A história da humanidade aponta que ao redor de 8000 anos atrás, durante o período neolítico e o aumento das populações de agricultores, as pessoas começaram a viver mais próximas umas das outras e acompanhadas dos animais domesticados. 

O maior perigo contra a saúde se originava na forma que esses povos armazenavam os grãos e os laticínios. Evidentemente não se tinha a mínima noção de higiene e esses depósitos eram infestados de ratos e dos insetos que os habitavam como pulgas e piolhos.  

Sendo assim bactérias e vírus proliferavam com facilidade infectando os humanos com facilidade. 

Quando as populações ficaram maiores a transmissão desses microrganismos entre as pessoas também foi aumentando. 

Os humanos foram adquirindo domínio sobre plantas e animais e ao mesmo tempo apareceram as doenças infecciosas que nunca mais nos abandonariam. 

Muitas dessas doenças são provocadas por vírus como o da recente pandemia, o sars-cov2 da família coronaviridae ou ainda como o da atual epidemia, o vírus da dengue da família flaviviridae.  

Existem ao menos 122 famílias diferentes de vírus, cada uma dessas famílias compostas por vários gêneros de vírus.  

Até 2017 se conheciam mais de 4400 espécies de vírus de animais e plantas distribuídos em 122 famílias e 735 gêneros.  

Se estima que na natureza existam mais de meio milhão de espécies de vírus, muitos deles certamente poderiam ser letais para os humanos. 

A palavra vírus deriva do latim e significa veneno ou toxina. 

Os vírus são os menores agentes infecciosos conhecidos, sua estrutura simples contém um genoma com um tipo de ácido nucleico (RNA ou DNA) rodeado por um envelope proteico que pode conter lipídios. 

Os vírus se replicam apenas dentro de células vivas e sobrevivem por pouco tempo fora das células. 

A recente pandemia pode ter ajudado para que a população adquirisse uma série de conhecimentos sobre os vírus de transmissão respiratória e formas de diminuir o risco de se contaminar. 

Ao mesmo tempo chama a atenção o fato de que rapidamente abandonamos o costume de higienizar as mãos, não usamos máscaras em ambientes públicos mesmo quando estamos com sintomas gripais embora a covid-19 continua provocando ao redor de 200 mortes por mês no Brasil. 

Os microrganismos como vírus, bactérias tem uma grande facilidade para realizar mutações genéticas que os tornem mais resistentes e facilitem sua replicação, a única forma de enfrentar estes seres microscópicos é adotando estratégias preventivas como a eliminação dos focos de proliferação do mosquito Aedes Aegypti no caso da Dengue ou a vacinação e medidas de isolamento no caso dos vírus respiratórios. 

Ainda não sabemos como surgiram os vírus, existem duas hipóteses principais. 

A primeira delas diz que os vírus derivam do DNA ou RNA de células hospedeiras que adquiriram a capacidade de replicação autónoma e evoluíram de forma independente. 

A segunda hipótese diz que os vírus seriam formas degeneradas de parasitas intracelulares. 

A grande maioria dos vírus é destruída por aquecimento a 70 graus centígrados por 30 minutos. Tanto a luz ultravioleta como os raios X inativam os vírus. 

A grande maioria das epidemias e pandemias que surgiram nas últimas décadas foram causadas por vírus, podemos citar a pandemia de AIDS, as epidemias de ebola, da síndrome respiratória do oriente médio (MERS), da síndrome respiratória aguda grave (SARS), do Zika vírus, da Covid-19 e recentemente da Dengue. 

Como se fosse pouco o aparecimento espontâneo de doenças virais a humanidade ainda tem que lidar com as tentativas de uso de vírus como armas de terrorismo, os vírus podem ser modificados geneticamente para aumentar sua virulência ou para torna-los resistentes a fármacos ou vacinas. 

O desenvolvimento de armas biológicas usando vírus, bactérias ou seus produtos alcançou seu ápice durante a chamada guerra fria e embora atualmente sejam proibidas por organismos internacionais é provável que ainda existam estoques de microrganismos letais em laboratórios criados para esse fim. 

Essa história é muito bem relatada no livro “Germes” dos jornalistas Judith Miller, Stephen Engelberg e William Broad , publicado originalmente em 2002. 

A melhor arma para evitar a proliferação de doenças virais que podem provocar sequelas severas e até a morte é a vacinação.  

Doenças como varíola, poliomielite, sarampo, caxumba, tosse comprida, tem sido controladas com campanhas de vacinação bem estruturadas na maioria dos países. 

Nada justifica os ataques às vacinas que surgiram durante a recente pandemia, a própria pandemia de Covid-19 foi controlada pelo uso extensivo da vacinação na grande maioria dos países. 

O calcanhar de Aquiles do combate aos vírus é a insuficiência de agentes antivirais para a grande maioria dos vírus. 

Atualmente existem compostos antivirais para pouco vírus como os da hepatites, da imunodeficiência humana, herpes simples, varicela-zoster, influenza A e B, citomegalovírus. 

Enfrentar um caso grave de infecção viral é altamente frustrante para os médicos justamente porque na ausência de um medicamento antiviral específico o único recurso disponível são as medidas de suporte vital e de tratamento sintomático. 

Guardo na lembrança o caso de uma jovem de 14 anos admitida na terapia intensiva com diagnóstico de encefalite por herpes há 40 anos atrás quando ainda não se dispunha de nenhum fármaco antiviral.  

Seis horas após o início dos sintomas a paciente entrou em coma e um dia após estava em morte encefálica. Não houve forma de salvar sua vida. 

Graças ao avanço da ciência, atualmente a grande maioria dos casos de encefalite por herpes sobrevive sem sequelas desde que seja feito o diagnóstico precocemente. 

Nessa luta permanente contra os organismos microscópicos todo cuidado é pouco.  

Apesar do aprendizado que tivemos com a recente pandemia durante os aniversários continuamos com o costume de soprar as velas e repartir uma fatia de bolo uma parte da nossa flora bacteriana aos convidados. Dizem os especialistas que somos a espécie mais inteligente do planeta terra!