Elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Brusque avança
Foram coletadas informações sobre acidentes, congestionamento, horários de pico, transporte público e uso de bicicletas
Foram coletadas informações sobre acidentes, congestionamento, horários de pico, transporte público e uso de bicicletas
O Plano Municipal de Mobilidade Urbana de Brusque teve mais um avanço na semana passada. A comissão técnica que elabora o documento apresentou os dados coletados nos últimos meses em uma audiência pública realizada no Centro Universitário de Brusque (Unifebe).
A comissão é formada por representantes da Prefeitura de Brusque e da Unifebe. O grupo tem a missão de traçar as principais linhas para o desenvolvimento do município.
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O professor Francisco Alberto Skoruba, do curso de Arquitetura e Urbanismo, apresentou os dados na audiência pública. “Até então não tinha um levantamento com tantos dados como este”, destaca.
A pesquisa trouxe informações sobre acidentes, pontos de congestionamento, horários de pico, transporte público e uso de bicicletas, entre outras. Dados históricos sobre a cidade também estão no diagnóstico.
A audiência foi a etapa de identificação do cenário atual e como se chegou até aqui. A próxima fase é a elaboração de cenários.
Skrouba explica que a comissão conta com a consultoria do professor Christoph Hupfer, que coordena o curso de Gestão de Sistemas de Tráfego da Universidade de Ciências Aplicadas de Karlsruhe, na Alemanha.
Devido a essa parceria, a Unifebe tem uma versão acadêmica de um software que permite criar cenários de mobilidade urbana. Esse programa será usado pelo curso de Arquitetura e Urbanismo para a criação de variantes de como pode ser Brusque daqui alguns anos.
Skoruba explica que, com esse software é possível, por exemplo, mudar o uso dos modais. Por exemplo: reduzir a quantidade de veículos e aumentar as bicicletas, e assim por diante.
A próxima audiência será a terceira. Ela servirá para apresentar à sociedade essas projeções de futuro.
Depois disso, todos os dados e sugestões serão compilados em um relatório final. A próxima etapa consistirá na redação da minuta do projeto de lei.
Essa parte será feita pelo curso de Direito. Entretanto, com acompanhamento de Arquitetura e Urbanismo, que tem mais domínio técnico sobre o conteúdo.
Haverá mais uma audiência, na qual será exposta a minuta. A partir daí, a prefeitura terá em mãos o plano para levá-lo à Câmara de Vereadores.
Elaboração
O estudo do plano foi elaborado por meio de questionários diretos com a população, oficinas comunitárias, contagem de fluxos de veículos (meio de quadras e intersecções) e levantamento de itinerários de transporte público.
Foram realizados também os mapeamentos: in loco através de GPS, dos pontos de parada e lentidão do transporte público e de ciclovias, ciclofaixas e estacionamentos.
A comissão também usou dados oficiais do poder público municipal, do governo estadual, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae-SC.
O 18º Batalhão de Polícia Militar informou à comissão que registrou 1.831 acidentes de trânsito entre 6 de fevereiro de 2018 e 22 de janeiro de 2019. O mapa indica a incidência de ocorrências em todos os bairros da cidade, com maior concentração na região central.
Além de problemas existente na infraestrutura das vias do país, a imprudência por parte dos motoristas é a principal causa de óbitos no trânsito.
O relatório indica que as causas de acidentes mais importantes são: excesso de velocidade; consumo de bebidas alcoólicas; ultrapassagens perigosas e em locais proibidos; desrespeito a sinalização; distração por parte dos motoristas; veículos em péssimas condições de uso; e falta de fiscalização.
O levantamento técnico também apontou que os horários de pico são: das 7h às 8h, das 12h às 13h e das 17h às 18h. Os pontos com mais congestionamento são os conhecidos: rotatória da figueira, rotatória logo após a ponte do Maluche, semáforo em frente à Uniasselvi/Assevim e por aí em diante.
A pesquisa também tabulou os pontos geradores de tráfego, como supermercados, centros comerciais, instituições de ensino e outros estabelecimentos. Ainda que sejam lugares conhecidos, é importante tê-los documentados.
O estudo também mostra que existem 18 rotas de ciclovias bidirecionais na cidade. O documento indica que Brusque começa a implantar um modelo de bicicletas compartilhadas, o que ajudará na conscientização da população.
Frota
De acordo com o levantamento, era mais de 74 mil automóveis e 24 mil motocicletas no município em 2018.
O levantamento histórico aponta que até 1922 o transporte hidroviário era preponderante para a ligação com Itajaí. Dez anos depois, a bicicleta era o principal meio de transporte.
Embora em cidades maiores o transporte público seja fundamental para a mobilidade, como é o caso de Curitiba (PR), em Brusque o cenário é o inverso. O coletivo perde espaço para o carro.
Os dados do Consórcio Nosso Brusque indica que a média mensal de passageiros por quilômetro rodado era de 1,87 em 2010. Esse indicador teve um acréscimo no ano seguinte para 1,92.
Entretanto, a tendência se inverteu nos anos seguintes. Já em 2012 a média mensal de passageiro por km caiu para 1,71. Em 2017, último ano informado, o índice era de 1,65.
Os ônibus transportaram 2,6 milhões de passageiros de janeiro e novembro do ano passado. A média mensal dos 11 meses de 2018 foi de 243,5 mil. O mês com maior quantidade de usuários foi agosto, com 273,7 mil.
O levantamento também indicou a forma de embarque, já que Brusque tem as modalidades vale-transporte, cidadão e estudante, além do pagamento em dinheiro.
Serviço
São 72 linhas principais. O estudo indicou que são poucas as rotas de conexão entre as
extremidades da cidade e o Centro.
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As linhas de ônibus se sobrepõe em vários trechos dos itinerários. O estudo afirma que isso contribui para congestionar as principais vias de ligação com os bairros e reduzir opções de destinos e pontos de ônibus que possam oferecer atratividade aos usuários.
De acordo com o levantamento, Brusque conta, atualmente, com 710 pontos de ônibus assinalados em mapeamento disponibilizado pelo Google Maps.
A empresa Nosso Brusque, no entanto, informou à comissão que há 764 relacionados, porém não mapeados com precisão. Segundo a comissão, a inconsistência de dados, bem como a falta de um mapeamento adequado e acessível são obstáculos relevantes a um bom sistema de mobilidade urbana que devem ser sanados, divulgados e mantidos atualizados.