Educação e filosofia
É impressionante a falta de traquejo do governo Bolsonaro com estratégia de linguagem e comunicação. Na sexta-feira passada, surpreendi-me ao ver os telejornais repercutindo entrevista do presidente e do novo ministro da Educação, anunciando cortes de verbas públicas nas áreas de filosofia e ciências humanas, com todo o esperneio já esperado para um anúncio como este. Repórter segurando um livro de Platão, professores falando da importância da filosofia, o governo sendo mostrado como um ogro que não entende nada de conhecimento e cultura. Como explicar tamanha falta de estratégia?
Os cursos de filosofia e humanas, sobretudo nas universidades públicas, se tornaram um criatório de “bicho-grilo”. Seguindo a estratégia de Antonio Gramsci e dos filósofos da Escola de Frankfurt, essas áreas foram responsáveis pela revolução cultural e pela esquerdização generalizada que dominou o país, controlando a universidade, o jornalismo, o entretenimento e se infiltrando até na religião. Que o Ministério da Educação deva centrar esforços em reverter essa tendência é conclusão óbvia para um governo que se elegeu exatamente porque representava o combate a essa cultura degenerada.
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O problema é que o único modo de combater essa filosofia é com mais filosofia. Um ministro da Educação deve atuar para corrigir as distorções, fomentando a pesquisa filosófica e humanística, com outros enfoques. Se a mudança não se der através de uma nova cultura, mas por decreto, terá efeito mínimo. Aliás, foi exatamente por uma mudança no paradigma filosófico que este governo conseguiu se eleger. E essa mudança foi capitaneada pela atividade solitária do professor Olavo de Carvalho. E como ele fez isso?
Ensinando filosofia, mostrando para um grande número de estudantes o que a universidade nunca esteve interessada em mostrar: que a filosofia é muito mais do que essa meia dúzia de autores “revolucionários” que são endeusados nos ambientes acadêmicos.
Então, que se mude o foco do investimento, com mais incentivo a linhas de pesquisa em filosofia e humanas que interessem ao governo e à sociedade que o elegeu. Que se pare de financiar pesquisar de gênero e outras bizarrices. Que se reforcem as engenharias e os cursos técnicos, mas sem alarde midiático de efeito reverso. Basta administrar, governar.
E é claro que a mudança vai levar tempo. Não se muda cultura por decreto. Ideias só podem ser combatidas com ideias. Filosofia só pode ser mudada com mais filosofia. É isso que, nesse modesto cantinho de jornal, estou tentando fazer, no âmbito do meu alcance, há 10 anos.
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Quando o presidente e o ministro vêm a público condenar a filosofia pela decadência do país, eles estão afirmando que a filosofia é apenas isso que tem dominado nossa cultura.
Não! Isso é uma parte, barulhenta e muito influente, mas apenas uma parte. A recuperação da qualidade da Educação só pode ser feita com um renascimento do ensino nas áreas humanísticas, com o renascimento da Educação clássica. E não serão a engenharia, a veterinária ou os cursos técnicos que farão esse trabalho.
A entrevista de sexta foi mais um tiro no pé. Até quando esse governo vai continuar dando cabeçadas?