Projeto de lei pode causar o fim da distribuição de sacolas plásticas em supermercados
Na visão das empresas de Brusque, mudança geraria grande impacto e resistência dos consumidores
Na visão das empresas de Brusque, mudança geraria grande impacto e resistência dos consumidores
Tramita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc) um projeto de lei que prevê o fim das sacolas plásticas no comércio catarinense. A medida, ainda em discussão, é vista com cautela pelos supermercados do estado, e em Brusque não é diferente.
O projeto de lei, de autoria do deputado Aldo Schneider (PMDB), prevê que os supermercados e demais comércios a abolirem o uso das sacolinhas dentro de três anos depois de a lei entrar em vigor. Hoje, a matéria será debatida em audiência pública promovida pelas comissões de Meio Ambiente e de Constituição e Justiça da Alesc. Este é um dos últimos passos para que o projeto de lei vá para votação em plenário.
Segundo a proposta de lei, os comércios terão de substituir as sacolinhas por outros modelos, de material reutilizável e menos prejudicial ao meio ambiente. Uma sacola de plástico normal leva mais de 400 anos para se decompor.
Neste tempo, a sacola ainda causa a poluição do meio ambiente e, se jogada pela rua, entope bueiros. O resultado disto é visto regularmente durante as enchentes em Brusque. Acabar com essa círculo vicioso é o principal argumento dos defensores da proposta.
José Francisco Merizi, um dos proprietário do supermercado O Barateiro, diz que retirar completamente as sacolinhas terá um impacto gigantesco nos clientes. “Acho muito complicado, para o mercado seria bom, mas para o nosso cliente é uma ‘pedreira’”.
Para Merizi, se for para acabar com as sacolas plásticas, o ideal seria colocar as reutilizáveis, mas cobrar por elas. Dessa forma, o uso abusivo e indiscriminado dos sacos plásticos seria evitado.
Fase de adaptação
Embora pensar em acabar com as sacolas, neste momento, pareça algo basante complicado, iniciativas em Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP) demonstram que é possível. O gerente comercial do Biestek, Ricardo Polastrini, veio de São Paulo e afirma que por lá são poucos os estabelecimentos que distribuem sacolas.
O uso de sacolas no Bistek é bastante grande, segundo o gerente, e deixar de distribuí-las causaria transtornos. Mas, para ele, se for feita a divulgação com antecedência e tudo for explicado ao consumidor, é possível.
O Bistek já disponibiliza caixas aos clientes para que não levem sacolas. Entretanto, aqueles que vão a pé ainda preferem as sacolas. “Vai impactar, mas, depois de um tempo, os clientes se acostumam”, diz o gerente.
Mudança é possível
O Otto Atacarejo é um exemplo de que a mudança de comportamento do cliente é possível. O estabelecimento dá apenas cinco sacolas gratuitamente. Se o consumidor quiser mais, tem de pagar R$ 0,05 por unidade.
Entretanto, segundo a gerente Camila Claumann, a maioria dos clientes prefere levar caixas de casa, ou então bolsas reutilizáveis. “Tenho certeza que vão se adaptar à lei”, diz.