Na comunidade da Areia Baixa, em Botuverá, a família Dalabeneta precisou se readaptar a um novo trabalho e a uma nova fonte de renda quando decidiu abandonar a cultura do fumo para se dedicar à criação de porcos.

Os irmãos Edenílson, de 45 anos, e Valdecir, de 49, trabalham todos os dias no pequeno negócio familiar, que, na prática, é composto apenas por eles próprios. Nascidos e crescidos no lugar em que vivem há cinco décadas, eles saíram de uma tradição agrícola para investir na pecuária, em uma rotina de raro descanso.

Na Areia Baixa, os Dalabeneta se reinventaram e deixaram a agricultura | Foto: João Vítor Roberge

Depois de décadas plantando fumo, os irmãos decidiram criar porcos, e a produção de linguiça, que começou depois, foi sugestão da prefeitura. A mudança teve início há cerca de cinco anos, ainda conciliando a atividade pecuária com a tradicional atividade agrícola botuveraense. O abate não é realizado no local. Desde o início de 2019, a produção pecuária se tornou praticamente uma microindústria, com a produção de linguiça.

“Sempre tinha a ideia de parar com o fumo. Meu irmão tinha mais medo de parar, e eu insistia”, conta Valdecir.

Edenílson exibe os equipamentos para produção de linguiça | Foto: João Vítor Roberge

“Nós sempre com um pouco de medo de não dar certo”, relata Edenilson, logo antes de o irmão complementar: “Porque sair de uma coisa assim, acostumado, a gente nasceu e cresceu com o fumo. Mudamos tudo, tinha estufa de fumo, tudo moderno, vendemos tudo para começar outra coisa.”

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No rancho, Valdecir se gaba da mais nova ninhada: naquele 29 de junho, haviam nascido 13 leitões vivos, dos 16 que estavam em gestação. Ao todo, há 36 das chamadas “matrizes”, os porcos utilizados para reprodução: 18 fêmeas e 18 machos. Além do abate, também são vendidos leitões.

A rotina começa por volta das 4h, com o tratamento aos porcos, que inclui a limpeza do chiqueiro. Segunda-feira é o dia do abate, para começar o processo de produção da linguiça, que dura o dia todo. Nesta parte do trabalho, é fundamental a atuação de Sandra, a esposa de Edenílson. Atualmente, a família trabalha no seu limite. É raro sobrar qualquer produção. O descanso só começa a partir das 19h.

Edenílson sobe ao rancho com o sobrinho, Natan | Foto: João Vítor Roberge

Na terça-feira, a principal tarefa é fazer a entrega do produto aos mercados em Brusque e no Centro de Botuverá. Ou, como eles próprios falam, simplesmente “Botuverá”. No mesmo dia, Edenílson e Valdecir aproveitam para cumprir outros compromissos que precisem de deslocamento, como pagamentos e compras.

O mais novo projeto dos irmãos Dalabeneta é um novo rancho, para aumentar a criação. A madeira é própria, e é necessário comprar apenas os outros materiais. A construção, feita com as mãos de Edenilson e Valdecir, tem que ser conciliada com todos os outros afazeres.

A família aguarda os trâmites para poder abrir um pequeno matadouro, que ainda deve demorar para se tornar realidade. A ideia é deixar de terceirizar o serviço, para poder manter todo o trabalho centralizado.

 

Espaço para criação será ampliado | Foto: João Vítor Roberge
São 36 matrizes ao todo | Foto: João Vítor Roberge

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