Editorial: Brusque, futuro e SAF
O Brusque Futebol Clube começa 2025 no que deve ser sua maior turbulência administrativa e financeira desde o período 2011-2013, que engloba as transições entre as presidências de Danilo Rezini e Mauricy Pereira de Souza e vice-versa. As causas da incerteza atual são claras: o bate-volta entre as Séries C e B do Campeonato Brasileiro; a saída do grupo de Rezini ao final do ano, quando acaba o mandato; e o que será do quadricolor após esta era: provavelmente, uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
Dizer que a diretoria do Brusque chegou ao seu limite e não consegue trazer mais evolução e estabilidade ao clube não é exagero. Isto já foi afirmado repetidamente pelo trio de frente, formado por Danilo Rezini, Carlos Beuting e André Rezini. O futuro vislumbrado por eles, para manter o Brusque vivo, é a SAF.
Após a ascensão meteórica da Série D de 2019 ao título catarinense de 2022, o Brusque parou de crescer e, de certa forma, regrediu alguns passos. O rebaixamento de 2022 foi seguido com uma saída inesperada da principal patrocinadora. O clube nunca conseguiu se recuperar totalmente deste baque, e 2023 foi um ano bastante complicado financeiramente. Ainda assim, subiu de volta à Série B jogando mais uma final nacional. Mas problemas como salários atrasados, após muito tempo, voltaram a aparecer.
O acesso foi visto pela diretoria como fundamental para a sobrevivência do clube. Mas o orçamento era reduzido, as sequelas financeiras de 2023 continuavam. Sem estádio em 2024 e com erros em sequência no mercado e na formação de elenco, o clube novamente caiu para a Série C. Com problemas ainda mais complicados do que no rebaixamento de dois anos antes.
Começa, então, a lenta transição para SAF. O Brusque não tem muito a vender em patrimônio físico. Não há praticamente nada de muito relevante neste aspecto de bens e apelo nacional no Brusque, quando olhamos o nível de Séries B e C. Mas o Brusque ainda é um clube entre os 40 primeiros no ranking da CBF, que chegou em quatro das últimas cinco finais do Catarinense, que transita entre a segunda e a terceira divisão do país.
Se um empresário quiser criar um clube do zero e formar o status e o peso imaterial que o Brusque tem hoje, passará alguns anos tentando. No quadricolor, esta parte vem, de certa forma, pronta. Mas a perspectiva de ter CT e estádio próprios, que foi nada menos que ilusões vazias até aqui, tem que passar pelo negócio que envolva a SAF.
O empresário Rubens Takano Parreira, citado pela diretoria como único interessado até o momento, é proprietário do AVS SAD, clube que conquistou o acesso à primeira divisão portuguesa na última temporada. Já tentou adquirir outros clubes brasileiros, como o São Bento-SP. Agora, deve tentar o Brusque. Mas não há nada fechado, nada definido. As reuniões de 30 de janeiro vão trazer as primeiras conclusões.
Formar uma transição segura e com perspectivas de futuro é a última missão de Danilo Rezini & cia. Pouco adiantaria protagonizar tamanho crescimento, com tantas conquistas, apenas para entregar o clube em condições financeiras e administrativas comprometidas, ou parecida com as que que assumiram pela primeira vez, em 2008. Ninguém conquista o que o Brusque conquistou sem ter muito mais acertos do que erros, e chegou a hora de formar uma sucessão que mantenha o quadricolor no patamar em que se encontra, vislumbrando voos mais altos.
Se a SAF será ou não a solução para o futuro do Brusque, o tempo dirá. Mas, com a crise e com a diretoria deixando o clube em 2025, tem potencial para, no mínimo, ser uma sobrevida.