Depois de 98 anos em Brusque, Casa Zendron fechará as portas
Atual proprietário da loja de calçados afirma que encerrará atividades nos próximos dias e alugará o espaço
Atual proprietário da loja de calçados afirma que encerrará atividades nos próximos dias e alugará o espaço
Próxima de completar 100 anos de história, a Casa Zendron Calçados Ltda encerrará as atividades nos próximos dias. O atual administrador do comércio, Urbano Luis Zendron, de 80 anos, afirma que o fechamento está atrelado à falta de integrantes da família que se dediquem ao ramo.
Fundada em 3 de julho de 1917 pelo pai de Urbano, Antônio Zendron Junior, a Casa Zendron funcionava inicialmente como sapataria para, posteriormente, transformar-se em loja. Em 1º de janeiro de 1957, seu Antônio dividiu os direitos da loja com os cinco filhos: Erico, Eulália, Mário Floriano, Urbano e José Antônio.
22 anos depois, em 2 de abril de 1979, Mário Floriano deixou de fazer parte da sociedade. Depois, em 3 de janeiro de 1988, a Casa Zendron foi desmembrada. Com a saída dos sócios Eulália e José Antônio, foi transformada no comércio Casa Zendron Calçados Ltda.
Durante os 21 anos seguintes, o local foi administrado apenas pelos irmãos Erico e Urbano, porém, em novo desmembramento, Erico saiu da sociedade e deixou a casa aos cuidados de Urbano, que é quem toca o comércio até hoje e foi quem decidiu encerrar as atividades.
“Tenho uma filha, que é arquiteta e se dedica à área, e um filho que tem uma indústria do setor metalúrgico há 11 anos. Então nenhum deles poderia tocar a casa. E como já estou em idade avançada, prefiro deixar tudo em ordem ainda em vida, alugando o espaço”, explica Seu Urbano.
Há pouco mais de três semanas, o proprietário colocou uma placa de aluga-se na fachada da loja. No entanto, há pelo menos cinco meses já se desfaz dos calçados e dos demais produtos com promoções de até 50%.
“Praticamente tem pouca coisa, pode ser que eu fique mais essa semana e a outra com a loja aberta. Quero me desfazer pra não deixar em estoque”, diz. Quanto a alugar o estabelecimento, seu Urbano conta que já surgiram interessados. “Já apareceu muita gente pra alugar, mas todo mundo acha a loja grande [o térreo tem 438 metros quadrados]. Tenho que esperar alguma empresa forte, que tenha condições de ocupar o espaço todo”, completa.
Tradição
Por tratar-se de uma loja quase centenária criada pelo pai, seu Urbano conta que é difícil fechar as portas. Ainda assim, garante que o melhor pra ele é encerrar e “levar a vida mais despreocupada”.
“É uma empresa de tradição na cidade. Eu acho que os brusquenses vão sentir saudades. Temos fregueses tradicionais que compravam há anos aqui. Tem fregueses desde a época que eu comecei a trabalhar que continuam comprando conosco. Eu só tenho a agradecer a eles pelos anos de apoio”, diz.
O proprietário lembra que desde a inauguração até 1993, a loja funcionava ao lado da atual sede – onde hoje funciona a loja Elo Z. Com orgulho dos 98 anos de história, seu Urbano lembra também que o estabelecimento nunca “deveu na praça”.
“Nesses 98 anos nunca tivemos um título protestado, nunca recebemos nenhuma ação trabalhista e sempre pagamos nossos impostos e nossos funcionários em dia. Claro que com as vendas sempre tivemos altos e baixos, mas sempre superamos tudo. Nossas vendas, no geral sempre foram muito boas e conseguiram nos manter”, assegura.