João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas: cachorro, mordida e socos

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Conversas Praianas: cachorro, mordida e socos

João José Leal

Na roda de conversas das mulheres do Alvorada do Atlântico, o assunto mais uma vez são os cachorros. Marilda, chapecoense, agora moradora permanente da Dubai brasileira, estava contando a novidade.

— Amigas, não é muito frequente, mas quando estou em casa, nos finais de tarde, levo a minha Poodle para caminhar e fazer as necessidades. Passou das cinco e a minha Shelby fica indócil, agitada, ganindo sem parar até que alguém resolva levá-la. É incrível, parece que ela tem relógio. Ontem, estava passeando com minha “menina” e encontramos um rapaz com outro Poodle.

— Como vocês sabem, a Avenida Atlântica virou uma passarela canina e a gente tem que parar a cada momento para os cães se beijarem e se cheirarem, quando não dá briga, é claro. Perguntei ao moço como era o nome do seu cachorro que parecia um pouco nervoso. Só escutei ele dizer Quindim e não deu mais tempo.

— Pois não é que o Quindim ou Bombom, já não me lembro mais de tão nervosa que fiquei, avançou e mordeu feio a perna de uma mulher que passava com o marido? A coitada levou um susto tão grande que despencou sobre a calçada, o sangue jorrando forte, escorrendo pela perna e formando uma poça enorme. Nervoso, o marido procurou acudir a esposa, dizendo que ela tomava aspirina pra afinar o sangue e corria o risco de sofrer uma grave hemorragia.

— Num minuto, diversas pessoas rodeavam a vítima. Não vi de onde veio e o marido já estava com uma toalha fazendo um tampão para estancar o sangue. Então, colocaram a mulher sentada no chão à espera do Samu, que alguém já havia chamado.

— E o dono do cachorro agressor não fez nada? Perguntou uma das amigas.

— Olha, com o cachorro no colo, ele não sabia aonde se esconder. Só pedia desculpas e repetia quase chorando que o Quindim nunca tinha mordido alguém. Não deu muito tempo para desculpas. Vendo que a esposa estava mais calma, o marido avançou sobre o rapaz, desferindo-lhe tapas e socos.

— Logo formou-se uma confusão danada. Bastou um soco atingir de raspão o Quindim e os presentes passaram a gritar que o cachorro não tinha culpa e que o dono é que deveria ter mais cuidado. Então, foi uma chuva de xingamentos contra o marido furioso pela agressão ao pobre cão. Foi um pandemônio e parecia que os mais exaltados iam partir pra violência. Felizmente, chegou o Samu e os ânimos se acalmaram.

— No meio da confusão, também não sei de onde veio, apareceu um advogado. Não conseguiu falar com o marido, ainda muito nervoso. Então deixou o seu cartão com a mulher ferida, dizendo-lhe que estava à disposição do casal para fazer uma representação criminal e também uma ação por danos materiais e morais.

 

 

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