Dívida da saúde: governo do estado irá pagar R$ 2,2 milhões aos municípios da região de Brusque
Valor será quitado em 35 parcelas, mas ainda há outros pagamentos pendentes
Valor será quitado em 35 parcelas, mas ainda há outros pagamentos pendentes
O acordo firmado entre o governo do estado e o Ministério Público para pagamento de repasses atrasados na área da saúde renderá aos municípios da região R$ 2,23 milhões a mais no caixa, a serem depositados durante os próximos três anos. Essa é a soma das dívidas que serão pagas com as prefeituras de Brusque, Guabiruba, Botuverá, Nova Trento e São João Batista.
O maior valor acertado para o pagamento, que será realizado em 35 parcelas, a partir de março de 2019, é com Brusque. A dívida do estado com a prefeitura que será paga é de R$ 1,3 milhão. Por mês, o município receberá R$ 37,3 mil.
A menor dívida é com a Prefeitura de Botuverá, que terá recebido, ao final das 35 parcelas, R$ 87,2 mil. Mensalmente, será depositado R$ 2,4 mil.
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Pelo acordo firmado, se o estado não honrar o pagamento, o poder Judiciário poderá sequestrar recursos nas contas do governo para repassar às prefeituras.
Esses recursos referem-se a valores não repassados desde 2015 às prefeituras, para custeio de atenção básica, saúde da família, assistência farmacêutica, odontologia, Caps e assistência básica no sistema prisional.
Nesse período, as prefeituras tiveram que fazer contorcionismo financeiro, alocando recursos de outras áreas para a saúde, como forma de fazer frente à demanda de atendimentos, que só cresce.
Embora tenha sido feito acordo para o pagamento da maioria dos recursos atrasados, não houve consenso e continuará a existir a dívida do estado relativa às consultas e exames de média e alta complexidade.
O estado não pagou um centavo desse valor entre janeiro de 2015 a março de 2018. O valor mensal que deveria ter sido pago a todos os municípios catarinenses nesse período foi de R$ 1.914.985,80.
Segundo as prefeituras, esses recursos custeiam a compra de exames como ressonâncias, raio-x, exames de laboratório e consultas especializadas, vitais na detecção precoce do câncer, por exemplo.
Com as cinco prefeituras da região, a dívida remanescente relativa à média e alta complexidade é quase tão grande quanto a dívida cujo pagamento foi acertado. Enquanto serão pagos R$ 2,23 milhões parceladamente, ainda restará uma soma de R$ 2,03 milhões pendente.
O Conselho das Secretarias Municipais de Saúde de Santa Catarina (Cosems) divulgou nota na qual afirma que desde 2015 se busca uma resolução para o atraso de repasses. Inúmeras ações foram ajuizadas contra o estado, que sempre alegou não ter dinheiro para pagar.
Em geral, gestores da saúde das prefeituras consideram o acordo uma boa saída para a crise da dívida. Eles estavam já sem esperança de receber um único centavo dos repasses atrasados e, por isso, acreditam que a promessa de parcelamento é uma luz no fim do túnel.
Humberto Fornari, secretário de Saúde de Brusque, afirma que o governo do estado estava protelando de todas as formas a realização do pagamento, e que não reconhecia os valores devidos. Para ele, o acordo faz justiça aos municípios, embora o pagamento não tenha grande impacto financeiro.
“É um volume financeiro parcelado, vai ser mandado de maneira bastante diluída, mas é um dinheiro que é do município, não é do estado”, afirma o secretário.
“Não vai impactar de maneira real do ponto de vista orçamentário, mas nos faz mais contentes, em função de que a gente está conseguindo visualizar uma justiça, morosa, mas de maneira competente”, conclui.
Para a secretária de Saúde de Botuverá, Márcia Cansian, o acordo é motivo de comemoração. Segundo ela, o estado mantém esses repasses atrasados por meses, e não havia nenhuma perspectiva de que o pagamento fosse realizado, nem à vista nem parcelado.
Com o acordo, se cumprido rigorosamente, Márcia diz que há uma garantia para o município de que os valores devidos serão pagos, e um incremento mensal no caixa da Secretaria de Saúde.
Em que pese haver comemoração com a entrada dos recursos nas contas – antes não havia perspectiva de pagamento -, o acordo é visto como uma espécie de compensação tardia por uma gestão mal feita do governo do estado durante todo o mandato.
“O coerente seria o estado ter cumprido com seus compromissos e repassado em dia os recursos aos municípios e não ser necessário uma intervenção judicial para parcelar a dívida e, pior, para o próximo governo pagar”, afirma a secretária de Saúde de Guabiruba, Patrícia Heidercheidt.
Ela explica que o atual governo estadual não honrou o repasse de recursos para a saúde, e por isso o município teve que se virar com seus próprios recursos, que já são escassos.
“Esperamos que o novo governo possa cumprir com esse pacto e olhar para os municípios com a atenção necessária”, diz a secretária.