Epidemia de diarreia no Litoral gera procura por atendimento na rede pública de Brusque
Secretário afirma que houve aumento na procura, mas dentro da capacidade de atendimento
Secretário afirma que houve aumento na procura, mas dentro da capacidade de atendimento
A epidemia de diarreia que tem preocupado os municípios do Litoral neste verão está sendo tratada com tranquilidade na rede pública de saúde de Brusque, conforme relata o secretário Osvaldo Quirino de Souza. Ele afirma que houve um aumento da procura por atendimento, mas sem configurar um grande surto. Em Florianópolis, foi identificado um Norovírus em amostras de fezes e água.
“Neste período entre o Natal e o retorno das atividades integrais, a secretaria só trabalhou com pronto atendimento aqui [na Policlínica], em meio período. A demanda ficou mais por conta dos hospitais. Houve relatos de que houve um aumento de procura, sim, por conta de casos de diarreia e vômito, na chamada gastroenterite, gastroenterocolite. Em Brusque, não teve uma demanda significativa. Há relatos de busca em hospital, mas nada que configure uma epidemia ou um surto grande”, explica Souza.
“Não demandou busca ativa ou medida de suporte extra, como são as situações de dengue ou Covid-19, por exemplo. É tranquilo de manejar, são movimentos dentro da normalidade, sem casos grave registrados”, completa.
O secretario cogita que uma das causas para a situação mais tranquila em Brusque esteja fora da cidade. A probabilidade é de que brusquenses doentes acabem recebendo atendimento já nos municípios em que estão passando os fins de semana ou as férias de verão.
O atendimento inicial de um paciente sem nenhum sinal de gravidade deve ser feito pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) durante a semana. “Todas as 27 unidades estão funcionando. As que não têm médicos por uma série de razões fazem o encaminhamento à UBS mais próxima.” A Policlínica também está disponível.
“Além das UBS, temos os dois hospitais, que têm plantão 24h, tanto para pediatria quanto para adultos de modo geral. Gestantes têm o pronto-socorro obstétrico no bairro Azambuja. Se tiver muito vômito ou diarreia, apresentar alteração de pressão, batimentos cardíacos, a pessoa é encaminhada ao hospital. Dependendo da gravidade, pode ser hospitalizada ou liberada.”
O secretário Osvaldo Quirino de Souza elenca algumas maneiras de prevenção, como evitar aglomerações, utilizar álcool em gel para higienização rápida das mãos e tomar cuidado com a alimentação fora de casa. “Comer em locais certificados, restaurantes conhecidos. Consumir alimentos de ambulantes credenciados pelos municípios.” Se houver sensação de insegurança, vale também o uso de máscara.
Sintomas incluem febre, náusea, vômito e episódios de diarreia. Entre as medidas de tratamento, Souza recomenda alimentação mais leve, hidratação com água filtrada, fervida ou mineral, além de soro caseiro.
“Habitualmente, são casos autolimitados, não são doenças graves, que vão e consumir uma pessoa, a não ser que ela possua um fator de risco”, comenta. Por meio do quadro clínico e de exames, é possível aferir, se a causa é por vírus ou bactéria.
O Laboratório de Virologia Aplicada da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) identificou um vírus que está causando problemas em Florianópolis. Trata-se do Norovírus Humano Genótipo I (HuNoV-GI).
O vírus foi encontrado em 12 das 19 amostras fecais analisadas em parceria emergencial com o laboratório BiomeHub e a Vigilância Sanitária de Florianópolis (Visa). Estes resultados preliminares foram divulgados na sexta-feira, 20. A equipe coordenada pela professora Gislaine Fongaro, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia, analisou 19 amostras fecais e três de praia e rio. As amostras foram fornecidas pela Vigilância Sanitária.
A professora relata que os Norovírus detectados no estudo, tanto em amostras fecais quanto em água, são propagados principalmente por via alimentar. A transmissão também pode ocorrer pela água e por aerossóis provenientes de fezes e vômito de pacientes infectados.
“Recomenda-se fortemente a ampliação da vigilância em pacientes e águas, bem como em amostras de alimentos, principalmente de consumo direto ou minimamente processados”, completa Gislaine Fongaro.
Das amostras de águas, o Norovírus também foi encontrado na água coletada no Rio do Brás, em Canasvieiras, no Norte de Florianópolis. A professora explica que pela via alimentar o vírus pode se espalhar por meio da irrigação e cultivo em ambientes já contaminados. Além disso, esse tipo de micro-organismo também está associado a rotas de cruzeiros, causando surtos em confinados. “Hortifrúti e moluscos também são alvos de acúmulo desse vírus, além das águas.”
O micro-organismo não foi identificado no mar. “A balneabilidade no Brasil e em vários países é mensurada por padrão bacteriano como indicador. Vírus são buscados em pesquisas ou em casos de surtos”, observa. “Quanto mais amostras tivermos, mais representação teremos da situação daquele ponto amostrado”.
A presença do vírus em rios pode indicar que ele chegue por via direta de esgotos ilegais, principalmente. É possível que seja transportado para o mar – embora os estudos de balneabilidade rastreiem bactérias e sejam necessárias mais amostras e análises.
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