Editorial: O que é que vou fazer com esta tal liberdade?
Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. A palavra democracia tem origem no grego demokratía, que é composta por demos (povo) e kratos (poder). Nesse sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. Mas será que estamos preparados para exercer este direito? Confira também: Veja programação, […]
Democracia é o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. A palavra democracia tem origem no grego demokratía, que é composta por demos (povo) e kratos (poder).
Nesse sistema político, o poder é exercido pelo povo através do sufrágio universal. Mas será que estamos preparados para exercer este direito?
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Primeiro precisamos entender que democracia não é um sistema pronto, perfeito. É um sistema em construção, em constante mudança e repleto de contradições.
De acordo com o levantamento 2017 Democracry Index, publicado pela revista The Economist, apenas 19 países vivem em “democracia plena”.
Dos 167 países listados, 89 nações receberam pontuações menores que em 2016. Apenas 27 países registraram melhora e 51 tiveram seus índices estagnados. Assim, mais da metade das democracias do mundo estão mais frágeis que em 2016 e a brasileira obteve a pior nota dos últimos 12 anos, ficando no 49º lugar.
A democracia também não é um valor absoluto. Quase um terço da população mundial vive em um regime autoritário. Aqui no Brasil, de 1964 a 1989 também passamos por esta experiência, tendo nosso direito de expressão e de voto cerceados.
Mas muitos brasileiros sentiram falta da democracia, brigaram para ter de novo seu direito ao voto e conseguiram. Assim, em 1989, na primeira votação pós-regime militar o brasileiro foi às urnas e elegeu Fernando Collor de Melo, da coligação “Movimento Brasil Novo”.
Nesse período o número de eleitores era de 82.074.718, dos quais 80,62% votaram. O restante não foi votar ou votou em branco ou nulo.
Esta experiência não deu muito certo e no final de 1992 Collor sofreu o primeiro impeachment do Brasil, renunciando em seguida e cedendo lugar para seu vice, Itamar Franco.
Em 1994, a segunda experiência na escolha de um presidente parece que não animou muito o povo, pois elegeu Fernando Henrique Cardoso com apenas 66,78% de votantes. O restante não compareceu, ou votou em branco ou nulo. Ainda pior foi a eleição de 1998, na reeleição de FHC que registrou somente 63,8% de votantes pelo critério acima.
É de ficar surpreso que, depois de vinte anos de ditadura militar, dois impeachments e de uma experiência “socialista” ainda não entendemos o valor de uma democracia e do voto
Seguindo esta lógica, tivemos a eleição de Lula em 2002, com 74,76% de votantes, a reeleição de Lula em 2006 com 76,11%, a eleição de Dilma, com 73,74% e sua reeleição em 2014 com 72,83% de votantes.
Esses indicadores foram elaborados excluindo as abstenções, votos brancos e nulos. Assim consideramos apenas aqueles que realmente compareceram e manifestaram sua intenção de votos.
É de ficar surpreso que, depois de 20 anos de ditadura militar, dois impeachments e de uma experiência “socialista” ainda não entendemos o valor de uma democracia e do voto.
Na última eleição, por exemplo, 38.804.749 pessoas não foram votar ou votaram em branco ou nulo. Este número absoluto é maior que a quantidade de votos que todos os presidentes até 2002 receberam para se eleger.
Para esta eleição também já temos indicadores de evasão. Ela será menor para presidente, e vai aumentando para a escolha de governador, senador e deputados; mas mesmo assim está em patamares elevados.
Segundo a pesquisa do Ibope divulgada quarta-feira* a intenção de votar em branco/nulo foi de 11% e não sabe/não respondeu foi de 6%.
Já para o governo do estado de Santa Catarina a indefinição aumenta, registrando 19% para não sabe/não respondeu e 16% para brancos/nulo, segundo pesquisa Ibope divulgada na terça feira**.
Apesar de não termos números mais precisos, podemos perceber que a indefinição aumenta ainda mais quando se fala de intenção de voto para senadores e deputados.
Outro indicador que aponta a evasão é o fato de 3,6 milhões de brasileiros não terem feito o cadastramento biométrico, tendo seus títulos cancelados este ano. Só em Brusque foram mais de 17 mil eleitores que não poderão participar do pleito.
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Estamos às vésperas da eleição e mais do que nunca o Brasil precisa que o povo acorde, tome consciência da importância do seu voto e compareça para votar.
Mesmo que nossas tentativas anteriores tenham sido frustradas, precisamos continuar exercendo nossa liberdade de escolha. Só assim poderemos aprimorar e fortalecer nossa democracia.
*Ibope / TV Globo e O Estado de S. Paulo Pesquisa do dia 03/10/2018, realizada entre os dias 01 e 02/10/2018; Registro nº: BR-08245/2018; Amostra: 3.010; Margem de erro: +-2 pontos percentuais.
**Santa Catarina: realizada entre 18 e 20 de setembro. Foram entrevistados 812 eleitores de todas as regiões do estado, com 16 anos ou mais. Registro no TRE procolo nº SC-05212/2018 e registro no TSE procolo nº BR‐06196/2018.