A família Avi possui uma propriedade de 43 hectares na localidade de Chapadão do Tigre, na Vargem Grande, em Botuverá, dos quais 12 são utilizados para o plantio do fumo, a principal fonte de renda, e também para o cultivo de alimentos para consumo. Os avôs de Paulo Avi, 63 anos, já viviam no mesmo local, enquanto ele e seu filho, Paulo Vitor, nasceram ali mesmo.

“No início, meu vô não plantava fumo, era mais agricultura. No início da vida do meu pai era milho, feijão, vendia porco. A primeira estufa é de quando eu tinha sete anos, isso faz 57 anos”, lembra Paulo.

Paulo faz mais uma colheita de milho | Foto: João Vítor Roberge

O trabalho começa logo ao amanhecer, e termina só quando já está escuro. Na época da plantação e da colheita de fumo, o dia é quase todo tomado pela fumicultura: 4h30 é o horário de acordar, e a hora de dormir varia entre 20h30 e 22h. Dezembro, janeiro e fevereiro são os meses mais movimentados. Em abril, maio e junho, os canteiros são preparados e podados, e o plantio vai até agosto.

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Em maio e junho, é a vez de milho e feijão serem colhidos, com a próxima safra já sendo preparada. São os únicos produtos que a família Avi vende, além do fumo e dos leitões. Alho, batata-doce, tangerina, aipim, batata e outros vegetais são cultivados para consumo próprio.

Paulo Vitor trabalha na construção da quarta estufa | Foto: João Vítor Roberge

Seis pessoas cuidam de tudo, mas existe uma troca de ajudas entre vizinhos da comunidade. Para dar conta da produção, que está em uma crescente, um dos filhos de Paulo, Paulo Vitor, constrói uma quarta estufa para a secagem de fumo e milho, e feijão, quando necessário.

Aos 33 anos, Paulo Vitor é um dos herdeiros do trabalho da família Avi. Fez questão de permanecer na terra, com uma decisão que levou tempo para o pai aceitar. “Pretendo tentar [seguir a tradição], né, hoje não é fácil, mas é o que nós queremos, pra nós tá bom aqui. Nunca gostei de cidade. Sou acostumado”, comenta.

“Eu fui embora em 74 e voltei em 81, morei em Joinville”, conta o pai. “É difícil, muitas famílias vão embora por falta de espaço, de chance de crescer um pouco. A família cresce, o espaço é sempre o mesmo. Com a primeira safra de fumo que ele plantou, eu mandei ele comprar um terreno onde ele, hoje, tem uma casa alugada.”

Canteiros de fumo estão sendo preparados | Foto: João Vítor Roberge

Se normalmente é possível sair para a cidade em uma frequência que varia de duas vezes na semana a duas vezes no mês, o período de colheita do fumo impede qualquer descanso. O Natal é um dia com agenda cheia. “Nem dá para ter visita”, comenta Paulo Vitor. “Agora vou passar uns dias em Gramado, no Rio Grande do Sul, mas é um negócio programado há muito tempo. Geralmente é coisa de uma vez por ano.”

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Paulo faz mais uma colheita de milho | Foto: João Vítor Roberge
Parte do milho é dada aos cavalos | Foto: João Vítor Roberge
Propriedade de 43 hectares tem 12 com terras para produção | Foto: João Vítor Roberge
Fumo passa pelo processo de secagem na estufa | Foto: João Vítor Roberge
Milho e feijão colhidos também são armazenados | Foto: João Vítor Roberge

 

Família de Paulo Avi começou a fumicultura há 57 anos | Foto: João Vítor Roberge
Porcos são criados para consumo próprio e para a venda de leitões | Foto: João Vítor Roberge
Gado está entre os animais criados | Foto: João Vítor Roberge