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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Questão de Tempo

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Bastidores da política e do Judiciário, opiniões sobre os acontecimentos da cidade e vigilância à aplicação do dinheiro público

Editorial: Questão de Tempo

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Esta semana o tempo dominou as conversas da cidade. Estamos num clima de instabilidade há mais de 10 dias com chuvas contínuas e intensas. Este fenômeno teve suas consequências, principalmente na vizinha Guabiruba que decretou estado de emergência na segunda-feira e contabilizou 240 imóveis danificados.

Aqui em Brusque a gravidade foi muito menor. Até quarta-feira foram registradas 134 ocorrências, mas nenhuma casa foi danificada, conforme publicamos aqui no jornal O Município.

Estes episódios nos alertam cada vez mais sobre os efeitos das mudanças climáticas por aqui, com situações até então nunca vistas. 

Em Guabiruba, a origem do problema foram as chuvas com mais 150mm em um dia. Para se ter uma ideia, é um volume de chuvas superior aos 125 milímetros de Presidente Nereu, que há um mês desencadeou aquela tragédia. São marcas inéditas e assustadoras.

Mas se por um lado estes fenômenos naturais são inevitáveis, por outro lado poderiam ser mais previsíveis. Não podemos conter a força da natureza, mas podemos trabalhar com prevenção e informação para mitigá-la.

Não podemos conter a força da natureza, mas podemos trabalhar com prevenção e informação para mitigá-la

No que tange a prevenção as orientações são antigas e sempre lembradas: não construir em encostas e ao lado de ribeirões por exemplo, nas famosas APP (Áreas de Proteção Permanente). Mesmo assim, são comuns edificações nestes lugares, driblando a lei e o bom senso com ocupações irregulares.

Outra ferramenta poderosa nestes casos é a informação, que ainda é escassa e insuficiente. Até existem mecanismos de aviso, como o serviço oferecido gratuitamente pela Defesa Civil para enviar notificações via SMS, no celular, mas que ainda são genéricas e imprecisas. 

No domingo, por exemplo, os avisos não chegaram a tempo e a chuva forte pegou todos de surpresa em Guabiruba. Este atraso em parte se deve ao Radar de Lontras, que custou milhões e está desativado desde agosto do ano passado por falta de peças.

E se a previsão é falha, também temos problemas com as medições. Hoje Brusque tem 13 estações meteorológicas do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), sendo que só seis estão funcionando. Em Guabiruba são quatro e só dois funcionam. Na região temos também dois pontos de monitoramento de chuvas e nível do rio da ANA (Agência Nacional de Águas) sendo que o de Brusque não está funcionando e o de Botuverá só mede o nível do rio.  

Nosso alento são as réplicas de estações meteorológicas de Ciro Groh, que mesmo com suas limitações, nos dão um bom panorama do clima. Diariamente ele fornece informações importantes à comunidade, de forma graciosa e voluntária.

E por fim e mais importante, precisamos sempre investir em nossa Defesa Civil. Em Brusque ela ganhou sede nova, o que é louvável, mas os investimentos não podem parar por aí. Temos ainda muitas limitações que precisam ser vencidas. Nossa vizinha Guabiruba, por exemplo, tem somente um agente, assim como Botuverá e Vidal Ramos. Fica quase impossível qualquer plano com uma ação individual.

Não podemos mais contar com a sorte, está claro que estes fenômenos que aconteceram vão continuar acontecendo, talvez até com uma frequência maior. Precisamos ter a capacidade de nos preparar melhor para isso agora, com tempo, inteligência e informação e não no afogadilho quando não há mais muito o que fazer.

 

 

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