Escassez de mão de obra qualificada preocupa indústria têxtil de Brusque e Guabiruba

Empresas enfrentam dificuldades para encontrar tecelões e costureiras, comprometendo a produção e a competitividade do setor

Escassez de mão de obra qualificada preocupa indústria têxtil de Brusque e Guabiruba

Empresas enfrentam dificuldades para encontrar tecelões e costureiras, comprometendo a produção e a competitividade do setor

Empresários dos setores têxtil e de confecção em Brusque e Guabiruba têm enfrentado dificuldades para encontrar mão de obra qualificada. A escassez de profissionais como tecelões e costureiras tem gerado preocupação entre os empresários, que alertam para o impacto dessa falta no ritmo de produção e na competitividade das empresas locais.

A falta de trabalhadores especializados, segundo os empresários, pode comprometer o crescimento do setor têxtil, que historicamente impulsiona a economia das duas cidades.

Possíveis justificativas

De acordo com Luana Schumacher, coordenadora do núcleo empresarial de Guabiruba e empresária do ramo, há uma crescente falta de interesse da nova geração nesse tipo de trabalho.

“Na minha opinião, isso é reflexo da mudança dos tempos. Assim como ocorre com a escassez de pedreiros e eletricistas, a nova geração não se interessa mais por essas profissões. Além disso, há uma falta generalizada de mão de obra na região, que vive uma situação de pleno emprego”, explica a empresária.

Para Tiago de Oliveira Censi, empresário e membro do Núcleo das Malharias da Acibr, o mercado têxtil está em constante expansão. No entanto, muitos profissionais preferem atuar na informalidade.

Quando questionado se salários mais altos poderiam atrair mais trabalhadores, Tiago pondera que, caso isso ocorresse, “as empresas perderiam competitividade nos preços de venda em relação a outros polos têxteis”.

Rita Conti, vice-presidente da Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), acredita que a escassez de mão de obra se deve à falta de renovação geracional. Para ela, esse “apagão” de profissionais, principalmente em ocupações tradicionais, é um fenômeno mais amplo.

“Vejo isso como uma questão global, pois as relações de trabalho estão mudando rapidamente, e surgem muitas novas oportunidades. As profissões mais tradicionais acabam perdendo espaço. Além disso, nossa região é muito visada no setor têxtil, o que gera um grande número de empresas atuando no ramo, desde pequenas e médias até grandes indústrias de confecção”, avalia Rita.

Ela também destaca que a região tem sido alvo de empresas de fora, vindas de lugares como São Paulo, Rio de Janeiro e até do exterior, que se estabelecem aqui e contratam trabalhadores já qualificados, ou utilizam esses profissionais como terceirizados.

“Observamos que toda a região, incluindo cidades como Blumenau e Indaial, é altamente procurada. Empresas de São Paulo e Rio de Janeiro contratam grandes oficinas de costura locais para produzir para os grandes centros, já que aqui temos mão de obra qualificada. Entretanto, ainda enfrentamos desafios por conta da falta de renovação geracional”, complementa.

Possibilidades

Buscando soluções para o problema, a coordenadora explicou que há cerca de dois ou três meses, o núcleo realizou uma reunião com o Senai de Brusque para discutir a possibilidade de levar cursos profissionalizantes para Guabiruba.

“Solicitamos, inclusive, os cursos de tecelão e costureira, pois, atualmente, as aulas ocorrem no Senai do bairro Primeiro de Maio. Notamos que muitas pessoas evitam enfrentar o trânsito até lá, além de que nem todos possuem transporte próprio. Sabemos também que a malha viária entre Brusque e Guabiruba é bastante precária. Por isso, temos o desejo de trazer esses cursos para Guabiruba, em parceria com empresas locais. No entanto, essa ideia ainda não avançou como esperávamos”.

Luana afirma que a proposta foi bem recebida e aprovada, mas ainda falta articulação entre as empresas, a prefeitura e os demais envolvidos. “Acredito que este projeto ficará para o próximo ano, mas temos a intenção de torná-lo realidade”, complementa.

Questionado, Tiago mencionou que o núcleo está desenvolvendo um projeto voltado ao aperfeiçoamento da mão de obra nas empresas participantes.

“Infelizmente, para nossa surpresa, tivemos dificuldades em fechar turmas devido à falta de interesse dos alunos. Precisamos pensar em formas de atrair novas pessoas para a região, e acredito que isso deve ser planejado a longo prazo, com parcerias entre o setor público e privado”.

Por outro lado, Rita ressaltou que essas profissões são muito valorizadas atualmente e que a região conta com o forte apoio de federações, como a Fiesc, que atua na área industrial, e o Senai de Brusque.

“Junto com o Sindivest e outras entidades sindicais, estamos promovendo várias escolinhas de costura básica. Além disso, percebemos que, ao abordar novos públicos, como imigrantes que estão chegando à cidade ou pessoas interessadas em aprender, estamos obtendo bons resultados. Embora estejamos tendo sucesso com as escolinhas, ainda não conseguimos preencher todas as vagas necessárias”.

A vice-presidente da Fiesc também destacou o sucesso de iniciativas como a da Ampebr, que promove escolas de costura.

“Atualmente, temos duas escolas de costura em funcionamento, o que representa um grande avanço. No entanto, o público ainda está em processo de formação, especialmente os novos moradores que chegam à cidade e precisam de treinamento”.


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Kai-Fáh: Luciano Hang foi dono de bar em Brusque, onde conheceu sua esposa:


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