Na manhã de segunda-feira, 17 de fevereiro, um detento em liberdade condicional revelou à reportagem do jornal Município Dia a Dia que iniciaria, no mesmo dia, uma greve de fome na Unidade Prisional Avançada (UPA), de Brusque. De acordo com ‘Stuart Little’, como é conhecido, o movimento é pela melhoria das condições de vida dentro da unidade.
Ele diz que os detentos sofrem com a falta de produtos básicos de higiene, reclamam de não ter acesso à saúde e cobram também o acesso à educação e ao trabalho, uma das formas que pode ajudar a reduzir as penas.”São necessidades básicas, porque aquele lugar é desumano. Quando a imprensa vai lá, é tudo mil maravilhas, mas a realidade é completamente diferente”, afirma, ao denunciar o clima de tensão que enfrentam na UPA.
Ele revela que alguns dos agentes prisionais abusam da autoridade e maltratam os detentos. “O agente Neto tem que sair da UPA. Ele bate nos presos, provoca e, quando pedimos um remédio, ele diz que não vai levantar da cadeira dele para isso”, diz. Stuart Little acrescenta que, quando necessitam de um medicamento, precisam escolher o agente, porque dependendo de quem for, eles não recebem o remédio. “Os agentes Adélio e Fernando são rudes com quem precisa, mas pelo menos dão atenção especial para quem precisa”, elogia.
Entre as reivindicações dos detentos, está o direito à saúde e a remissão de pena. “Os detentos têm direito a consulta médica uma vez por mês, mas é um por cela. Como tem a superlotação, demora muito tempo para ter atendimento novamente”, conta. Ele ressalta ainda, que na consulta não é medida nem mesmo a pressão. “Mal olham para nós. Se estamos com dor de cabeça, dão remédio para dor no pé”, conta.
Stuart Little diz que sentem falta de um pronto atendimento médico na própria unidade para casos de emergência. “Aquele preso que disseram para a imprensa que morreu no hospital, já estava há um mês passando mal e ninguém deu bola. Até que no dia em que ele morreu, metemos os pés na porta para eles fazerem alguma coisa. Ele saiu praticamente morto da UPA”, revela.
Ele conta ainda, que a unidade não possui assistência social. “Tem duas funcionárias, a Glauce e Luciane, que fazem a parte jurídica. Uma delas se diz assistente social”, informa o detento.
Um dos pedidos dos detentos também é pela separação dos detentos em regime semiaberto dos fechados. “Estão misturando e isso prejudica os de regime fechado”, afirma.
A reportagem do MDD falou por telefone com o supervisor, Giovane Bleichuvel. Ele garantiu que enquanto esteve na UPA não recebeu nenhuma informação de greve. Por estar em uma audiência em Ituporanga, o supervisor ficou de atender a reportagem novamente nesta terça-feira, 18 de fevereiro.