Fim de ano. Enquanto o “jingle bells” serve de trilha sonora aos dublês de inquisidores, a gente aqui, brindando nossos leitores com mais três jovens que –– com o mesmo desprendimento que marca todas as grandes atitudes –– debruçam-se sobre os ‘mistérios das páginas em branco’, na eterna luta pra dar cara e feição a algo que ainda não é. Prazer inenarrável publicar os poemas do João e da Georgia, repletos do lirismo mais liberto; só pra afirmar com todas as letras que a poesia pulsa com o vigor e o viço do sangue novo. E o que dizer, então, da nossa inédita Camila? Poeta e ilustradora que enriquece nosso fim de ano? Sem mais, para o momento; e precisa?! O Like segue essa sina boa, farol na neblina; alumia e, ao mesmo tempo, abre caminhos para o novo que, como diz a canção, “sempre vem. Beijinho no ombro e “Feliz Natal”.

Professor Deschamps

 

Morte Cotidiana

Sem demonstrar remorso,

com cara de quem matou mais uma.

Dia após dia,

vergonha nenhuma.

 

Chuva fina lá fora.

E isso é desculpa?

Não se arrepende nem agora,

nenhuma culpa.

 

Já não sei se é tão ruim,

afinal, é preciso estar aqui?

Temos que viver assim?

-Que horas são aí?

-Vai bater em quinze minutos.

-Não perdi nada útil na primeira mesmo…

-Eu também acho que não.

João Rosa Jimenes – 17 anos – Colégio Amplo

 

 

DESABAFO

“Somos a geração mimimi, sim.

Mas não porque temos tudo.

Somos jovens prisioneiros da expectativa.

Coisa de vocês, que nos sufocam cada dia mais.

 

Já não aguento, não respiro

ME TIRA DAQUI!

Quero voar, viver, sonhar…

Quero crescer livre e parar de me afogar”

 

O VOO DOS PEQUENINOS

“Minha alma é mais forte que essas correntes do mundo.

Não irão, minha imaginação, de mim tirar.

Sou menino perdido.

Criança eterna e inocente.

 

Que como Peter Pan aprendeu a voar.

Vôo alto, vou distante.

Meu coração é pequenino,

Mas o meu amor, gigante.”

Georgia Pereira Debatin – 17 anos – Colégio Amplo.