As perdas nos supermercados brasileiros chegaram a 1,95% do faturamento do setor em 2012, o que equivale a aproximadamente R$ 4,74 bilhões. O número foi apresentado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e apontou uma pequena redução, já que em 2011 o percentual de perdas no setor ficou em 1,96%.
A pesquisa foi realizada entre os meses de junho e julho de 2013, com 214 empresas supermercadistas cujo faturamento somado atinge R$ 83,1 bilhões. O levantamento apontou ainda que o setor mais crítico em termos de perda é o de frutas, legumes e verduras, que em 2012 registrou perdas de 4,22%. Os setores de padaria e açougue também apresentaram um índice alto com 2,37% e 2,34%, respectivamente.
Em Brusque os supermercados também sofrem com a perda de alimentos. No Supermercado Bistek, o percentual de perdas gira em torno de 1%. “O nosso percentual de perdas geral é 1%, trabalhamos com esta meta e estamos conseguindo controlar. Hoje (ontem), por exemplo, estamos bem abaixo do nosso percentual diário”, destaca o subgerente, Evandro Bez.
No supermercado, cada setor apresenta o seu próprio registro de perda. “No açougue o nosso percentual é 0,25%, o setor de frios é de 0,50%, frutas, legumes e verduras é 4%, padaria é 5% e mercearia e bebidas fica em 30%”, diz.
Devido a produção própria, a padaria é um dos setores com maior índice de perdas na loja. “Os produtos da padaria são produzidos aqui, não tem como cobrar de terceiros. Outro fator que contribui também é que o pão não tem como ser reaproveitado. Se falta um dia para vencer a validade, precisa ser jogado fora”, explica.
Já no setor de frutas, verduras e legumes e na mercearia, a loja trabalha com o sistema de 100% da quebra paga. “As empresas cobram um pouco mais na hora de fornecer os produtos, mas quando há perdas, somos ressarcidos, isso também contribui para que não afete muito o faturamento”, declara.
Além de trabalhar com 100% da quebra paga, o supermercado compra com base na quantidade vendida no mês anterior. “Temos um sistema que faz esse cálculo e controla em cima dos pedidos feitos no mês passado e nas vendas. Também temos uma equipe de prevenção de perdas que faz uma listagem de todos os produtos que estão dentro da loja e com o prazo de validade próximo e pedem o rebaixe de preço”, destaca Bez.
O gerente comercial do supermercado Archer, Udo Wandrey, destaca que toda a loja já trabalha pensando no percentual de perda. De acordo com ele, toda a rede registra um percentual de 4% de perdas por mês.
Segundo ele, uma das estratégias para tentar reduzir o percentual na rede é manter fornecedores de qualidade. “Trabalhamos com um padrão bom, principalmente em frutas e verduras. Quando se compra bem, consegue vender com facilidade. Também temos parceiros antigos, de confiança, e isso contribui para que o mínimo de perdas seja registrado”, diz.
Descarte
As frutas, legumes e verduras que apodrecem com o tempo são reaproveitados de outras maneiras. “Diariamente temos pessoas que têm criação de animais que vem até o mercado e levam os alimentos que já não podem mais ser consumidos”, destaca Wandrey.
No Bistek, o processo é semelhante. “Temos uma pessoa que tem criação de suínos e que aproveita essas verduras, frutas, legumes e os produtos da padaria”, ressalta Bez.
Já os produtos de mercearia são levados até o centro de distribuição da loja e lá tem o seu encaminhamento. “As perdas do setor de mercearia nós lançamos no sistema, filmamos as caixas e levamos para a central de distribuição para que o fornecedor possa pagar a perda. De lá, não sabemos para onde esses alimentos são levados”, explica.
Vigilância sanitária
A diretora do setor de vigilância e saúde da Vigilância Sanitária de Brusque, Mirella Correa, explica que a responsabilidade de tirar de consumação os produtos que não estão mais em bom estado é dos mercados. “Isso é algo que deve ser feito todos os dias pelos mercados”.
De acordo com ela, os produtos não têm um local específico para serem depositados. “Eles podem depositar em lixo comum mesmo. E de lá, a coleta de lixo pode levá-los até o aterro sanitário”, destaca.
Ela afirma que em Brusque a vigilância trabalha com dois tipos de fiscalização. “Temos a de rotina e a denúncia. A de rotina é realizada por dois funcionários em todos os estabelecimentos a cada dois meses. Já quando recebemos denúncia procuramos ir até o local ainda no mesmo dia”.
Porém, ela destaca que é difícil receber denúncias sobre alimentos fora do prazo nos supermercados de Brusque. “Não há grande procura por denúncias. Geralmente, as pessoas compram e não prestam atenção na validade, quando se dão conta deixam por isso mesmo e não procuram seu direito”.
Para ela, o que gera maiores problemas são os acondicionamentos incorretos dos alimentos. “Muitas perdas acontecem devido a acondicionamento incorreto, temperatura errada, alimentos sem procedência, sem etiqueta e identificação. As nossas maiores apreensões são na parte de frios e também no açougue”.
A diretora orienta os consumidores a sempre se atentarem ao prazo de validade e a embalagem dos produtos. “É importante sempre prestar a atenção e, em caso de problemas, trazer o produto até a vigilância sanitária ou denunciar”.
O telefone para denúncias é 3351-2424 ou 156 na ouvidoria da Prefeitura de Brusque.