Editorial: os desafios da nova economia
Quando uma região muda seu perfil econômico, surgem diversas questões novas e preocupantes. Brusque tinha um perfil predominantemente exportador. Produtos brusquenses disputavam mercados com sucesso, competiam com concorrentes de peso e tinham um bom nome mundo afora.
A partir de 2009 ficou claro que a região estava mudando de perfil, assumindo um papel de revendedor, trocando a exportação pela importação. Apenas o setor metal-mecânico ainda se mantém exportador.
Essa mudança propõe problemas diferentes daqueles a que estamos acostumados e, dependendo da forma como enfrentarmos as novas situações, o resultado pode ser melhor ou pior.
Ser um polo exportador, reconhecido pela qualidade e pela especialização era, naturalmente, uma situação confortável, que trouxe à região um desenvolvimento equilibrado e que durante muito tempo manteve um número significativo de postos de trabalho.
Infelizmente, uma série de fatores fez com que a cidade perdesse indústrias importantes e tivesse que enfrentar essa transição, que ainda faz com que muitos sintam-se meio perdidos, sem saber direito se a economia regional está mudando para melhor ou se estamos diante de um desastre.
Brusque mudou para conseguir sobreviver às crises
Brusque não é mais a mesma. Basta ter um pouco de familiaridade com a cidade e sua história, para notar isso. O que preocupa é que não mudou como resultado de uma política deliberada, de um planejamento cuidadosamente elaborado. Mudou para conseguir sobreviver às crises. Como uma forma de manter-se de pé e, de alguma forma, competitiva.
E essa é a questão principal: mesmo adotando um perfil importador, a economia local precisa preocupar-se em ter ou criar um diferencial competitivo. Que seja em serviços, em revendas, em distribuição, em montagem e processamento, a tradição de qualidade e inovação de Brusque e região precisa ser honrada por aqueles e aquelas que, bravamente, mantém-se no mercado.
Naturalmente, além de todas as dificuldades conjunturais, criadas pelos movimentos do mercado, há também as dificuldades criadas pela voracidade com que o Estado avança sobre o comércio, os serviços e a indústria, sem dar, em troca dos muitos impostos que arrecada, infraestrutura adequada, educação e saúde de qualidade.
Ou seja, pouco adianta chorar sobre o leite derramado. É preciso abrir os olhos, arregaçar as mangas e pensar, de forma organizada e solidária, como a região irá transformar essa mudança do perfil econômico, num diferencial que recoloque Brusque no mapa da competitividade.