Da TV para a vida real: conheça as histórias das Marias da Paz de Brusque

Mulheres que começaram a fazer bolos em casa hoje vivem da venda dos seus doces

Da TV para a vida real: conheça as histórias das Marias da Paz de Brusque

Mulheres que começaram a fazer bolos em casa hoje vivem da venda dos seus doces

Diversas mulheres de Brusque têm uma história de vida semelhante à da protagonista Maria da Paz interpretada por Juliana Paes, da novela A Dona do Pedaço, da Rede Globo. A personagem aprendeu a fazer bolos com a avó, e após se mudar para cidade grande, começou a vender bolos na rua para ter dinheiro para sustentar a filha. Com o sucesso de vendas, abriu a própria confeitaria, que cresceu e atraiu diversos clientes. O crescimento foi tão grande que Maria da Paz abriu diversas fábricas de bolo.

Muitas mulheres de Brusque começaram a fazer doces para ter uma renda extra e outras investiram na área após ficarem desempregadas. Hoje, elas fazem o que amam e transformaram essa paixão em fonte de renda.

De confeiteira para professora

A contadora de formação Shayane Sgrott Silveira Zen, 29 anos, cozinha há 20 anos e sempre gostou da gastronomia. Ela chegou a cogitar o vestibular na área, mas optou pela Contabilidade. No entanto, a produção de bolos era uma atividade secundária para amigos e familiares. Em 2017 ela saiu da empresa em que trabalhava. Ela lembra que Ulysses Zen, na época seu noivo, disse que essa era a hora para ela investir no que gostava.

Naquele ano, ela criou a Nanna Bakery, que virou a sua fonte de renda. Aos poucos ela começou a produzir bolos e vender no boca a boca. Mas os primeiros passos de divulgação nas redes sociais foram dados apenas no ano passado. Com isso, ela conseguiu uma cartela de clientes. Shayane decidiu investir na sua profissionalização e fez curso de marketing em confeitaria.

Em 2018, Shayane começou a dar aulas de confeitaria e segue até hoje. A demanda é tão grande que ela diminuiu a carga de produção para se dedicar mais aos alunos.

Shayane hoje é professora de confeitaria e tem agenda cheia até o fim do ano | Foto: Diana Souza/Estúdio UP

Hoje ela é especialista em Cake Design e trabalha com bolos e lembrancinhas na Nanna Bakery. Ela trabalha com aniversários, comunhões e casamentos ou qualquer outro tipo de evento. No próximo ano ela pretende voltar com a pronta-entrega de fatias de bolo, pois enxerga nessas pequenas vendas a oportunidade de fidelizar o cliente que não tem interesse em encomendar um bolo inteiro.

“A confeitaria é o amor da minha vida. Ela trouxe clientes que viraram amigos, me ensinou a ter mais paciência e a cada feedback que eu recebo tenho mais certeza de que estou no caminho certo. Todos os dias eu descubro algo novo, estudo algo diferente e me apaixono mais. Eu realmente acredito que a confeitaria mudou o meu jeito de ser. Hoje, poder ensinar e passar para as pessoas todo esse meu amor é minha grande motivação”, declara.

Em busca de renda extra

Andressa Fonseca Rezende Fernandes dos Santos, 33, mora em Brusque desde 2016. Ela veio para o município a convite de uma empresa em que trabalhava no Rio de Janeiro. No entanto, a situação financeira apertou e em março deste ano ela começou a fazer bolos para gerar uma renda extra.

A grande motivação para iniciar a produção dos doces foi juntar dinheiro para conseguir comprar a casa própria. Pouco tempo depois, Andressa foi demitida da empresa e focou suas atenções apenas na produção dos bolos. Assim surgiu a loja online O Brigadeiro do Cerrado.

Hoje a doceira faz brigadeiro, bolo, bolo no pote, bombom, bolinhos caseirinhos ou bolo da vovó e brownie. Segundo ela, a maioria das encomendas são de amigos.

Com o intuito de juntar dinheiro, Andressa começou a fazer bolos para vender | Foto: Arquivo pessoal

Para dar conta da produção, Andressa realiza pronta-entrega dos doces uma vez por semana e nos demais dias entrega as encomendas que recebe. Toda semana ela posta um cardápio com os doces que produzirá na semana nas redes sociais e as pessoas entram em contato para encomendarem. Uma vez por semana ela entregar os pedidos que recebe pelo Instagram.

Atualmente, Andressa trabalha apenas com a loja de doces, que é sua fonte única de renda. Para ela, o trabalho que tinha apenas o intuito de juntar dinheiro para comprar a casa própria se tornou algo gostoso de fazer. “É satisfatório, porque você vê as pessoas te dando um retorno positivo, elogiando e agradecendo”, explica.

Produção em família

Tatiane de Souza também encontrou nos doces uma oportunidade de renda. Em 2016 ela trabalhava em um estabelecimento da cidade, mas foi demitida. A ideia de começar a produção de bolos veio da tia Detinha. No entanto, para iniciar a empreitada, Tatiane tinha apenas uma forma de bolo no tamanho 30×40 e pouco dinheiro. Aos poucos, ela foi adquirindo materiais e aumentando a produção dos doces.

Além disso, a doceira decidiu investir em cursos que a incentivaram e aperfeiçoaram seus dotes culinários. “Do dia que eu comecei até hoje, eu percebo que melhorei bastante devido aos cursos”, pontua.

O empreendimento deu tão certo que hoje ela e o esposo Adriano Bettinelli trabalham apenas com a produção dos bolos. Segundo ela, o esposo faz os salgados e ela fica com a parte dos doces.

Tatiane sempre faz todos os doces da festa de aniversário da filha | Foto: Clesia Silva Photography

Ela produz bolos, brigadeiros, docinhos, cupcakes, além dos salgados, e trabalha apenas com encomendas. Com isso, ela faz a festa completa, prova disso são as festas de aniversário da filha de 8 anos, Isabella de Souza Bettinelli.

Para Tatiane, trabalhar com a confeitaria é gratificante. “Eu faço o que amo fazer e quando comecei eu nem sabia que amava tanto assim. Gosto muito e amo o meu trabalho”, declara.

Aprendizado e negócio próprio

Na juventude, Cledir Rodrigues de Albuquerque, 52, trabalhou no comércio brusquense com muita dedicação, até o dia que decidiu começar a fabricar bolos para custear o tratamento do pai, que estava doente, e da filha que estava para nascer. Cledir saiu do emprego para cuidar dos dois e iniciou a produção dos doces em casa em 2003. Ela sempre gostou de fazer doces e começou a venda por encomenda.

O marido, Edilson de Albuquerque, a auxiliava na venda dos produtos. Ele trabalhava das 5h às 13h30. Ao chegar em casa do trabalho, almoçava e ia para rua com uma bicicleta para vender os quitutes produzidos por Cledir.

A maioria dos pedidos era para festas no fim de semana. Após dois anos trabalhando em casa, com o dinheiro que tinha guardado e com economias do pai que havia falecido, Cledir decidiu abrir a própria panificadora.

Cledir tinha o sonho de ter a própria panificadora e hoje tem dois estabelecimentos | Foto: Arquivo pessoal

Em janeiro de 2006 surgiu a Panificadora Moriá, em um local simples. No início, ela revendia pães e os bolos que fabricava. Com o passar do tempo, o esposo fez um curso e o estabelecimento passou a produzir seus próprios produtos de panificação. Todos os produtos da padaria são produção própria.

Para divulgar a panificadora, ela começou a entregar kits de café em empresas da cidade. Através disso, o nome da padaria ficou conhecido no município.

“Hoje, a empresa conta com 16 funcionários e além desse crescimento, a Moriá hoje passa por um período de reformulação. Estou concretizando outro sonho meu pois abri uma filial da Moriá”, explica. “Aquele pequeno aprendizado (no comércio) contribuiu muito para o meu sucesso”, finaliza.

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