Família deve ficar atenta aos sintomas dos transtornos alimentares
Secretaria de Saúde avalia que hove um aumento de casos de bulimia, a anorexia, a obesidade e desnutrição
Secretaria de Saúde avalia que hove um aumento de casos de bulimia, a anorexia, a obesidade e desnutrição
Perda de apetite, excesso de exercício físico, isolamento, alterações de humor e agressividade podem ser sintomas de transtornos alimentares. Em Brusque, segundo a Secretaria de Saúde, não é possível traçar um perfil de pessoas que estão em acompanhamento, porém, a nível nacional, aproximadamente 90% dos casos são de mulheres jovens.
A coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (Caps II), Inaja Gonçalves de Araujo, diz que recentemente está havendo um aumento no número de transtornos em homens e em adultos de ambos os sexos. Esses transtornos atingem entre 1 e 4% da população e seguem crescendo significativamente nos últimos anos, conforme estudos epidemiológicos.
Segundo ela, os distúrbios alimentares podem afetar qualquer pessoa. “Ao contrário do que se pensa, um distúrbio alimentar não se baseia apenas em comida, pode passar despercebido por um longo período de tempo, e geralmente quando é reconhecido, quem sofre com a doença nega que tem problemas alimentares”.
Inaja diz que geralmente o transtorno alimentar coexiste com outras doenças como a depressão, o abuso de substâncias ou a ansiedade. Ela afirma que os distúrbios podem causar graves problemas físicos e pode até ser fatal. “O diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica adequada são fundamentais para o manejo clínico e o prognóstico destas condições”.
Sintomas e causas
Emagrecimento, cuidado excessivos com a alimentação, isolamento, alterações de humor e agressividade, excesso de exercício físico, vômitos e uso de laxantes, atitude muito crítica quanto à imagem e perda de apetite são os principais sintomas de transtornos alimentares.
As principais causas da doença, segundo a nutricionista da Secretaria de Saúde do município, Gerusa Cristina de Souza da Silva, assim como outros transtornos, envolve vários fatores. Segundo ela, os principais estão relacionados ao histórico de transtorno alimentar na família, histórico de transtornos de humor familiar (como depressão ou transtorno bipolar, transtornos de ansiedade e dependência química) e contexto sociocultural caracterizado pela extrema valorização do corpo magro.
A nutricionista ainda aponta disfunções no metabolismo, experiência sexual traumática, dietas feitas sem supervisão nutricional, transtornos psiquiátricos de membros da família de primeiro grau, além de alguns remédios, que podem alterar o padrão alimentar diminuindo ou eliminando a sensação de fome. “Nesse caso não se trata de um transtorno psicológico e sim de um efeito colateral conhecido como anorexia medicamentosa”, explica.
Em geral, Gerusa diz que não é possível precisar o valor exato do peso das pessoas que chegam para tratar da doença. Ela afirma que depende da altura e de quanto o paciente pesava antes de desenvolver o transtorno. “A pessoa perde muito peso em um intervalo de tempo pequeno, fazendo com que seu IMC [Índice de Massa Corporal] chegue a classificação “muito abaixo do peso”.
Tratamento deve ser médico, nutricional e psicológico
Na maioria dos casos diagnosticados pela Secretaria de Saúde, o paciente não procura ajuda sozinho. São familiares e amigos que percebem o distúrbio por meio da negação ao hábito de se alimentar e a perda de peso excessivo em um curto intervalo de tempo. “Elas podem chegar com uma desnutrição muito grave e também com deficiência de vitaminas e minerais no organismo devido a ingestão alimentar reduzida”, diz a nutricionista.
O tratamento mais eficaz para os transtornos alimentares deve ser feito de maneira multidisciplinar, com acompanhamento médico, nutricional e psicológico. Conforme a coordenadora do Caps II, assim se consegue alcançar um peso mais saudável, diminuir a influência dos fatores psicológicos que mantêm esse comportamento, medicar com psicotrópicos como antidepressivos e acompanhar a evolução dos sintomas, além de prevenir ou conter as possíveis patologias associadas.
Ela afirma que em casos graves, quando o peso corporal está a mais de 25% abaixo do mínimo ideal (por exemplo, abaixo de 45kg quando o ideal é 60 kg), pode ser necessária hospitalização. Em caso de obesidade mórbida poderá ser feita uma cirurgia bariátrica. “As psicoterapias mais recomendadas são a Terapia analítico-comportamental e Terapia cognitivo-comportamental, que oferecem 39% de desaparecimento de sintomas a curto prazo”, explica.
Inaja ainda diz que os remédios psiquiátricos, por outro lado, tem tido eficácia significantemente menor – 20% de desaparecimento de sintomas.
O sucesso do tratamento ocorre quando a pessoa mantém o peso adequado, corrige sequelas biológicas e psicológicas da desnutrição, cessa as práticas para a perda de peso e diminui ou elimina os distúrbios da imagem corporal. A coordenadora do Caps II afirma que o tempo para que isso ocorra vai depender da adesão ao tratamento do paciente com transtornos alimentares e do apoio que este receberá de familiares, amigos e dos profissionais envolvidos no caso.
Inaja ressalta também que a Secretária de Saúde recomenda que as pessoas tenham bons hábitos alimentares e que não se deixem afetar por padrões de beleza impostos pela sociedade. “É preciso incentivar a autoestima e a qualidade de vida, manutenção de bons relacionamentos pessoais. Esses são pontos importantíssimos para prevenir o aparecimento de transtornos alimentares”, conclui.
Transtorno alimentar
É qualquer alteração relacionada à alimentação de alguém. Esta alteração pode ser devida a fatores metabólicos ou psicológicos. As disfunções mais conhecidas são: a bulimia, a anorexia, a obesidade e a desnutrição.