Diretor-presidente do Samae de Brusque se pronuncia sobre investigação de denúncias de irregularidades

Ele rebate as acusações dos ex-servidores e lamenta as palavras do procurador-geral do município e de vereadora sobre o tema

Diretor-presidente do Samae de Brusque se pronuncia sobre investigação de denúncias de irregularidades

Ele rebate as acusações dos ex-servidores e lamenta as palavras do procurador-geral do município e de vereadora sobre o tema

Após a reportagem que mostrou detalhes da investigação sobre as denúncias de irregularidades no Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) de Brusque, o diretor-presidente da autarquia, Luciano Camargo se manifestou sobre a situação.

As queixas de ex-servidores são investigadas pela Procuradoria-Geral do Município e Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC). As denúncias englobam acesso a gabarito de prova, tráfico de drogas, desvio de função, compra de licença-prêmio e lavagem de dinheiro para uma pizzaria.

Na reportagem do jornal O Município que detalhou o caso, o procurador-geral do município, Edson Ristow declarou que o Samae não fornece documentos solicitados e que teria impedido dois funcionários de comparecerem ao gabinete para prestar depoimento.

Manifestação de vereadora

Luciano pontua que, devido ao período eleitoral, os ataques se referem “a questão ideológica e política” da autarquia. Ele comenta que está a frente do Samae há um ano e que não é possível resolver os problemas de mais de cinco décadas em tão pouco tempo.

O diretor pontua que ele e os demais servidores do Samae fazem um trabalho sincero e idôneo e que “não é a vereadora Marlina Oliveira (PT), o procurador do município, prefeito, vice-prefeito ou gestão que vão desconstruir todo esse trabalho”.

“Nesse caso começa a criar ciumeira, inveja. Começa a se aproximar do ano eleitoral e se ataca quem tem maior exposição de mídia. Quando os ataques são feitos com verdades, tudo bem. Sou a favor da transparência. Agora ataque que fere a honra, não só do Samae, mas de todos os servidores, como foi feita na Câmara de Vereadores, isso não podemos aceitar”.

Luciano comenta que as afirmações feitas por Marlina na sessão da Câmara não vieram da cabeça dela, mas de outras pessoas. “Ela sabe o que é certo ou errado. Não se constrói uma campanha com mentiras. Quero saber se ela terá a mesma ênfase quando tudo for esclarecido”.

Autonomia do Samae

Luciano comenta sobre a frase do procurador-geral, na qual diz que o Samae está um “chapéu virado do avesso” e que esta é uma “linguagem corrente da nossa terra”. “Deve ter sido na escola em que ele se formou em 1954. Lá se usava esse termo. Hoje é totalmente inadequado, especialmente na posição dele como procurador do município falando de uma autarquia tão importante para o município”.

Ele afirma que o Samae é uma autarquia indireta da prefeitura e tem autonomia financeira, administrativa e jurídica. “Não temos que nos reportar ao procurador do município. Quem deu a capa de super herói para ele foi o ex-prefeito. Se o ex-prefeito não tinha coragem para assumir as suas posições como prefeito e nem como prefeito poderia abrir processo administrativo contra servidor do Samae. Isso mostramos na ação com causas de ganho do Samae, referendadas pela doutora Iolanda (juíza)”.

Luciano rebate o questionamento do procurador. “Se ele está incomodado com a minha posição, ele que se retire”. Luciano ainda afirma que “não está nem aí para ele (procurador)” e garante que continuará defendendo a autonomia do Samae.

Ele questiona onde estava o procurador quando “o Samae passou por uma bagunça interna e os cargos comissionados deitavam e rolavam”. Segundo Luciano, em 2021 foram registradas poucas matérias por falta de água, diferente de 2019 e 2020.

“O que vale para o procurador do município é seguir as orientações do procurador, deixar o Samae largado nas mãos dos cargos comissionados e de um diretor que não tinha pulso nenhum, e deixar o Samae em frangalhos”.

Atrito passado

Luciano diz que a questão entre ele e Edson iniciou quando ele assumiu o Samae e começou a mexer nas questões tarifarias da Recicle. “Ali começou a incomodar ele, quando eu também aumentei as taxas que as empresas funerárias tinham que repassar ao Samae, que não era reajustado há muito tempo, pois ele é amigo pessoal de alguns, pediu para eu não fazer, mas eu fiz”.

Ele recorda que na época perdeu a razão durante uma discussão e inclusive chamou o procurador de paspalho. Depois disso, o diretor diz que foi feito um “arrastão” dentro do Samae, mas que ele só teria encontrado irregularidades de outras gestões. “Só me fez parar o meu serviço para dar explicações, até o momento que eu cansei. Não precisava”.

Luciano diz que respeita o procurador, mas que ele “não tem o mesmo respeito com a autarquia”. Segundo ele, somente o prefeito pode exonerá-lo e “colocar alguém que aceite essas brincadeiras”. O diretor ainda afirma que Edson estaria usando um servidor perto de se aposentar como “manopla”. “Ele não me afeta em nada. Quando escuto as bobagens dele eu começo a rir”.

Cargos comissionados

Luciano afirma que ao assumir a direção da autarquia demitiu algumas pessoas de cargos comissionados e colocou servidores efetivos em todas as áreas. “Quando a Marlina fala que o Samae está loteado por cargos do antigo Democrata e do Jones Bosio, ela só esqueceu uma parte: a outra metade é do vice-prefeito (Gilmar Doerner). Não foi o Jones que colocou o Cleiton Bittelbrunn, e sim o prefeito”.

Ele afirma que todos os cargos têm ensino superior completo ou estão em processo de estudos. O diretor ressalta que as pessoas que ocupavam os cargos comissionados não tinha condições técnicas para compreender o sistema do Samae. “Tu dá teu carro para quem mal aprendeu a dirigir? Não dá”.

Luciano afirma que os servidores efetivos que estão à frente do Samae carregam um fardo pesado, e “um grande fardo é carregar cargos comissionados nas costas que não tinham condição alguma de estar dentro do Samae”, compara. O diretor-presidente pontua que os “cargos comissionados do pastor (vice-prefeito) mal serviram para colocar como telefonista”. A reportagem procurou Gilmar, mas ele não atendeu as ligações até o fechamento desta edição.

“A minha amizade com o Jones Bósio é verdadeira. Nunca ele interferiu dentro do Samae. Os cargos indicados foram entre ele e o prefeito. Eu só pedi para indicar pessoas que têm capacidade de entender o que pedimos, pois os cargos do pastor estavam difíceis”.

Acusações dos servidores

Ele afirma que o ex-servidor Paulo Cézar Moreira Nogueira foi pego dormindo, e diz que Altair Pacheco foi readaptado em outra função pelo Instituto Brusquense de Previdência (Ibprev) como motorista e que não executa mais a função de encanador. “Como eu pago gratificação de função para um cara que não exerce a função dele?”. O diretor diz que Pacheco tem depressão, transtornos mentais e que toma remédios fortes.

Luciano nega as acusações de perseguição. Em relação ao sobreaviso, ele diz que os servidores podem ser chamados, mas que se a pessoa não atende o telefone, deve acionar o segundo da lista.

Ele diz que foi pessoalmente averiguar as denúncias de pessoas dormindo no local de trabalho. Após, foi aberto o processo administrativo, sindicância, afastou os servidores e demitiu os cargos celetistas.

Ele esclarece que o gabarito citado pelo ex-servidor é sobre como montar o hidrômetro, que há vídeos na internet e que a prova é praxe em empresas de saneamento. “Ele ficou em 16º. Eu chamei 26, mas ninguém quer, o salário é baixo, o serviço é nojento, ruim e pesado”. Luciano explica que colocou o servidor para trabalhar nos períodos matutino e vespertino, mas que ele teria arranjado confusão, e ao ser transferido para noite, ele foi pego dormindo.

Drogas no Samae

Sobre as denúncias de tráfico de drogas no Samae, Luciano enfatiza que teve problemas na família por essa questão e que “jamais seria condizente com isso”. O diretor ainda explica que quando o motorista está com o veículo do Samae, ele conseguiria parar o carro em qualquer lugar para adquirir a droga. Ainda ressalta que se for flagrada a venda dentro do Samae, atuará com base no estatuto.

Ele diz que um servidor era usuário e dependente químico e que foi proposto tratamento. O diretor explica que pediu aos motoristas para apresentarem a CNH e que pedirá exame toxicológico aos condutores de caminhão.

“Se no teste apesentar que usou alguma substância química, nós vamos propor o tratamento e ele vai ser afastado da função como motorista. Se não aceitar, vamos para o afastamento sem remuneração, como diz o estatuto”.

O diretor diz que a vereadora foi “deselegante” ao ir à tribuna com essa questão e que poderia ajudar ele a convencer os servidores a sair dessa situação.

Lavagem de dinheiro e corrupção

Sobre a denúncia de lavagem de dinheiro em uma pizzaria, Luciano comenta que faz entregas de bebidas em festas. Ele diz que surgiu uma oportunidade de assumir o aluguel de uma pizzaria que estava falindo. A intenção era deixar o empreendimento para o filho, de 21 anos.

“Quem é o imbecil que abre uma pizzaria para caixa 2 e vai trabalhar até às 2 horas?”. Ele diz que pode apresentar o balancete do local e que teve prejuízos com o negócio.

Quanto as denúncias de corrupção, Luciano explica que os fatos ocorreram entre 2019 e 2020. “Eu não era presidente do Samae, e o Jones Bósio não tinha nenhum cargo de indicação dentro do Samae”.

Ele lamenta as falas da vereadora e diz que ela ofende a instituição e todos os servidores, que são efetivos. “Peço desculpas aos servidores, pois isso só está acontecendo por eu ser o diretor-presidente”.

Luciano apoia a abertura da CPI na Câmara de Vereadores e diz que está disposto a ser afastado do cargo para que apurem dos fatos. “Não vou viver do passado enquanto o Samae precisa construir e trabalhar. Aceitem a CPI”, declara.

Por fim, o diretor-presidente diz que tomará providências na Justiça contra as pessoas que o acusaram, como os ex-servidores e a vereadora.

Colaborou Bruno da Silva


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