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João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Dia do Correio Aéreo Nacional e dos namorados

João José Leal

Promotor de Justiça, professor aposentado e membro da Academia Catarinense de Letras - [email protected]

Dia do Correio Aéreo Nacional e dos namorados

João José Leal

Hoje, os jovens estão alvoroçados, excitados até, pelo Dia dos Namorados. Isso, é claro, os apaixonados. Mas, nenhum Romeu ou Julieta ficará à espera de uma carta cheia de róseas promessas e juras de amor eterno enviada pelo amante distante. Na verdade, já não vamos ao Correio para levar cartas nem ficamos mais na porta da casa à espera da figura sempre bem-vinda do simpático carteiro.

E, se não vamos mais ao Correio, também não lembraremos do Correio Aéreo Nacional que hoje completa 93 anos e que tantos bons serviços prestou à nação brasileira. Nas asas dos seus aviões, as malas postais voaram para os mais longínquos rincões do vasto território brasileiro, levando a correspondência endereçada aos amigos, à família e aos homens de negócios. Claro, também as cartas de ansiosos namorados escritas com as tintas de um coração apaixonado e promessas de amor até a morte.

Desde a década de 1920, aviões do Correio Aéreo francês chegavam ao Brasil e Argentina para trazer e levar a mala postal. Seus arrojados e exímios pilotos, entre eles o escritor Saint-Exupery, enfrentavam uma perigosa e incerta travessia do Atlântico para prestar um serviço tão importante. Pois foi pensando no Aeropostale que Eduardo Gomes criou o nosso serviço postal, primeiro com nome de Correio Aéreo Militar e depois com o nome atual.

A gloriosa história do nosso Correio Aéreo começou no dia 12 de outubro de 1931, quando os tenentes Casimiro Monteiro Filho e Nelson Lavenére-Wanderley embarcaram num monomotor biplano da então Aviação Militar para levar, do Rio de Janeiro a São Paulo, a primeira mala postal aérea deste país. Eram somente duas cartas e a viagem durou cinco horas. O vento e a incerteza da rota dificultaram o voo e o vagaroso monomotor biplano só chegou ao destino na noite escura, obrigando os pilotos a fazer um arriscado pouso numa pista de corrida de cavalos. Na volta, com a mudança na rota, a viagem caiu para a metade do tempo.

A partir do voo pioneiro, os pequenos aviões desbravaram os caminhos dos céus da nação brasileira e as malas postais voaram nas asas do CAN para estabelecer uma ponte de comunicação entre brasileiros do litoral e os das mais longínquas e isoladas regiões desse país de dimensão continental. No mesmo ano, os arrojados pilotos militares chegaram ao Centro-Oeste, ao Nordeste e ao Sul do nosso país.

Quatro anos depois, com a linha postal aérea chegando à Amazônia, completava-se a malha do serviço postal para que os brasileiros, enfim, pudessem enviar e receber correspondências de qualquer parte do nosso continental território. Após a Segunda Guerra, as hélices das então maravilhosas aeronaves C-47 engoliram distâncias e cruzaram fronteiras nacionais para garantir a comunicação postal entre os povos de toda a América.

Hoje, não precisarei escrever uma carta para minha eterna namorada, Ana Maria, como fiz há cinquenta anos, quando estudava ainda solteiro, na França. Ao vivo, de corpo presente e sem necessidade de internet, direi simplesmente que meu amor por ela continua o mesmo desde que a conheci.

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