Formadas por voluntários, brigadas de incêndio das empresas auxiliam trabalho dos Bombeiros de Brusque
Grupos são treinados para prestar o primeiro atendimento a emergências e fundamentais para evitar prejuízos
Grupos são treinados para prestar o primeiro atendimento a emergências e fundamentais para evitar prejuízos
Empresas com área superior a 750 m², consideradas de alta complexidade, são obrigadas por lei a terem brigada de incêndio constituída. As brigadas são grupos de pessoas treinadas e capacitadas para atuar na segurança contra incêndio e pânico dentro das empresas.
Esses grupos são formados por brigadistas voluntários e particulares, cujas finalidades são realizar atividades de combate a princípio de incêndio, primeiros socorros, implementação do plano de emergência das empresas, entre outros.
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O sargento Jean Carlos Sophiatti, do Corpo de Bombeiros de Brusque, destaca que as brigadas são consideradas medidas de segurança e devem ser formadas por profissionais credenciados junto ao corpo de bombeiros. “As brigadas eram uma exigência trabalhista e desde 2014 os bombeiros começaram a fiscalizar essa questão”, diz.
De acordo com ele, as brigadas são fundamentais nas empresas, principalmente de grande porte, e auxiliam o trabalho dos bombeiros. “É muito comum o bombeiro chegar e a brigada já resolveu o problema. Essas pessoas são treinadas e vão agir imediatamente, o fator resposta é muito rápido porque essas pessoas já estão dentro da empresa”, destaca.
Geralmente, as brigadas são compostas por funcionários que se voluntariam para integrar o grupo. Sophiatti ressalta que o ideal é que ela seja formada por funcionários que já estão há bastante tempo na empresa e que conhecem todo o processo produtivo e todas as áreas do prédio. “É importante ter também funcionários de diferentes setores e turnos”.
Mais de 60 anos
A Têxtil RenauxView é uma das empresas com brigada de incêndio mais antiga em Brusque. Estima-se que o grupo existe na empresa há, pelo menos, 60 anos. Atualmente, 10% dos funcionários da empresa são brigadistas, o que dá em torno de 55 a 60 profissionais, que são divididos nos três turnos de trabalho. “Temos 17 a 20 brigadistas por turno”, explica Cristiano do Nascimento, supervisor ambiental e de segurança do trabalho da empresa.
Todos os membros da brigada da RenauxView são voluntários. O grupo é aberto para aqueles que querem participar. A partir do momento que se voluntaria, o funcionário recebe treinamento para aprender como atuar em caso de incêndio ou outras emergências dentro da empresa.
“A brigada é fundamental. Nós aqui temos a particularidade de estar próximo do Corpo de Bombeiros, mas não podemos depender deles. Hoje é muito raro precisar acionar os bombeiros para combater princípio de incêndio aqui, porque conseguimos agir muito rápido”, destaca.
Nascimento ressalta que há funcionários que fazem parte da brigada da empresa há mais de 15 anos. Todos os meses, a empresa realiza treinamentos com os brigadistas, abordando um tema diferente, como forma de manter o grupo sempre atualizado.
Dentro da área de produção da empresa, há uma sala com os equipamentos da brigada. Todos os brigadistas utilizam uma camiseta vermelha no dia a dia, sinalizando que fazem parte do grupo. “Temos aqui na empresa os mesmos equipamentos usados pelos bombeiros, inclusive, sete cilindros de oxigênio. Também temos espalhados pela empresa diversos equipamentos que auxiliam no momento da emergência”, diz.
Jeremias Kohler, 33 anos, trabalha na RenauxView há 15 anos e é um dos brigadistas da empresa. Ele faz parte do grupo há 12 anos e já atuou em diversas situações.
“Decidi entrar para a brigada para agregar conhecimento, aprender e poder auxiliar não só na empresa, mas em alguma situação em casa ou na rua. Aqui nós damos o primeiro atendimento, não apenas em caso de incêndio, mas primeiros socorros. Acho o trabalho da brigada muito importante. É um conhecimento que levo para a vida”, destaca.
Investimento necessário
A HJ Tinturaria conta com brigada de incêndio desde 2010. Atualmente, há 48 brigadistas divididos nos três turnos da empresa, todos voluntários.
O técnico em segurança do trabalho Leandro José Galitzki explica que o treinamento inicial dos brigadistas é de 28 horas. Depois, todos os meses é realizado um curso de reciclagem de duas horas em todos os turnos.
“O treinamento não é só para incêndio. Também fazemos a parte de primeiros socorros. Como a empresa é uma tinturaria, tem algumas particularidades, como calor, máquinas perigosas, então precisamos estar preparados para tudo”.
Galitzki explica que foi instalado um sistema de alarme da empresa. Quando acontece alguma situação, o alarme dispara e os brigadistas são acionados. Na sala exclusiva da brigada, há um display que mostra em qual setor da empresa está o problema. “Assim é possível ir direto no local, sem perder tempo”.
O técnico de segurança do trabalho destaca que empresas do setor têxtil são propícias à incêndio, por isso, é preciso estar sempre preparado. “Já sabemos as máquinas com potencial maior de incêndio, por isso, fazemos um trabalho preventivo de manutenção, mas nem sempre é suficiente”.
O supervisor de manutenção da HJ Tinturaria, Davi Battisti Archer, lembra que mesmo com a manutenção em dia, podem acontecer problemas nas máquinas e aí o trabalho da brigada é fundamental.
“Recentemente tivemos problemas no nosso secador. É uma máquina nova, mas pegou fogo no chaminé. O fogo foi controlado aqui. Acionamos o botão da brigada e os operadores das máquinas já estão instruídos sobre como proceder. Neste período, nunca precisamos usar os hidrantes, sempre conseguimos combater com os extintores”.
A sala com os equipamentos da brigada está localizada no setor de produção da empresa. Lá, estão guardados todos os equipamentos necessários para emergências.
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“É um investimento fundamental para preservar o patrimônio da empresa e os funcionários. É um investimento que se paga rapidamente, porque diminui muito os riscos de prejuízo por acidentes. Além disso, facilita o trabalho dos bombeiros que fica livre para atender ocorrências mais sérias”, destaca Galitzki.
Auxílio à comunidade
As brigadas de incêndio são famosas em Brusque. Antes de existir o Corpo de Bombeiros no município, eram as brigadas das empresas centenárias – Renaux, Buettner e Schlösser – que atendiam a comunidade.
Entre muitas das ocorrências atendidas pelos voluntários das empresas têxteis, destaca-se o incêndio na famosa Casa do Rádio, em 5 de março de 1958. As chamas atingiram grandes proporções e destruíram a loja que vendia eletrodomésticos e bicicletas.
Na edição do dia 8 de março de 1958, O Município noticiou que os bombeiros da Schlösser atacaram as chamas pelos fundos dos prédios atingidos e os da Renaux pela frente, a partir da avenida Cônsul Carlos Renaux, evitando assim que o incêndio tomasse proporções ainda maiores.
Além de auxiliar a comunidade, as brigadas das fábricas centenárias realizaram por muitos anos uma competição anual, onde disputavam o título de melhor brigada da cidade. Na competição, os brigadistas disputavam provas de combate a incêndio com o objetivo de saber qual a equipe melhor treinada.