Eleição indireta de 2016 ainda têm reflexos na Câmara de Brusque
Reflexos
A eleição indireta em que o ex-prefeito Bóca Cunha (PP) articulou uma coalizão para derrotar o prefeito interino Roberto Prudêncio Neto (PSD), em 2016, ainda rende frutos e farpas. Nesta quinta-feira, 24, durante a sessão da Câmara que aprovou as contas do governo relativas a 2015, o presidente da Casa, Jean Pirola (PP), rebateu o colega Rogério dos Santos (PSD), o qual havia dito, em ocasião passada, que o grupo de Bóca agiu de forma sorrateira para vencer o pleito. “Se votações da mesa-diretora, votação da casa legislativa e decisões do poder Judiciário, que deram respaldo à decisão da Câmara, foram da forma como ele falou, sorrateiras, ele está desrespeitando os poderes constituídos”, disse.
Habilidade política
Cabe recordar que, à época, o PP havia desistido da candidatura que seria de Ingo Fischer, empresário. Bóca, como ele mesmo admitiu, só quis entrar na briga por causa de um momento anterior em que Prudêncio demonstrou falta de habilidade política. Enquanto prefeito interino, ele demitiu o primeiro escalão por WhatsApp, incluindo Bóca, seu secretário de Turismo, que não gostou nada de saber por terceiros que havia “ganhado a conta”, e articulou tomar o lugar do seu antigo chefe.
Isenção do IPTU
A Prefeitura de Brusque iniciou nesta quinta-feira, 24, a distribuição dos comprovantes de isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) referente aos anos de 2016 e 2017. O documento será encaminhado pelos Correios em até 45 dias para ser entregue. De acordo com a diretora da Tributação do município, Nadine Mara Machado Dirschnabel, os contribuintes que não receberem em casa dentro desse período deverão se dirigir à sede da Secretaria de Fazenda, de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h.
Situação das unidades
Membros do Fórum de Entidades Sindicais de Trabalhadores de Brusque e região retornaram nesta semana a Unidades Básicas de Saúde que eles haviam visitado em fevereiro, com intuito de fiscalizar suas condições. No começo do ano, foram detectados diversos problemas, como falta de pessoal, equipamentos e produtos para trabalho dos funcionários, além demora nos atendimentos. A comissão informou que a situação hoje não é diferente da encontrada em fevereiro.
Em falta
Segundo o Fórum, continuam faltando medicamentos, inclusive de emergência, material de expediente, computadores, entre outros. A comissão informou que há casos de servidores que chegam a pagar do próprio bolso itens para melhor poder realizar o atendimento à população. Em conversa com funcionários, os sindicalistas também ouviram que as gratificações do Pmaq não estão sendo pagas da forma que deveriam, mensalmente. A comissão vai elaborar um relatório, que será encaminhado à Secretaria de Saúde, cobrando providências da prefeitura.
EDITORIAL
Brusque e sua facção
A palavra facção, para o cotidiano brusquense, remete à atividade da indústria de confecções e vestuário que fazem seus serviços exclusivamente para outras empresas do setor têxtil. A palavra lembra trabalho, progresso. Lembra a habilidade e o talento de pessoas que elaboram peças de roupas de qualidade para o Brasil e para o mundo a partir daqui.
Esta semana, porém, a palavra circulou na cidade com outro significado, o de crime. Desde quarta-feira uma megaoperação da Polícia Civil prendeu 18 homens ligados a uma facção criminosa. A operação contou com policiais civis e militares de nove cidades de Santa Catarina, com o apoio do Canil de Blumenau e Itajaí, Rocam, PPT e Agência de Inteligência de Brusque.
O fato, num primeiro momento, causa desconforto em saber que nossa cidade não está fora do mapa do crime. Com a operação foi revelada parte do modus operandi do grupo, que vem agindo como um poder paralelo em nossa sociedade.
Não é a primeira vez que somos surpreendidos por esquemas criminosos na cidade. Em 2009 foi deflagrada em Brusque a Operação Arrastão, que envolveu mais de 20 mandados de prisão, incluindo policiais, delegado, vereadores e até desembargador num esquema de máquinas caça-níqueis que atuavam ilegalmente em toda a região.
No ano seguinte, 2010, outra surpresa. A Diretoria Estadual de Investigação Criminal (Deic), da Polícia Civil de Florianópolis, apreendeu 200 quilos de maconha num galpão da rua Beno Hodecker, no bairro Dom Joaquim.
Também não podemos esquecer do caso do assaltante de bancos Claudio Adriano Ribeiro, conhecido como Papagaio, preso quando passava o Natal de 2011 em uma casa de uma “amigo” de Brusque.
Provou-se que com inteligência, com união e vontade de fazer é possível enfrentar até a mais perigosa organização criminosa
Ele era suspeito de estar por trás da onda de ataques a caixas eletrônicos com explosivos em Santa Catarina. Foi conduzido em comboio e preso na ala de segurança máxima da Penitenciária de Florianópolis.
Estes três grandes casos ocorridos em 2009, 2010 e 2011 são emblemáticos para contextualizar o assunto. Cada um deles tem uma peculiaridade. A Operação Arrastão de 2009 nos mostrou que pessoas da alta sociedade brusquense e a polícia estavam envolvidos na contravenção. Daí a leniência em relação a muitos crimes praticados por aqui. Com muitos destes personagens presos e exonerados, abriu-se a possibilidade para uma mudança no comando e comportamento de nossa segurança pública.
A apreensão de droga em 2010 em Dom Joaquim mostra que as apreensões do dia a dia são ínfimas perto do volume de narcóticos que circula na cidade.
Por fim, o fato de um bandido interestadual estar em Brusque no dia de Natal mostra a afinidade que existe entre os chefes de quadrilha e moradores locais.
O que lamentavelmente todos estes casos têm em comum é que nenhum deles teve como protagonista a polícia de Brusque. Todos foram propostos e coordenados por delegados de outras cidades, que interviram aqui para resolver nossos problemas.
Hoje um novo alento surgiu. Brusque comandou a megaoperação. Sob a coordenação do delegado Alex Bonfim Reis e participação do delegado Fernando de Faveri e do comandante Moacir Gomes Ribeiro, o crime sofreu um grande golpe.
Provou-se que com inteligência, com união e vontade de fazer é possível enfrentar até a mais perigosa organização criminosa. Saímos de um discurso derrotista, de falta de efetivo, de falta de condições, para um discurso de fazer o melhor com o que temos.
Mais do que o sucesso da operação, o delegado Alex quebra um grande paradigma e renova nossa esperança num futuro melhor para a segurança pública e para Brusque. Seu jeito combina muito mais com a expectativa do cidadão em relação a nossos poderes, em especial a polícia.
Hoje nos orgulhamos de nossa polícia. Se ela continuar a agir assim, com união, vontade e inteligência, vamos eliminando um a um os problemas da cidade, proporcionando assim um ambiente mais seguro, propício para o desenvolvimento e surgimento das facções que tanto conhecemos e queremos ver, as facções têxteis. As demais, que o bom fim delas seja a cadeia.