Empresário de Guabiruba preso por roubo de carga já foi condenado por receptação em 2014
Na ocasião, mais de 600 caixas de fios que iriam para outra empresa de Guabiruba foram furtadas
Na ocasião, mais de 600 caixas de fios que iriam para outra empresa de Guabiruba foram furtadas
O empresário Clóvis Cesar Silva, dono da Ape Malhas, preso na manhã desta quinta-feira, por roubo de carga de malha, já foi condenado por crime semelhante. Ele já responde há duas ações penais por receptação de produtos de origem ilícita.
No primeiro caso, o Ministério Público narrou que no dia 6 de abril de 2014, um caminhão carregado com 653 caixas de fios de viscose, importados, destinados a uma outra empresa de Guabiruba, foi furtado em Itajaí.
Ciente disso, a empresa enviou e-mails a todos os seus contatos para que denunciassem qualquer informação que pudesse levar à carga.
Em resposta, receberam um telefone de um representante comercial, solicitando que fosse verificada a empresa Ape Malhas, pois teria obtido informações de que na noite anterior havia sido descarregado nesta empresa um caminhão com fios importados, o que não seria usual naquele dia da semana e horário.
O dono da empresa vítima inventou uma desculpa para ir até a Ape, onde pôde observar que funcionários estavam retirando os fios subtraídos das caixas originais e acondicionando-os em caixas de marca diversa.
Ele avisou a Polícia, que foi até o local e, segundo o relatório do MP-SC, “constataram que o denunciado Clóvis Cesar Silva adquiriu, recebeu, ocultava, tinha em depósito e de qualquer forma utilizava, em proveito próprio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que sabia ser produto de crime”.
Clovis foi preso preventivamente naquela data, e liberado um mês depois, mediante fiança de R$ 36 mil.
A acusação foi acatada pela Vara Criminal, que o condenou a três anos de reclusão, em regime aberto, substituída pelo pagamento de 100 salários mínimos e prestação de serviços à comunidade.
A sentença foi mantida em segunda instância, e determinada a execução provisória da pena. No entanto, em setembro do ano passado o Superior Tribunal de Justiça (STJ) atendeu pedido de defesa e determinou o início do cumprimento da pena somente após o trânsito em julgado do processo.
Três anos depois da primeira prisão, o empresário foi novamente detido, no dia 20 de abril de 2017.
Na ocasião, uma equipe da Divisão de Investigação Criminal de Itajaí se deslocou a Botuverá, em uma empresa onde foram encontradas 25 toneladas de algodão, cuja documentação batia com a de uma carga roubada.
Funcionários da empresa informaram que a carga pertencia ao responsável pela empresa Ape Malhas, e ali o material somente seria processado na fiação e, posteriormente, devolvido ao proprietário.
Os policiais então foram até a Ape Malhas, onde verificaram que Clóvis adquiriu um depósito uma carga de 25.980kg de pluma de algodão, “sabendo ser produto de crime, pois não possuía os documentos pertinentes, e não soube indicar a procedência lícita da carga”, descreve o relatório do Ministério Público. Nesse momento, foi autuado em flagrante, prisão que foi mantida até setembro daquele ano.
A defesa tentou revogar a prisão diversas vezes, mas só conseguiu após o julgamento da ação penal, na qual o empresário foi inocentado em primeira instância.
Como a carga não foi encontrada na sede da Ape, o juiz entendeu que “caberia à acusação comprovar a autoria e culpabilidade de Clóvis no crime de receptação dolosa que lhe é imputado na denúncia, o que de fato não ocorreu”. No mesmo dia, ele foi posto em liberdade.
O Ministério Público apelou da sentença ao Tribunal de Justiça. O caso, no entanto, está parado há quase um ano. Em 5 de março de 2018 o caso foi dado como concluso para julgamento ao relator, desembargador Leopoldo Augusto Brüggemann, e desde então jaz em seu gabinete.
O advogado de Clóvis, Rogério Ristow, declarou a O Município que o empresário já foi preso anteriormente e absolvido e que ele ainda não tem certeza do que se trata este novo mandado de prisão.
“Ele não tem conhecimento do que se trata ainda, mas vai esclarecer. A princípio, pode ser problema de roubo de carga, mas não é o que aparenta. Ele já foi processado uma vez e absolvido por isso, pois ficou provado que ele não teve envolvimento”.
Ristow diz ainda que os funcionários da empresa que foram detidos devem ser soltos em breve, já que a prisão foi apenas para prestar esclarecimentos.