Editorial: Escola da vergonha
Nesta semana, o jornal O Município noticiou novamente a falta de reforma na escola estadual João Boos, de Guabiruba. Desta vez, a informação é de que o processo licitatório, cuja abertura dos envelopes ocorreu em abril, ainda está parado, em virtude de contestação de empresa participante.
Não é a primeira vez que noticiamos fatos desse tipo relacionados à escola, e provavelmente não será a última. Há mais de 10 anos a comunidade escolar espera por uma atitude do governo do estado, que nunca chega.
A reforma prometida já chegou a ser iniciada, mas a empresa responsável abandonou as obras pela metade. O que sobrou não pôde ser aproveitado, e o processo voltou à estaca zero. Protestos já foram realizados, políticos locais participaram de inúmeras reuniões cobrando o andamento da obra, e nada avança.
Todos os governadores, quando vieram a Brusque, foram cobrados por autoridades locais, e prometeram dar andamento ao assunto. Novamente, nada foi feito.
Esse imbróglio, que já dura mais de uma década, causa indignação e perplexidade à população. E, desta vez, com um fator negativo a mais: o impedimento, por parte da Secretaria de Estado da Educação, comandada por Aristides Cimadon, de que a imprensa pudesse visitar a escola e mostrar sua real situação.
A negativa repercutiu de forma muito negativa no município. Na Câmara de Vereadores, os parlamentares lamentaram profundamente a atitude do governo. Os questionamentos mais incisivos vieram de Waldemiro Dalbosco e Cristiano Kormann.
Um deles, muito pertinente, reflete sobre o fato de que os professores, funcionários e alunos podem frequentar a escola, mas a imprensa não pode mostrar o que há dentro das paredes do educandário.
O governo, na prática, tem vergonha de mostrar a escola devido à precariedade das condições. E também há a vergonha extra dessa situação acontecer em uma escola, um instrumento fundamental na formação da sociedade, atuando diretamente na educação e desenvolvimento de nossas crianças.
O fato de não haver condições mínimas de atender a comunidade é deplorável, e o jornal O Município lamenta profundamente a situação ter chegado neste estado, e também o fato de ter sido cerceada a liberdade do trabalho da imprensa, que somente queria mostrar à população a real situação do educandário.
Estranha-se, ainda, que a proibição tenha partido da Secretaria de Estado da Educação, que deveria ser um modelo de transparência, que fomente a civilidade e o desenvolvimento pessoal.
Esperamos, contudo, que o governo do estado mude de posição, e possa realmente fazer os movimentos necessários dentro da burocracia estatal para que a obra seja realizada, atendendo aos anseios da população guabirubense.