A ideia surgiu com o paulista Felipe Brandão inspirado no conceito de BookCrossing, criado nos EUA no começo dos anos 2000. Combinando leitura e urbanidade, o conceito convida os leitores a deixar um livro em local público, para que outra pessoa o encontre, leia e volte a abandoná-lo, ampliando assim o acesso à leitura.
Quando fiquei sabendo da existência do evento ano passado já achei inusitado e interessante, mas acabei não participando. Este ano não poderia ser igual, então convidei a galera, reuni livros, ideias e vontade de fazer do mundo um lugar melhor e fomos para a praça pendurar livros em árvores.
E foi assim que, na última segunda-feira, eu e mais 6 jovens nos reunimos na Praça Barão de Schneeburg, aos pés das figueiras, para “esquecer” cerca de 40 livros pendurados em árvores e, mais tarde, também nos bancos do Terminal Rodoviário.
Depois de muitos recadinhos escritos dentro dos livros, barbante, cartolina e risadas, lá estavam, pendendo entre as folhas, vários livros. No começo as pessoas olhavam intrigadas, interessadas, mas a curiosidade vencia a vergonha e elas acabavam por se aproximar do “varal literário”. Devagarzinho liam sobre o projeto e por fim levavam um livro debaixo dos braços. Era incrível ver a reação de surpresa das pessoas ao se depararem com algo diferente no meio de suas rotinas.
Eu me senti extremamente desprendido ao deixar sem dono meus livros. Me senti bem, tranquilo, feliz, a sensação de quando se faz uma coisa boa e se tem orgulho disto. Poucas coisas já me fizeram sentir isso e não pretendo parar por aqui.
Simples na teoria e na prática, o projeto não tem maiores intenções além de espalhar livros e difundir a leitura na cidade, assim foi feito e depois deste resultado animador, “esqueceremos” muito mais por ai! Fique atento e “esqueça” você também!
Pedro Rabelo de Araújo Neto – 16 anos
O dia 25 de janeiro deixou uma marca em mim. Não tem como descrever com exatidão o quanto foi gratificante fazer parte dessa manhã maravilhosa em que possibilitamos que qualquer pessoa pudesse entrar em contato com a literatura de uma maneira tão encantadora.
Ao pendurarmos alguns livros, uma mãe e seus dois filhos passaram por nossa “árvore literária” e um dos filhos a olhou com tanto interesse, brilho no olhar, uma curiosidade imensa… um momento sem igual, saber que talvez você abriu as portas da literatura pra alguém, convidou para beber dessa fonte inesgotável que são os livros, as histórias… nossa, foi mágico!!
Nós os “esquecemos” de manhã, e eu – a mais curiosa – passei de tarde onde os deixamos, para conferir o interesse brusquense pelos livros “perdidos”; adivinha só: antes mesmo de a chuva cair, nenhum livro estava sem seu leitor temporário. Só o que restou foi nosso cartaz com a frase #leveestelivro e as cordinhas balançando ao vento. A aceitação da comunidade me emocionou, como se deixassem uma mensagem subentendida: continuem, vocês estão fazendo a coisa certa!
Lara Fischer – 16 anos
Participar do “esqueça um livro” foi uma experiência muito mais do que satisfatória. Saber que alguém vai ler as páginas de um livro que já foi seu é algo lindo, por mais que seja estranho e você fique com pena de doar ao “mundo” um dos seus livros. A alegria que te consome faz tudo isso valer a pena.
Eu não esperava que isso seria algo tão gratificante e com certeza valeu a pena acordar cedo em plenas férias, porque eu sei que, além de deixar feliz alguém que vá ler algum desses maravilhosos livros, algumas dessas pessoas irão gostar da iniciativa e vão “esquecer” seus livros também…
Ana Cristina Schmidt – 16 anos
foto: Marcos Luiz