Consumo de crack se destaca entre atendimentos do Caps AD de Brusque em 2024
Mais de 300 pessoas foram atendidas pela unidade durante o ano
Mais de 300 pessoas foram atendidas pela unidade durante o ano
O Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD) já realizou o atendimento de mais de 300 pessoas e fez quase 10 mil procedimentos em 2024. Segundo dados da unidade, cerca de 50% dos casos atendidos envolvem dependência de bebida alcoólica, e entre as drogas, uma média 30% e 40% dos atendimentos envolvem consumo de crack.
Conforme a coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura de Brusque, Inajá Araújo, o atendimento relacionado ao consumo de bebidas alcoólicas é alto por várias razões. Dentre elas, estão a legalidade e a normalização do uso do álcool na sociedade. Assim, o cenário atual leva a um consumo mais amplo e, muitas vezes, descontrolado.
“O perfil de pessoas que consomem álcool varia, mas frequentemente inclui jovens adultos e pessoas de meia-idade, independentemente do nível socioeconômico e sexo”, aponta.
Entretanto, Inajá ressalta que o crack tem um perfil mais específico de usuários. Geralmente, o uso da droga está associado a contextos de vulnerabilidade social, problemas financeiros e questões de saúde mental. “O uso de crack se destaca pela intensidade e pela rapidez com que gera dependência”, continua.
Muitas vezes, dependentes ou familiares buscam o Caps AD, que é um serviço público de saúde vinculado ao SUS. No local, são atendidas pessoas a partir dos 18 anos que apresentam sofrimento psíquico intenso decorrente do uso de álcool e outras drogas. A unidade oferece programas especializados em desintoxicação, acompanhamento psicológico e suporte social.
De janeiro a setembro, o Caps AD realizou atendimentos individuais (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); atendimentos em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras); atendimentos em oficinas terapêuticas executadas por profissionais de nível superior ou médio; visitas domiciliares; atendimento à família; e atividades comunitárias que enfocam a integração do paciente na comunidade e sua inserção familiar e social.
“Em relação ao atendimento, existem diferenças significativas: os usuários de álcool muitas vezes buscam ajuda em contextos mais ‘aceitáveis’ socialmente, enquanto os usuários de crack podem enfrentar estigmas e barreiras que dificultam o acesso ao tratamento. Além disso, os serviços de saúde muitas vezes estão mais preparados para atender a problemas relacionados ao álcool, enquanto o atendimento para dependentes de crack pode ser mais limitado a serviços de saúde mental, como os Caps”, explica Inajá.
Podem ser encaminhados ao Caps AD casos de pessoas com problemas relacionados ao uso de substâncias que necessitam de tratamento especializado. Contudo, não podem ser encaminhados os casos que não envolvem dependência química ou situações que exigem suporte psicossocial mais amplo, não relacionado ao uso de substâncias.
Inajá ressalta que cada Caps tem uma abordagem específica e recursos distintos. Contudo, todos os serviços atuam de segunda a sexta-feira. “Em Brusque, qualquer pessoa que deseje iniciar tratamento para reduzir o uso de substâncias pode procurar a unidade de saúde mais próxima de sua casa ou o Caps AD. O atendimento é acessível a todos que necessitam de apoio”, destaca.
As famílias que lidam com a dependência de um membro também podem procurar apoio no Caps AD. “O serviço oferece suporte não só ao dependente, mas também aos familiares, ajudando a entender a situação e a encontrar formas de lidar com ela”, continua.
No serviço, as famílias podem receber orientação e informações sobre dependência química, acompanhamento psicológico, grupos de apoio para familiares e encaminhamento para outros serviços, se necessário.
O Caps AD fica na rua Riachuelo, número 45, no Centro de Brusque. O contato de telefone é o 3306-9305.
As drogas mais comuns que levam pessoas ao Caps AD incluem:
– Álcool: cerca de 50% dos atendimentos;
– Crack: em torno de 30% a 40%;
– Cocaína: aproximadamente 10% a 20%;
– Maconha: em torno de 10%;
– Outras substâncias (como benzodiazepínicos e outras drogas): cerca de 10%.
Há também usuários que fazem poliuso, ou seja, consomem várias substâncias ao mesmo tempo.
O atendimento no Caps AD é adaptado às necessidades individuais dos usuários, variando conforme a substância utilizada. No acolhimento inicial, há uma avaliação detalhada do histórico de vida, características psicológicas, biológicas e sociais, além do contexto e da relação com a substância.
O tratamento é individualizado, com planos específicos para cada pessoa. Grupos terapêuticos são oferecidos para promover o apoio mútuo, e o acompanhamento contínuo é essencial para a recuperação e prevenção de recaídas.
Conforme Inajá, o objetivo não é só a desintoxicação, mas também a reintegração social e a promoção da saúde mental.
Segundo Inajá, o Caps AD pode participar do processo de internação, seja ela voluntária, involuntária ou compulsória (por ordem judicial). No entanto, essa decisão geralmente envolve avaliação médica e discussão com a equipe multidisciplinar.
“A internação é considerada em situações de risco à vida ou quando todos os recursos extra-hospitalares se mostram insuficientes, conforme preconiza a Lei 10.216/2001”, reforça Inajá.
Na era da disco music, grupo de amigos abriu a Kaputz Discotheque na década de 70: