Dia do Enfermeiro: conheça histórias de profissionais de Brusque que fizeram do cuidado uma missão de vida

Muito além de administrar medicamentos, eles estão entre os primeiros a acolher e os últimos a se despedir

Dia do Enfermeiro: conheça histórias de profissionais de Brusque que fizeram do cuidado uma missão de vida

Muito além de administrar medicamentos, eles estão entre os primeiros a acolher e os últimos a se despedir

Nesta segunda-feira, 12, é celebrado o Dia do Enfermeiro — uma data que homenageia profissionais fundamentais no cuidado com a vida. Muito além de administrar medicamentos e monitorar exames, enfermeiros e enfermeiras estão entre os primeiros a acolher e os últimos a se despedir.

Nesta reportagem, quatro profissionais de Brusque, que atuam em diferentes frentes da enfermagem — hospitalar e atenção básica — compartilham suas trajetórias.

Vocação na adolescência

O enfermeiro Messias de Araujo Carvalho, 46 anos, atua no Hospital Imigrantes e é natural do Rio de Janeiro. Segundo ele, a vocação para a enfermagem foi sentida ainda na adolescência, quando o pai dele sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

“Tive um ‘estágio de vida’, um paciente em minha casa. Isso me inspirou, tanto que, no ensino médio, iniciei minha trajetória como técnico de enfermagem”, relembra. Para ele, transformar momentos dolorosos da vida pessoal em uma perspectiva de carreira foi essencial: “quando lembro, parece que foi ontem, e isso me fortalece muito”.

Arquivo pessoal

Sua rotina de trabalho no Hospital Imigrantes é, como ele mesmo descreve, “complexa e gratificante”. Como responsável administrativo do plantão noturno, Messias lida com uma variedade de situações que vão desde o nascimento até o atestado de óbito, o que ele define como “complexo”.

Além disso, destaca a grande responsabilidade que carrega em suas mãos: “tenho em minhas mãos uma responsabilidade muito grande”, diz, referindo-se ao desafio de manter a qualidade da assistência prestada aos pacientes, muitos dos quais estão ali em situações delicadas e com a fragilidade emocional intensificada.

Ao longo de seus 21 anos de carreira, não há como Messias esquecer os momentos marcantes e desafiadores da pandemia de Covid-19. No final do ano de 2019, ele estava no Rio de Janeiro, quando começaram os rumores de um possível surto de uma doença desconhecida. Para ele, a pandemia trouxe grandes mudanças e aprendizagens.

“A experiência de trabalhar diretamente com pacientes vitimados pela doença, sem poder ter contato com sua própria família, foi extenuante e psicologicamente desgastante. A falta de leitos no mundo inteiro… Isso foi assustador”.

Arquivo pessoal

Ele ainda destaca o impacto histórico da pandemia, comparando-a à gripe espanhola de 1918 e afirma: “em grandes guerras/catástrofes há laboratórios para a mudança, especialmente na saúde”.

Para Messias, uma das maiores mudanças na profissão foi o empoderamento da enfermagem, especialmente após a pandemia. Ele afirma que, em todos os segmentos de saúde, houve mudanças significativas, principalmente na assistência à saúde, por conta da Covid-19.

“Na atualidade, a enfermagem mundial delineou seu espaço, em todos os campos, em especial na assistência e no campo científico, como as pesquisas”.

Por fim, ele compartilha o que mais valoriza na profissão e o que gostaria que a sociedade entendesse sobre o trabalho do enfermeiro.

“O empoderamento do enfermeiro na profissão, dentro de uma instituição de saúde, é o que eu mais valorizo. O enfermeiro não se limita a ser apenas o cuidador do paciente, mas também o responsável por toda a assistência, seja ela administrativa ou assistencial, passando pelo gerenciamento do enfermeiro em conjunto com a equipe multidisciplinar”, concluiu.

Enfermagem é o olhar sensível

Para Cleber da Silva Mossini, de 42 anos, a escolha pela enfermagem foi quase um chamado. “Desde criança sentia o desejo de trabalhar na saúde, parecia algo natural”, conta ele, que há 15 anos atua na área e hoje é enfermeiro da Unidade Básica de Saúde (UBS) Paquetá, em Brusque.

Especialista em Saúde da Família e mestre em Ciências da Saúde, Cleber acredita que sua vocação se confirmou já nos primeiros meses de graduação. “Senti que era minha vocação, que desde criança Deus havia me chamado para essa profissão”.

Trabalhando em uma UBS, ele destaca a autonomia e a possibilidade de impacto direto na vida das pessoas como grandes motivadores de sua atuação.

“Buscamos criar uma relação de confiança com nossos pacientes, atendendo com atenção, respeito e base científica. Nosso maior desafio é fazer isso todos os dias como se fosse a primeira vez”.

Arquivo pessoal

Ao longo da carreira, Cleber viveu muitos momentos marcantes, mas o que mais o toca é ver a dedicação e o cuidado genuíno dos colegas. “Profissionais que cuidam com amor e comprometimento, que marcam não só os pacientes, mas também a nós, colegas de equipe”.

Ele também destaca as transformações que a profissão passou nos últimos anos, com avanços tecnológicos, informatização dos prontuários e maior autonomia dos profissionais. No entanto, acredita que a maior tecnologia da enfermagem ainda é “o olhar sensível à necessidade do ser humano”.

Para Cleber, mais do que uma profissão, a enfermagem é a arte de cuidar. E deixa um recado claro à sociedade: “a atuação do enfermeiro repercute diretamente na vida das pessoas. Por isso, é preciso valorizar, reconhecer e respeitar esse trabalho, que está cada vez mais presente no dia a dia da comunidade”.

Arquivo pessoal

Escolha por amor

Para o enfermeiro Glécio da Costa Vasconcelos, de 42 anos, a escolha pela enfermagem foi movida por amor — e por um desejo herdado.

Natural de Aracaju (SE) e atualmente supervisor de Enfermagem no Hospital Municipal Dom Joaquim, ele revela que sua trajetória na profissão começou a pedido da mãe.

“Ela não pôde realizar o sonho de ser enfermeira e queria que eu realizasse por ela. Fui, e hoje estou aqui, realizado também por mim.”

Com uma rotina intensa dentro de um ambiente hospitalar, Glécio encara os desafios diários com equilíbrio e espírito de equipe.

“Apesar dos desafios, me sinto satisfeito. Temos uma boa interação entre os profissionais e trabalhamos com uma equipe multidisciplinar, o que faz toda a diferença”, destaca.

Arquivo pessoal

Mas nem sempre foi fácil. Um dos momentos mais marcantes de sua carreira foi, na verdade, uma perda pessoal dolorosa. “Meu pai precisou de atendimento e foi negligenciado. Ele acabou indo a óbito”, relata. A experiência, embora dura, reforçou em Glécio a importância do cuidado qualificado e atento com cada paciente.

Ao longo dos anos, ele acompanhou de perto as transformações na área. “Houve avanços significativos, como a expansão dos cursos de graduação e pós-graduação, além da chegada da teleconsulta. Hoje temos profissionais cada vez mais qualificados, ocupando cargos de liderança e se destacando nas atividades de saúde”.

Glécio acredita que a enfermagem é uma profissão que exige propósito. E é justamente isso que ele valoriza em sua atuação.

“Trabalhar com valores, contribuir para causas em que acredito e causar um impacto positivo na sociedade é extremamente gratificante. O enfermeiro tem um papel crucial — e a sociedade precisa compreender e reconhecer isso”.

Desejo de cuidar do outro

Com uma trajetória marcada por compromisso, sensibilidade e liderança, Deisy Aparecida Kraus Nienkoetter, de 45 anos, é hoje supervisora noturna de enfermagem no Hospital Azambuja, em Brusque.

Natural de São Bonifácio, ela acumula 27 anos de atuação na instituição — o maior tempo de registro em carteira do hospital. A vocação, segundo ela, sempre esteve ligada ao desejo de cuidar do outro.

“Sempre gostei de estar próxima das pessoas, proporcionar conforto nos momentos difíceis. Acredito que cuidar é uma vocação que exige coragem, empatia, comprometimento e compaixão”, afirma.

Arquivo pessoal

Deisy começou no hospital ainda jovem, como recepcionista. Durante a graduação, passou pela farmácia, e após se formar, atuou por 15 anos na UTI adulto.

Hoje, coordena equipes de todos os setores durante o turno da noite, sendo referência para os colegas e liderando processos como escala de trabalho, avaliação de desempenho, capacitação e acompanhamento da qualidade do serviço prestado.

“Liderar equipes é o maior desafio. As técnicas salvam vidas, mas o que sustenta uma equipe é o emocional”, pontua.

Um dos momentos mais marcantes da sua carreira, segundo ela, foi o enfrentamento da pandemia de COVID-19.

“Vivemos uma fase de muito medo. Lidamos com pacientes, colegas infectados, e depois íamos para casa com o receio de contaminar nossas famílias. Houve perdas, afastamentos e muito sofrimento emocional. Foi preciso manter o equilíbrio e a esperança, mesmo quando tudo parecia desmoronar”.

Para Deisy, as mudanças tecnológicas também foram marcantes ao longo da profissão. “Antes, o acesso à informação era limitado. Hoje, com a internet e a inteligência artificial, tudo mudou: prontuários eletrônicos, protocolos, notificações, treinamentos, indicadores… Tudo isso otimizou o nosso trabalho e melhorou a segurança do paciente”.

Arquivo pessoal

O que ela mais valoriza na profissão é a união da equipe. “Sozinhos, não fazemos nada. Ter uma equipe articulada e comprometida é essencial para a qualidade do cuidado. E o reconhecimento das famílias, que nos agradecem com sinceridade, mostra que estamos no caminho certo”.

Apesar de reconhecer avanços, Deisy reforça que a enfermagem ainda precisa ser mais valorizada. “Precisamos de melhores condições de trabalho, aposentadoria especial, piso salarial digno e jornada reduzida. A enfermagem é a espinha dorsal das instituições de saúde. Sem ela, o sistema não funciona”.


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