Jonas Paegle assumiu a prefeitura em 2017, eleito com larga vantagem em 2016. Após um ano, o prefeito afirma que a administração teve acertos e que busca a moralidade e a legalidade.

Para 2018, o governo deve tocar projetos viários importantes, como a margem esquerda da Beira Rio, e também enfrentar a questão da folha de pagamento elevada. Nesta entrevista, concedida em dezembro, ele analisa os principais assuntos do governo.

Saúde pública
“Estamos administrando a saúde dentro da legalidade e da moralidade. Realmente, vínhamos cobrando o cumprimento do ponto desde o começo do ano, quando vimos a situação.

Claro que  houve um choque pela mudança. O pessoal estava acostumado de uma maneira e teve que mudar. Prefeitos passados não tomaram providência, e nós, dentro da legalidade e da legislação, adotamos esse critério, que é bom para a comunidade e para a população.

Quanto ao Azambuja, é o único hospital da cidade que atende pessoal de Guabiruba, Botuverá, Nova Trento, Canelinha, São João Batista, Limoeiro de Itajaí e Gaspar, na divisa. Então, isso congestiona e torna um dispensário de atendimentos muito grandes.

Inclusive, muitos que saem dali não são de Brusque, ganham receita e passam na policlínica para pegar remédios. Muitos internamentos também são feitos em AIHs [Autorizações de Internação Hospitalar] de Brusque, mesmo o paciente não morando aqui. Quem banca é a prefeitura, e isso onera.

O Hospital Azambuja acabou sendo regional, claro que há problemas de folha de pagamento e de gastos, sabemos. Demos percentual de ajuda no ano passado. Ajudamos também o Hospital Dom Joaquim, no sentido de cirurgias e procedimentos.

Tivemos conversas, e discussões são normais, mas já resolvemos. Trabalho no hospital há mais de 45 anos, desde quando era o padre Albano. Depois o padre Nélio assumiu e me convidou para ser diretor clínico.

Na minha direção clínica, inauguramos a UTI do Azambuja. O hospital também passou a ter tomografia, ressonância, ultrassom e todo o aparelhamento no meu período.

O ano passado foi bom no sentido de que terminamos com a inauguração de duas UBS. Deixamos de pagar aluguel e inauguramos o prédio especial, preparado e adequado na do São Pedro.

A UBS do Rio Branco também foi preparada e inaugurada. A área física é de primeiro mundo. A parte de refrigeração, de medicamentos e de odontologia foram feitas.

Num todo, conseguimos melhorar a entrega de remédios. Tem a medicação dada pelo município e a que é dada pelo estado. Tem um diferencial grande. A que é dada por nós temos atendido de maneira satisfatória”.

Hospital Azambuja
“Creio que vai ter acordo, porque é o único hospital. Vamos somar juntos, acho que não haverá problema nenhum momento porque Brusque precisa, a administração precisa, a população precisa e o resultado do atendimento dos postinhos é no Azambuja.

O Hospital Azambuja tem UTI, tomografia, ressonância e vários outros procedimentos que não são feitos em Dom Joaquim, sem menosprezar.  O atendimento final do paciente que precisa operar do abdômen, apendicite, diverticulite é no Azambuja. Então é tudo muito entrelaçado.

O Hospital Azambuja é bom, comparado com os de outros estados, como o da USP, em São Paulo, onde tem gente no corredor. É um hospital bem administrado pelo padre Nélio, que tem uma capacidade tremenda.

O hospital está ligado diretamente à prefeitura, porque o resultado final do atendimento é lá. Enfartou, vai para onde? Para a UTI de lá”.

Transporte universitário
“Temos um gasto com o transporte universitário para Itajaí, Balneário Camboriú e Blumenau de R$ 3 milhões anuais. Vamos reduzir R$ 400 mil.

Os outros prefeitos nunca fizeram, mas nós fizemos uma sindicância. Pegamos 12 alunos que estavam indo para Blumenau fazer curso tecnológico, que não é universitário.

Pegamos dois bancários que iam daqui para trabalhar em Gaspar. Pegamos quatro alunos que faziam o segundo grau em Blumenau. Pegamos vários outros de Nova Trento, Botuverá, que vinham e deixavam o seu carro estacionado e pegavam o ônibus para ir estudar.

O cabeça do movimento que teve [contra a prefeitura] não é de Brusque, é de fora. Liderou e tirou fotos que apareceram na imprensa.

No ano que vem vai continuar para quem já tem, mas os cursos que já existem aqui e a pessoa quer ir fazer lá, não terá direito. A não ser que ela ganhe uma bolsa especial da Univali ou da Furb, aí vamos deixar pegar o ônibus.

Pegamos várias coisas ilegais, tem outras que ficamos até pasmos. As pessoas se aproveitavam do momento.

Claro que houve um rebuliço, um movimento estudantil. Mas já identificamos focos que não eram de Brusque e que não queriam perder a oportunidade de ir para a faculdade.

A responsabilidade é dos municípios vizinhos. O nosso orçamento é para cuidar da nossa casa. A gente tinha que pontuar tudo isso e foi feito. Mas sabe como é, quando mexe, dói, as pessoas ficam desconfortáveis. Aí cria um quadro psiquiátrico, a gente como médico entende que é reacional”.

Gabinete
“O secretariado continuará o mesmo. Está indo bem, estamos rumo ao Norte, mudar o quê? Começamos uma mentalidade de gestão. Esse é o nosso rumo e a tendência é melhorar.

Quando se coloca a carruagem sobre os trilhos, as melancias vão se ajeitando. De repente, se ajeita de tal maneira que se mexer numa, desmonta tudo.

Não vai mexer num barco que está indo bem para tirar o fulano. A não ser que aconteça algo”.

Principais projetos
“Temos a meta de terminar a Beira Rio, no Santa Terezinha. Estamos com a rua Octaviano Rosa, a rua Nova Trento, com a rotatória.

Para 2018, também temos a margem esquerda da Beira Rio. A verba já está praticamente garantida no Ministério das Cidades.

Também estamos prevendo uma situação financeira nacional pesada e crítica. Neste ano tem eleição, é difícil. Os repasses já reduziram e estão minguando.

Vamos ter que viver com a nossa própria economia, e o que a gente conseguir em Brasília ou Florianópolis, vamos trazer para Brusque. A gente sabe que o estado deve R$ 700 milhões na Saúde para os municípios.

Mas neste ano vamos fazer os postinhos da Santa Luzia, da Ponta Russa e da Limeira Alta. Temos várias metas, assim como surgirão outras.

Estamos forçando o governador para terminar a duplicação de Brusque a Itajaí neste ano. É outra briga com o Deinfra, que para nós é importante.

Virão mais turistas, que vão movimentar a nossa economia com mais compras. Estamos não apenas fazendo a tarefa caseira, mas também em cima do governo do estado.

Também já pedimos ao governador a duplicação da rodovia Ivo Silveira, de Brusque a Gaspar. Não vai sair no nosso mandato, mas pedimos e saímos à frente.

Estamos esperando verba na Assistência Social para a construção de casas. Estamos pressionando em Brasília e se pingar uma verba lá, vamos catar esse pingo e vamos aplicar, dentro da moralidade e da legislação, em prol do povo de Brusque.

Economia
“A gente sabe que a economia está crescendo. Os empresários estão investindo. Olha o Luciano da Havan, que ressuscitou a Schlösser. Vai ter faculdade, teatro naquela área.

Ele ressuscitou a Renaux, que vai dar 2,5 mil empregos neste ano. No ano passado surgiram fatos que não esperávamos, como a instalação da Casas da Água, Fredy Pneus e Ecoville, que geraram empregos”.

2017
“Foi um ano inicial da administração e nos dia 5 de janeiro tivemos uma tragédia na Nova Brasília, um temporal, em que tivemos que usar a Secretaria de Obras. Infelizmente, não tinha carros nem material suficientes para todo o socorro. Foi um impacto grande.

Outro impacto que tivemos foram as duas enchentes e a elevação do Itajaí-Mirim, que comprometeu a ponte Arthur Schlösser. O custo da obra foi caro, de R$ 1,3 milhão.

Fomos a Brasília falar com o presidente para pegar uma verba e conseguimos, graças a Deus, num período crítico. Nós refizemos o pilar da ponte e revimos os outros, isso é muito importante.

O Brasil teve uma crise orçamentária grande, várias prefeituras e estados passaram por dificuldades financeiras, como o Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte e até algumas prefeituras catarinenses.

Com essa dificuldade toda, administramos Brusque de maneira satisfatória. Asfaltamos 35 ruas, fizemos a rua Anna Heil, a Bulcão Viana, a rotatória de Dom Joaquim, fizemos a Beira Rio atrás da Unifebe, que está pronta.

Não foi liberada ainda porque falta pintar a sinalização. Se bem que vemos que o pessoal passar por ali, quer passar e ver. Mas se acontecer algum acidente, a prefeitura não é responsável porque não é aberto ao público.

Asfaltamos, no ano passado, 35 ruas. Não esperávamos fazer tudo isso com o orçamento esticado.

Saneamento básico
“Já foi feita uma audiência na Câmara. O Ari [Vequi, vice-prefeito] já apresentou o projeto. O Samae fará mais uma adutora na Cristalina.

Quanto ao lixo e a drenagem fluvial, estamos com um grupo estudando para o ano que vem começar a tomar diretrizes sobre isso. Claro que implica em dinheiro, por isso estamos aguardando Brasília”.

Projetos na Câmara
“Tem a reforma administrativa, para a qual faremos uma licitação para uma empresa fazê-la. Depois vai para a Câmara. Tem a revisão do Plano de Cargos e Salários, que é muito importante. Mandei congelar o aumento horizontal, coisa de 2009, que inflaciona a folha de pagamento e inviabiliza a administração para investir em obras.

Temos que tomar uma atitude. É doloroso, vai mexer com o pessoal, criar polêmica na Câmara, mas é normal. Já passei por vários conflitos desde que assumi a prefeitura. Como médico, temos a capacidade de observar e ver que a verdade e a honestidade sempre vencem.

O projeto vai aportar na Câmara e a gente sabe que vai depender deles [vereadores]. Vamos chamá-los para explicar, como fizemos com todos os projetos”.

Eleições 2018
“É ruim para a comunidade, que já teve mudanças de prefeito, que eu que acabei de ser eleito que saia para ser candidato a deputado. Não tenho nenhum plano para ser candidato.

O Ari é meu vice e pela lógica ele está com todo o dispensário para ser candidato a deputado estadual. Para mim e para Brusque é melhor, porque ele sendo deputado vai trazer mais coisas para nós. Ele é um guerreiro, tem no sangue a política.

Ele como deputado vai ter poder de voto e vai conseguir ainda mais coisas. E o Ari é um cara honesto e sério”.