Ex-sócios de mecânica investigada na CPI das Oficinas ficam calados
Depoentes alegam que qualquer comentário pode prejudicá-los perante a Justiça
Depoentes alegam que qualquer comentário pode prejudicá-los perante a Justiça
João Correa Rossato e Zacarias Cardozo de Lima, convocados a depor na tarde de ontem na CPI das Oficinas, entraram mudos e saíram calados. Na sessão que durou menos de 15 minutos, ambos alegaram, por meio de seu advogado, que qualquer comentário ou pergunta que respondessem aos vereadores poderia prejudicar sua defesa no processo judicial que envolve a Auto Mecânica MG.
Os depoimentos não tomados foram os últimos na lista do relator Ivan Martins (PSD) e, por ora, as reuniões estão suspensas. A comissão volta a se reunir no dia 15 de julho, quando Martins apresentará o relatório final dos trabalhos da comissão, sete dias antes do prazo para conclusão da CPI.
O advogado de Rossato e Lima, Rafael Dominoni, foi quem falou por eles. Disse que seus clientes iriam exercer o direito constitucional de permanecer em silêncio. A justificativa é de que há ações judiciais em andamento, envolvendo a oficina mecânica com a qual eles têm ligação.
Dominoni afirmou que, nessas ações, a defesa ainda não foi apreciada pelo Judiciário, e que parte dos processos tramita em segredo de Justiça. Ele alega que a defesa pode ser prejudicada se Lima e Rossato prestarem esclarecimentos à CPI.
O advogado disse que tudo que seus clientes tinham conhecimento foi declarado ao Ministério Público e o mesmo será feito ao Judiciário, e reiterou que o intuito de não falar perante a CPI “não é atrapalhar ou impedir qualquer forma de investigação”, mas sim preservar os clientes de produzir qualquer informação que possa prejudicá-los.
Os vereadores acataram a solicitação e não formularam nenhuma pergunta, embora tivessem esse direito. Segundo o relator da CPI, só falta uma coisa para que o relatório possa ser elaborado: a auditoria nos contratos da NIT Clínica Automotiva (outra oficina investigada) que está sendo feita pela Prefeitura de Brusque.
Durante meses, a comissão ouviu dezenas de testemunhas e analisou milhares de páginas de documentos relativos a suspeitas de fraudes em contratos da Prefeitura de Brusque com as oficinas mecânicas, no sentido de existência de superfaturamento de preços e falsificação de notas fiscais.
O presidente da CPI, Alessandro Simas (PR), disse que apesar do silêncio das pessoas ligadas à MG, o relatório poderá elucidar à sociedade a forma como foram firmados, executados e fiscalizados esses contratos suspeitos, e, segundo ele, “servirá para que cada um tire suas próprias conclusões” sobre as acusações que recaem sobre as empresas.