Festival de capoeira em Brusque exalta a cultura africana

Evento contou com roda de capoeira, mestre de Salvador e boa participação das crianças

Festival de capoeira em Brusque exalta a cultura africana

Evento contou com roda de capoeira, mestre de Salvador e boa participação das crianças

A cultura africana foi exaltada em Brusque neste fim de semana. Com a presença de mais de 20 crianças e jovens, além de mestres e simpatizantes da capoeira, o primeiro Festival Catarinense Barro Negro teve como sede o pavilhão Maria Celina Vidotto Imhof. Já na sexta-feira, 16, o evento teve passagem em Itajaí com uma palestra na cidade vizinha.

Com o tempo chuvoso, a roda de capoeira programada para a manhã de sábado, 17, na Praça Barão de Schneeburg foi cancelada, mas o destino do festival foi ainda melhor. Durante a tarde, a modalidade que mistura esporte, artes marciais e cultura foi praticada na casa do Papai Noel e deu um brilho especial para o ambiente.

Embalados pelos sons do berimbau e da percussão, crianças, jovens e adultos fizeram apresentações para o público que passava e acompanhava, com admiração, as demonstrações de capoeira. Na sequência, foram realizados os batizados, para aqueles que estrearam esse ano no projeto brusquense e ganham suas primeiras cordas, que devem ser amarradas na cintura.

Já os mais experientes realizaram a troca de cordas. As cores das cordas, que representam elementos da natureza – ouro, sol, mar – variam de acordo com a graduação dos capoeiristas. A primeira é toda branca e a última, que caracteriza o mestre, é toda vermelha e representa o rubi.

Presença ilustre

Apesar de ser considerada brasileira, a capoeira surgiu na Angola. Contudo, foi em terras tupiniquins que a cultura difundiu, tomou corpo e foi institucionalizada. Em 2014, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) deu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade à roda de capoeira.

Foi em Salvador, na Bahia, principalmente no período escravocrata do século XVII, que a modalidade se desenvolveu. Presente no festival catarinense, o baiano Mestre Virgílio Negrão se encantou com o desenvolvimento da capoeira no Sul do País. Foi a primeira vez que o experiente capoeirista saiu do estado natal. “Fiquei feliz com a hospitalidade daqui, é outra cultura e outra formação de caráter, são pessoas muito meigas as quais eu parabenizo pelo trabalho e pelo carinho com a gente”.

Para Negrão, é importante que a prática da capoeira seja disseminada em todo o país. “É o único esporte genuinamente brasileiro, e que vem tomando uma força grande não apenas no Brasil como em todo o mundo”. O mestre concluiu comentando sobre o encanto de ver as crianças jogando a capoeira durante a apresentação. “Eu sempre me emociono, porque eu comecei na capoeira com 12 anos. Hoje tenho uma formação acadêmica, sou professor de educação física, graças ao esporte e à capoeira. Você pegar uma criança do nada, transformá-la, acompanhar o desenvolvimento, é lindo demais”, completa.

Futuro melhor para a capoeira

Responsável pelo projeto brusquense de capoeira há dois anos, o Mestre Urso se disse satisfeito com a realização do festival. No entanto, revelou que 2016 não foi dos melhores. “Tivemos dificuldade de apoio e também com a participação. Apesar de ser um projeto social, a crise também afetou os pais que não podiam mais trazer as crianças para a prática”, completa. Para o próximo ano, Urso é mais otimista. “Esperamos que seja um ano ímpar, positivo, que venham mais crianças para que a gente possa lotar esse projeto”.

O mestre, morador de Brusque, acompanhou o evento em Itajaí e ficou feliz em também fazer parte da organização do festival. “Teve uma grande participação e foi um sucesso, o mestre Negrão é muito admirado no meio da capoeira, portanto o curso que ele ministrou foi bem apreciado”, conclui.

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