A prisão do senador petista Delcídio do Amaral, líder do governo no Senado, é um marco histórico. Embora haja juristas contestando a constitucionalidade de sua prisão, o fato é que, para ela, concorreram diversas instituições, todas em total concordância. A Política Federal, a Justiça Federal, o Ministério Público, o Supremo Tribunal Federal e até o Senado, todos em uníssono, garantiram a prisão de Delcídio, flagrado tentando impedir a delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás.
O senador alegou “razões humanitárias”, mas seu interesse em dar fuga e gorda mesada ao ex-diretor não se deve apenas aos belos olhos de Cerveró, que, mesmo não pertencendo ao Estado Islâmico, é um verdadeiro homem-bomba. Cerveró pode implicar muita gente, começando pelo senador preso, mas passando, especialmente, por Dilma, que presidia o conselho de administração da Petrobrás à época da desastrada compra da refinaria de Pasadena. O negócio foi tão horrível e prejudicial à Petrobrás, que ninguém seria tão estúpido de fazê-lo sem intenções escusas, nem mesmo a “presidenta”. Ela tem tentado se safar, à la Lula, dizendo que não sabia de nada, mas se Cerveró abrir a boca, o caldo pode azedar de vez.
Como não tem mais nada a perder, esperamos que ele entregue a quadrilha toda. Em parte que já vazou de sua delação, Cerveró afirma que Dilma, além de saber de tudo, acompanhou cada passo da negociação.
Ademais, o próprio Delcídio se tornou outro homem-bomba. Abandonado pelo PT e chamado de “burro” por Lula, o senador está decepcionado e disposto a abrir o bico. Acuado, o PT abandonou o “camarada” à própria sorte, afirmando que ele não trabalhava em nome do partido. Ao chamá-lo de “burro”, Lula não condenou sua ação, ou seja, conspirar para a fuga de um prisioneiro e tentar traficar influência junto aos ministros do STF, mas apenas o fato de ter-se deixado gravar pelo filho de Cerveró. Lula não condena o crime, mas a “burrice” de ser pego. É a reação típica de um chefe de quadrilha. E sua irritação e apreensão são mais que compreensíveis, afinal o cerco está se fechando. Se Cerveró e Delcídio resolverem falar tudo o que sabem, teremos episódios emocionantes nos próximos capítulos desta saga.
Em tempo, o serviço de consultoria, prestado pelo filho de Lula, e que lhe rendeu 2,5 milhões de reais não passa, segundo a Polícia Federal, de plágio da internet, e o nome de Gilberto Carvalho, outra cabeça coroada do PT, já começa a frequentar as pautas de investigações.
O impeachment, que estava em segundo plano, por causa da agonia de Eduardo Cunha, agora volta à pauta.
O melhor disso tudo é que as instituições da República dão mostras de que funcionam e não estão dominadas pela “crapulagem” governamental. Alvíssaras!