Em espaço adaptado, psicopedagoga alfabetiza crianças com dificuldade de aprendizagem
Por meio dos métodos Panlexia e das Boquinhas, professora ensina alunos disléxicos, autistas e com TDAH
Por meio dos métodos Panlexia e das Boquinhas, professora ensina alunos disléxicos, autistas e com TDAH
Com o intuito de auxiliar na alfabetização e ensino de crianças com dificuldades de aprendizagem, como dislexia, autismo e transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), a psicopedagoga Nadir Milani decidiu abrir sua casa para esses alunos e transformá-la numa escola.
Nadir foi professora na Escola de Educação Básica Ivo Silveira por mais de 20 anos, e especializou-se em ensinar alunos com dificuldades no processo de aprendizagem.
Na Dica do Saber, espaço construído em seu jardim e adaptado para dar aulas às crianças, no bairro Águas Claras, Nadir recebe seus alunos. As turmas são de cerca de seis crianças, que passam, normalmente, uma tarde por semana com a professora. Atuando desde 2012 nesse ramo, ela possui, atualmente, 22 alunos.
“Nos meus últimos anos na escola, eu voltei para a sala de aula e encontrei muitas dificuldades para ensinar. Lecionei para turmas de quinta a oitava série, e vi muitos problemas e dificuldades no processo de aprendizagem dos alunos”, conta. Foi a partir do que viu na sala de aula que Nadir decidiu adotar outros métodos de ensino, que aplica em sua escola.
As metodologias que a psicopedagoga aplica em seus alunos são técnicas de alfabetização como o Método das Boquinhas, desenvolvido pela fonoaudióloga Renata Jardini, e o método Panlexia, especial para a alfabetização de disléxicos.
Nadir conheceu esses métodos em 2006, quando participou de um simpósio de dislexia, em Curitiba. Desde então, juntamente com uma amiga fonoaudióloga, ela buscou se especializar em dificuldades de aprendizagem.
A escola, toda em madeira, foi construída por um amigo da família e instalada ao lado da residência de Nadir. Antes de ter esse espaço, ela dava as aulas dentro de casa, em um escritório. Com a quantidade de alunos aumentando, surgiu a necessidade de oferecer um espaço dedicado especialmente às crianças.
Em meio ao verde do jardim da casa de Nadir, reina o silêncio nas tardes de aula. Além disso, o contato com a natureza e com os animais, como o casal de coelhinhos e a cachorrinha que serve de “assistente” para a professora, é muito benéfico para os alunos.
“Eu sempre digo para eles que aqui é diferente da escola que eles frequentam no período da manhã. Pode levantar, ir ao banheiro, tomar uma água sem precisar me pedir. E eu gosto de estimular os alunos a brincarem lá fora, correr um pouco, estar em contato com a natureza”, diz ela, que teme que as crianças passem tempo demais sentadas, paradas. “Eles já ficam quatro horas sentados na escola. Aqui eu incentivo as brincadeiras, e quero que eles saiam dos celulares, dos eletrônicos para brincar e fazer atividades físicas.”
A psicopedagoga conta que praticamente 100% das crianças saem de sua escola alfabetizadas. As exceções são os alunos que possuem dificuldades graves de aprendizagem causadas por alguma má-formação, como falta de oxigenação no cérebro ao nascer.
Durante os anos em que se dedicou à alfabetizar e ensinar crianças em sua própria escola, Nadir também foi percebendo certos detalhes: “Por exemplo, crianças hiperativas. Eu notei que elas se desenvolvem muito melhor em pé, quando estão se movimentando. Parece que, quando estão paradas, estáticas, é como se o cérebro delas também ficasse bloqueado.”
Ela relembra o caso de uma aluna que possui hiperatividade: segundo Nadir, a menina teve uma nota muito baixa numa prova de matemática na escola. Ao refazer as questões da prova, em pé, no quadro da Dica do Saber, ela conseguiu resolver todos os problemas corretamente. “Se ela pudesse ter feito a prova assim, teria conseguido a nota máxima”, diz.
Após as aulas, Nadir faz relatórios sobre os alunos, que são encaminhados para os médicos neurologistas responsáveis pelo atendimento à essas crianças. Segundo a psicopedagoga, geralmente o que acontece é a administração de medicamentos para deixar as crianças mais centradas. “Eu acabo me tornando favorável ao uso de remédios. Eu sei como é ter uma criança hiperativa em salas de aula de escolas comuns, e atrapalha muito o rendimento de turmas com 30, 35 alunos.”
Um dos objetivos da psicopedagoga ao iniciar essas atividades foi, também, estimular e ativar o próprio cérebro. “Se você perde o seu trabalho, perde também seus neurônios”, diz. “E, com crianças, as atividades são intensas, e tem sempre muita energia.”
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