Faltas dão prejuízo de mais de R$ 1,5 milhão por ano ao SUS de Brusque
De acordo com a secretaria da área, entre 10% e 12% dos agendamentos são perdidos
De acordo com a secretaria da área, entre 10% e 12% dos agendamentos são perdidos
Levantamento da Secretaria de Saúde revela que 11 a cada 100 consultas agendadas no SUS brusquense não são realizadas porque o paciente faltou. O número preocupa a pasta, que tenta buscar mecanismos para reduzir as faltas na saúde pública.
De acordo com o secretário Humberto Fornari, o absenteísmo no SUS do município causa um prejuízo anual de aproximadamente R$ 1,7 milhão. A cifra corresponde às faltas tanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) quanto nas especialidades.
Em termos percentuais, entre 10% e 12% dos pacientes faltam às consultas. O valor tem se mantido nesse patamar nos últimos anos, segundo o secretário de Saúde.
Especialidades
Um exemplo do prejuízo provocado pelo absenteísmo fica nas especialidades – justamente o maior gargalo do SUS na cidade. As filas para cardiologista, oftalmologista, ortopedista e outros médicos especialistas são grandes. Demora-se meses para conseguir um atendimento.
“Só na área de especialidade, que todo mundo reclama que não tem consulta de oftalmologia, ortopedia etc, esses 12% representam o trabalho de quatro médicos de 20 horas durante um ano inteiro. É um desperdício de dinheiro público e da própria necessidade do contribuinte”, diz Fornari.
De acordo com o secretário, é como se quatro dos médicos especialistas estivessem a trabalhar com a capacidade reduzida o ano inteiro. O pagamento deles, com ou sem atendimentos, é de aproximadamente R$ 432 mil anuais. Ou seja, o prejuízo é de quase meio milhão de reais.
Segundo Fornari, os números revelam uma incoerência: existe uma longa fila por especialistas, mas parte dos pacientes faltam. A cadeira fica vazia, contudo, o médico e os profissionais de apoio continuam a receber normalmente.
Unidades de saúde
A quantidade de absenteísmo mantém-se na casa dos 10% nas Unidades Básicas de Saúde. O número geralmente não aumenta porque a dinâmica de atendimento é diferente das especialidades.
As agentes comunitárias de saúde (ACS) têm papel fundamental em lembrar e instigar os doentes crônicos a irem à consulta. Por isso, o percentual de faltas é levemente menor, mas ainda significativo, esclarece o secretário.
De acordo com a Secretaria de Saúde, 10% de faltantes representam mais de 12 mil de agendamentos desperdiçados. Segundo Fornari, considerando o número de consultas, é como se todas as unidades de saúde ficassem fechadas um mês. Cada UBS custa R$ 42 mil, são 31, portanto, o valor do prejuízo seria R$ 1,3 milhão.
Para Humberto Fornari, o poder público não pode aceitar passivamente que mais de 10% dos pacientes do SUS faltem às consultas. Por isso ele solicitou à parte financeira da prefeitura que, pelo menos, dois funcionários sejam cedidos para trabalhar na “busca ativa”.
A ideia é que os dois servidores trabalhem numa espécie de central telefônica. Eles deverão entrar em contato com os pacientes com 72 ou 48 horas de antecedência para confirmar a presença.
A busca ativa, como chama o secretário, já foi implantada no Tratamento Fora do Domicílio (TFD). São as pessoas que vão com o veículo da prefeitura para atendimento em Blumenau, Itajaí, Joinville e outros municípios.
De acordo com Fornari, a confirmação por telefone reduziu drasticamente o índice de faltantes no TFD. Assim que uma pessoa diz não vai mais, o médico regulador procura o próximo na fila.
Protocolo
Não existe padrão no agendamento de consultas nas 31 unidades de saúde de Brusque. Mas, segundo Fornari, isso deve mudar. Ainda neste ano a ideia é criar um protocolo único para toda a rede.
“Estamos instituindo o protocolo único de atendimento para o agendamento. Conservando o percentual de vagas para idosos, crianças, vulneráveis e gestantes. Temos que ter uma fila aberta para essas categorias, o que é o padrão”, diz o secretário de Saúde.