Durante décadas, a economia de Brusque girou em torno de três grandes indústrias: a Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, a Cia Industrial Schlösser e a Buettner S/A Indústria e Comércio, todas do setor têxtil.
Foram essas indústrias, inclusive, que ajudaram a transformar Brusque em um dos principais polos têxteis do Brasil. Até hoje, o setor é o que mais gera empregos na cidade. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, mostram que até o mês de maio, o setor têxtil e de confecção abriu 3,8 mil postos de trabalho em Brusque. O número corresponde a 65,3% dos empregos gerados pela indústria na cidade neste ano.
Mas apesar da grande representatividade do têxtil, que faz parte da história da cidade, ao longo dos anos, a economia de Brusque começou o processo de diversificação de seu polo industrial.
Atualmente, 4.002 indústrias estão registradas no município, que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem uma população estimada em 140.597 habitantes. Ou seja, são 28,4 indústrias a cada mil habitantes.
Além do têxtil, Brusque também tem representatividade na metalmecânica, no setor químico, plástico e alimentício, com grandes indústrias em cada um dos setores.
Somos uma cidade construída em cima das indústrias, principalmente com a referência das três grandes: Renaux, Buettner e Schlösser.
“Somos uma cidade construída em cima das indústrias, principalmente com a referência das três grandes: Renaux, Buettner e Schlösser. Mas o mais interessante é que essas três quebraram e a cidade absorveu isso. Mesmo antes da falência das centenárias, outras empresas, de outros segmentos, foram surgindo e hoje temos uma indústria bem diversificada”, observa o diretor-geral da Secretaria da Fazenda de Brusque, Guilherme Ouriques.
E foi essa diversificação, construída ao longo dos anos, que contribuiu para que Brusque mantivesse os bons índices econômicos, mesmo durante o período mais crítico da pandemia da Covid-19.
“A pandemia, claro, afetou algumas áreas, mas no geral, passamos muito bem. A cidade cresceu. Arrecadamos mais, novas empresas surgiram na cidade. Acredito que a diversidade de setores que temos aqui foi um fator fundamental para segurar a economia durante o momento mais difícil”, ressalta.
O prefeito Ari Vequi também vê a diversidade econômica como fundamental para o crescimento da cidade, principalmente na pandemia.
Por anos, ficamos na dependência de três grandes indústrias e, com a queda, sentimos na pele o problema disso
“Essa diversificação é muito importante para manter a qualidade do serviço e geração de empregos. Por anos, ficamos na dependência de três grandes indústrias e, com a queda, sentimos na pele o problema disso. Com a diversificação, quando um setor está mal, outros superam e conseguem manter e a cidade não sente tanto”.
Para Vequi, a própria diversificação dentro do segmento têxtil é um exemplo. “Tínhamos apenas a indústria têxtil de fio. Com o passar dos anos entrou a malharia, depois a tinturaria e foi criando novas opções, absorvendo a mão de obra. Fora a entrada de outros setores como a mecânica, o plástico, a química”.
Crescimento impulsionado pelas indústrias
Levantamento realizado pela Secretaria da Fazenda de Brusque, a pedido de O Município, mostra que quase metade do movimento econômico na cidade vem das indústrias. E os valores crescem a cada ano. Em 2019, o valor adicionado (riqueza gerada) pela cidade foi de R$ 4,25 bilhões. Naquele ano, só a indústria foi responsável por R$ 1,89 bilhão.
Em 2020, já sob os efeitos da pandemia, o valor adicionado de Brusque subiu para R$ 4,6 bilhões e as indústrias da cidade foram responsáveis por R$ 2 bilhões deste total.
No ano seguinte, ainda em pandemia, o município fechou com R$ 5,4 bilhões em riqueza gerada, sendo R$ 2,3 bilhões provenientes do movimento econômico do setor industrial.
Entre os setores, a maior representação vem da indústria têxtil e de confecção. De acordo com a Secretaria da Fazenda, a fabricação de produtos têxteis gerou uma receita de R$ 1,2 bilhão para a cidade no ano passado. Já na indústria da confecção a receita foi de R$ 632 milhões em 2021.
Outro segmento bastante representativo na indústria brusquense é o da metalmecânica. No ano passado, o setor gerou uma receita de R$ 226 milhões para o município.
O setor alimentício foi o quarto com maior arrecadação dentro da indústria de Brusque, com uma receita de R$ 70,4 milhões em 2021. Logo depois vem o setor de borracha e plástico, com receita de R$ 60,3 milhões; o setor de celulose e fabricação de papel, com uma receita de R$ 42,7 milhões e o de produtos químicos, com R$ 32,2 milhões no ano passado.
Brusque e região são um retrato do que é o estado de Santa Catarina
Além desses, a cidade também tem arrecadação, em menor escala, mas igualmente importante, na fabricação de bebidas (R$ 5,4 mi); fabricação de artigos de couro (R$ 9,3 mi); impressão e reprodução de gravações (R$ 2,3 mi) e fabricação de equipamentos de informática (R$ 4,4 mi).
A presidente da Associação Empresarial de Brusque (Acibr), Rita Cassia Conti, observa que a diversificação da indústria faz com que a economia da cidade consiga manter índices positivos, mesmo com as adversidades nacionais e mundiais.
“Brusque e região são um retrato do que é o estado de Santa Catarina. Temos o setor têxtil e de confecção fortes, além da metalmecânica, plástico e embalagens. Muitas das empresas daqui são referência nacional. Com certeza, essa diversidade fez e faz a diferença”.
Investimento em novos setores
Para o prefeito de Brusque, essa diversificação não pode parar. Ele afirma que o planejamento da gestão é dar condições para que indústrias ligadas à tecnologia se instalem no município nos próximos anos, com o objetivo de que a cidade tenha representatividade em mais um segmento.
Em outubro do ano passado, a Câmara de Vereadores de Brusque aprovou a Lei da Inovação, que estabelece medidas de incentivo às atividades de inovação realizadas pelas organizações e cidadãos estabelecidos em Brusque e visa promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental.
“Com esta lei, queremos atrair a indústria da tecnologia para Brusque. Este é um mercado promissor, que muitas cidades de Santa Catarina já estão investindo. Queremos finalizar ainda este ano o Centro de Inovação do governo do estado para que possamos dar início a esse novo mercado em nossa cidade”.
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