que houve 169 casos de evasão ou faltas por longos períodos no primeiro semestre de 2016
Levantamento mostra que houve 169 casos de evasão ou faltas por longos períodos no primeiro semestre de 2016
Um dos principais desafios para a educação no Brasil é conseguir diminuir a evasão escolar, e em Brusque, não é diferente. Levantamento do Conselho Tutelar, a pedido do Observatório Social de Brusque (OSBr), mostra que houve 169 casos de evasão ou faltas por longos períodos apenas no primeiro semestre deste ano.
A pesquisa também mostra que em 2015 o número foi bem maior: 528. Em 2013 e 2014, a estatística permaneceu acima dos 300 casos de evasão e infrequência atendidos pelo Conselho Tutelar.
O diagnóstico mostra que a evasão escolar é um dos principais problemas no município. As situações que chegam ao Conselho Tutelar são mais complexas, pois o primeiro contato com os pais é feito pela escola.
O critério usado pelo sistema educacional para relatar infrequência ou evasão é o seguinte: cinco faltas consecutivas ou sete alternadas no mesmo mês, a escola chama os responsáveis para uma conversa.
Se isso ocorre de novo, vai para o Conselho Tutelar, que adverte por escrito os responsáveis. Se ainda assim não melhorar, a promotora do Ministério Público assume o caso.
Situação comum
Os motivos que levam os menores, principalmente adolescentes, a abandonar a sala de aula são diversos. “Quando é na adolescência, é porque eles não querem mais estudar, temos um número muito grande [de evasões] na adolescência”, afirma a conselheira Neide Dalmolin.
Neide concedeu entrevista ao lado dos conselheiros Nathan Krieger, Arilson Fagundes, Maria Zucco e Norberto Boos para falar sobre o assunto. Segundo eles, existem mais casos, mas não chegam ao seu conhecimento.
“O problema maior é quando é com estudantes com menos de 12 anos, que são crianças, aí o caso precisa ser investigado para ver se tem uma negligência mais séria”, afirma Neide. Entretanto, a maior parte das evasões ocorre a partir do sétimo ano do Ensino Fundamental.
De acordo com o conselheiro Boos, muitos pais de adolescentes nem sabem que os filhos largaram a sala de aula. Quando chamados pelo Conselho, contam que viam eles saírem para a escola todos os dias e se dizem surpresos.
O problema da evasão tem suas causas na estrutura familiar. Os pais devem ser presentes para evitá-lo. “A grande maioria é problema do adolescente, não são os pais que não querem que ele vá para a escola”, afirma Fagundes.
Gered reconhece problema
Sônia Maffezzolli, gerente de Educação da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Brusque, diz que a evasão ocorre mais no primeiro ano do Ensino Médio, conforme pesquisas já realizadas.
Segundo Sônia, a região tem uma cultura muito voltada ao trabalho, por isso muitos adolescentes desistem da escola. “A maioria dos estudantes [que desistem] quer trabalhar, e os pais de outros entendem que o estudo se encerrou no 9º ano”, afirma.
É comum que salas de aula comecem o ano letivo cheias, mas terminem com “poucos gatos pingados”. De acordo com Sônia, os alunos arrumam trabalho durante o ano e não conseguem conciliar estudos e trabalho, por isso largam a escola.
A gerente de Educação ressalta que a pasta sabe disso, entra em contato com os pais sempre que necessário e, inclusive, faz uma campanha para que os adolescentes pensem no futuro e não abandonem os cadernos.
Município
A evasão no Ensino Fundamental – competência do município – é bem menor, no entanto, a Secretaria de Educação também se mantém alerta. “As escolas utilizam o Programa de Combate à Evasão Escolar (Apoia) quando algum aluno deixa de frequentar a instituição. Após a inclusão do aluno no sistema Apoia, os encaminhamentos são feitos pelo Conselho Tutelar e Ministério Público”, informa a pasta em nota.