Envolvidos na morte de jovem queimada viva em Brusque são condenados
Júri popular foi realizado nesta sexta-feira, 13
Júri popular foi realizado nesta sexta-feira, 13
Dois envolvidos no assassinato de Roberta Keller, queimada ainda viva em 25 de maio de 2017, foram condenados em júri popular realizado pela Vara Criminal de Brusque nesta sexta-feira, 13. Na época da morte, ela tinha 19 anos.
Cláudio Batista Santos, conhecido como Kamikaze ou KMKZ, foi condenado às penas de 25 anos e 8 meses de reclusão, em regime inicial fechado, e 97 dias-multa.
Já Júlio César Poroski, conhecido como Galego, foi condenado às penas de 19 anos e dois meses de reclusão, em regime inicial fechado, e 68 dias-multa. Os réus não poderão recorrer da decisão em liberdade por decisão judicial.
A preparação para o assassinato de Roberta iniciou na tarde do dia 24 de maio, quando Julio Cesar chamou o taxista Charles e foi procurar pela vítima na cidade. Sem encontrá-la, voltou para casa onde mora com Pâmela Thainá, no bairro Águas Claras. Lá permaneceu até as 20h30, quando foi informado o local em que Roberta estava.
Julio então ligou novamente para o taxista que o buscou e ambos foram até a casa de Robson, na entrada de Guabiruba. De lá, seguiram para o local conhecido como Morro do Mocotó, na rua Nova Trento. Após procurarem, localizaram Roberta na casa de uma testemunha. Assim que a encontraram, os dois a ameaçaram com uma réplica de arma e ainda gravaram um áudio para Cláudio. Na gravação é possível ouvir uma mulher gritando para pessoas irem brigar fora da casa dela. Neste momento, Julio Cesar dá um tapa no rosto de Roberta, cujo o som pode ser ouvido no áudio.
Este áudio foi encaminhado para Cláudio e, poucos dias depois, foi repassado à Polícia Civil, que passou a investigar o crime e, então, desvendou o homicídio.
Em posse de Roberta, Julio Cesar, Robson e o taxista foram até a casa de Cláudio buscá-lo, no bairro Guarani, e dali se dirigiram até um supermercado para comprar álcool. “A intenção inicial deles era executar a Roberta e depois queimar o corpo, mas não conseguiram, pois a Roberta tentou fugir ao chegar no supermercado. Então a seguraram e a levaram até o local da execução, no bairro Nova Brasília”, detalha o delegado.
Os três, junto com o taxista e Roberta, seguiram para o fim da rua Zulmira Raizer, no Nova Brasília. Enquanto o táxi os aguardava, os três acusados, junto com a vítima, desceram um barranco e caminharam por um matagal.
No local em que escolheram, segundo a versão deles, o próprio taxista, ciente de tudo que estava ocorrendo e ciente de que iriam matar a Roberta, se propôs a buscar um galão de gasolina. Os executores então ficaram com a Roberta naquele local e o taxista foi até um posto de combustíveis, onde há imagens das câmeras de monitoramento que mostram ele pegando a gasolina.
Charles retornou e entregou o galão para o Robson, o qual voltou para o matagal onde Julio Cesar segurava a vítima pelo cabelo. “Robson jogou metade da gasolina na Roberta e passou para Cláudio, que também jogou nela e neste momento o Robson acendeu o fogo e queimou a vítima ainda viva”, descreve o delegado Alex Bonfim Reis.
Julio Cesar ainda guarda nos braços marcas de queimaduras que adquiriu por conta de um respingo de gasolina enquanto segurava a vítima. Ele contou ao delegado que quando as chamas o atingiram, se jogou no chão para apagá-las. Neste momento, Roberta correu mato a dentro e poucos metros à frente caiu morta.
Os três saíram do local e voltaram de táxi para a casa de Julio Cesar para buscar uma enxada e retornaram junto com Pâmela para tentar enterrar o corpo. Como chovia muito e estavam apenas com uma enxada, não conseguiram cavar o buraco e, então, cobriram o corpo com um pouco de mato e foram embora.
Quando saíram do local, pararam em um posto de combustíveis, na rodovia Antônio Heil, e foram abordados pelo Pelotão de Patrulhamento Tático (PPT). Todos estavam enlameados e com a enxada. No dia seguinte, Robson ficou com a missão de voltar e enterrar o corpo, mas como não o fez, Julio Cesar retornou ao local, junto com o taxista, e com uma pá cavou uma cova e arrastou o corpo para dentro.
Motivação
O delegado Reis explica que há duas motivações para o crime. A primeira teria sido por uma dívida de drogas de Roberta com os três, pois ela teria furtado uma quantia de drogas dos executores. O segundo motivo é que Roberta mencionava que era esposa de Cláudio.
“Como sendo um membro de uma organização criminosa, esse comentário dela passou a trazer problemas para ele, não somente com a organização criminosa, mas também com a própria esposa dele”.
Acusados contam o passo a passo em vídeo no dia da reconstituição: