Estabelecimentos de Brusque buscam diminuir o uso de plástico
Utensílios como canudos e copos demoram até mil anos para se decompor
O uso de utensílios plásticos em estabelecimentos vem sendo contestado por ambientalistas e se tornou até projeto de lei em Brusque. Com um tempo de degradação bastante longo, o plástico é composto por duas substâncias nocivas para o meio ambiente, como o polipropileno e o poliestireno.
Efêmeros no dia a dia, utensílios como copos, talheres, canudos e embalagens demoram centenas de anos para deixarem de existir no meio ambiente. Um copo plástico, por exemplo, leva mais de 400 anos para se desintegrar. Como nem sempre recebem o destino correto após serem jogados no lixo, eles acabam nos mares e oceanos, que, atualmente, se tornam depósito de cerca de 8 milhões de toneladas de plástico todos os anos.
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De acordo com a bióloga Carla Molleri, por esses utensílios não serem degradáveis e demorarem até mil anos para se decompor, nos rios e mares esses canudos impactam significativamente a fauna aquática. Além disso, mesmo quando são descartados corretamente, ainda podem ser levados pelo vento ou pela chuva e chegar aos rios e mares. “O ideal é substitui-los”, afirma.
Para evitar o uso do plástico, a bióloga sugere utensílios reutilizáveis, como os de metal, ou de papel, que se desintegram mais rapidamente. “Porém, o canudo é dispensável. Pode ser usado somente o copo, desde que não seja o descartável”, frisa.
Mudança de hábito
Jonathan Casagrande, presidente do Núcleo de Gastronomia da Associação Empresarial de Brusque (Acibr) e proprietário do restaurante Casarão Garibaldi, vê com bons olhos a iniciativa do projeto de lei. “A lei ainda não foi aprovada, então continuamos usando os canudos e os copinhos de café. Mas o que estamos fazendo é treinar nossos garçons para que perguntem para os clientes se eles querem um canudo, em vez de deixar o material disponível para que levem o quanto queiram.”
Segundo o empresário, o ato de perguntar – e não apenas entregar junto à bebida – gera uma reflexão no cliente, que pode optar por não fazer uso do canudinho, caso não tenha necessidade de utilizá-lo. Ele pontua apenas que a abolição do utensílio poderia afetar a forma como alguns drinks da casa são bebidos, mas “toda mudança de hábito gera um desconforto, mas, quando é para uma contribuição social ou com a natureza, vemos como positivo”, diz.
“Temos alguns nucleados que migram para o descartável por uma razão de custos, pois é caro manter um enxoval. Depende do modelo de negócio”, ressalta.
Carolina Willrich, proprietária do Carolitas e Nutri Tice Café Saudável, conta que seu estabelecimento passou por um período de experiência com utensílios descartáveis. “Quando abrimos, há dois anos, usávamos só louça, mas quebrava muito, trocamos várias vezes toda ela”, conta. Porém, o descartável não foi tão bem aceito pela clientela do local. “Como nosso café é saudável, a questão da reciclagem é muito forte, assim como o movimento vegano, por exemplo.”
Em relação aos canudos, Carolina diz que não são levados na mesa. “Como a gente não leva, o cliente muitas vezes acaba nem pedindo, e aí não utiliza.”
Nesse período em que testou os descartáveis, uma preocupação que surgiu foi com a reciclagem. Mesmo fazendo a separação correta dos materiais, nem sempre a coleta ocorria da forma correta.
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A retirada dos canudinhos de circulação, de acordo com o presidente do Núcleo, é um estímulo para que sejam adotados novos utensílios, feitos de outros materiais, biodegradáveis ou reutilizáveis.
Projeto de lei quer proibir canudinhos
Na Câmara de Vereadores de Brusque, tramita um projeto de lei, de autoria de Ana Helena Boos (PP) e Marcos Deichmann (Patriotas), para proibir o uso de canudos de plástico nos estabelecimentos do município.
O texto prevê que os canudos comuns de plástico sejam substituídos pelos de papel biodegradável, que são menos prejudiciais ao meio ambiente. O prazo de adequação, caso aprovada a matéria, é de seis meses, com penalidades a serem fixadas pelo Executivo.