Uma obra catarinense irresistivelmente mágica aos olhos e a mente. “Benta dos Ganchos”, a mais nova obra da praia-grandense Carmem Germann é uma dádiva para a literatura catarinense, para não dizer nacional. Sou suspeito para tal opinião, amo tudo que é produzido em nosso estado, mas esse livro, com sua suavidade litorânea e fidelidade histórica, merece estar nas nossas cabeceiras, se não estiver é porque “tás tolo, tás”.

A obra conta a história de Benta – uma jovem dotada de um poderoso Dom – que vivencia intensas experiências em sua juventude, experiências estas que nos mostram a maleabilidade do mundo e a capacidade intrínseca dos seres humanos de modelar a realidade, tanto através do Dom como por meio das atitudes de respeito, gratidão, empatia, entre outros. Toda a narrativa prende o leitor em um fluxo contínuo de “quero saber o que acontece depois”, é difícil fechar o livro para ler mais tarde.

Três foram os fatores que mais me fizeram devorar a obra em dois dias. Primeiramente: os apaixonantes diálogos coloquiais, da região litorânea de Santa Catarina. A oralidade prevalece genuinamente, encanta e enaltece a obra, arranca risadas do leitor e demonstra respeito pela cultura local. Tal respeito é evidenciado também na capacidade da autora de resgatar e valorizar os mitos e crenças dos moradores locais, durante todo o decorrer da obra. E, por último, o sutil e singelo romance que surge e se desenvolve espontaneamente entre os personagens de Ganchos. Um vívido e puro sentimento de amor faz com que o leitor tenha vontade de saber mais e mais sobre o casal da obra (que, infelizmente, não é o destaque da narrativa).

Por fim, “Benta dos Ganchos” e Carmem Germann, além de nos ensinarem sobre a vida (ou as vidas) e o mundo (ou os mundos), nos proporcionam uma linda experiência literária, que faz desabrochar em nós um sentimento de orgulho pelo nosso estado e nossa cultura. Sem nem sombra de dúvidas, esta obra é um presente para os Barrigas Verdes e um prato cheio de lições e sentimentos para todos os leitores.

 

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Pedro Rabelo de Araújo Neto – 17 anos